terça-feira, 24 de setembro de 2013
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
A Conversão de Saulo de Tarso
Nº 202
Sermão pregado na manhã de Domingo 27 de Junho de 1858,
Por Charles Haddon Spurgeon
No Music Hall, Royal Surrey Garden, Londres.
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“E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me falava, e em língua hebraica dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões.” Atos 26:14.
Quão maravilhosa é a condescendia que levou o Salvador a fixar os olhos em um ser desprezível como Saulo! Entronizado nos altos céus, em meio às melodias eternas dos remidos, e dos sonetos seráficos dos querubins e de todas as hostes angélicas, é estranho que o Salvador se inclinasse de Sua dignidade para falhar com um perseguidor. Ocupado como está, tanto de dia como de noite, em argumentar a causa de Sua própria igreja diante do trono de Seu Pai, unicamente a benignidade o levou, por assim dizer, a suspender Sua intercessão para falar pessoalmente com alguém que havia jurado ser Seu inimigo. E, que graça admirável moveu o coração do Salvador para buscar um homem como Saulo, que havia proferido ameaças contra Sua igreja!
Não havia ele homens e mulheres presos na prisão? Saulo não havia forçado os cristãos a blasfemarem o nome de Jesus em cada sinagoga? E agora o próprio Jesus intervém para que Saulo caia na razão! Ah, se tivesse sido uma faísca que vibrasse em sua pressa para alcançar o coração do homem, não nos surpreenderíamos. Oh se os lábios franzidos do Salvador tivessem pronunciado uma maldição, não nos assombraríamos. Por acaso Ele mesmo não havia amaldiçoado em vida o perseguidor? Não havia dito: “Qualquer que fizer tropeçar uns destes pequeninos que creem em mim, melhor seria que amarasse ao pescoço uma pedra de moinho, e que fosse lançado nas profundezas do mar”?
Mas agora o homem que foi amaldiçoado com essa linguagem, seria abençoado pelo mesmo que havia perseguido; e ainda que suas mãos estavam manchadas com sangue, e agora levava a permissão em suas mãos para encerrar os outros na prisão, e ainda que havia cuidado das roupas daqueles que apedrejaram Estevão, apesar de tudo isso, o Senhor, o Rei do céu, dignou-se de falar pessoalmente dos mais altos céus para levá-lo a sentir a necessidade de um Salvador, e para fazê-lo participante da fé preciosa.
Eu afirmo que está é uma maravilhosa condescendência e uma graça incomparável. Mas, amados, quando recordamos o caráter do Salvador, não deveríamos ficar surpresos que Ele fez isso, pois fez coisas maiores. Acaso Ele não abandonou os tronos estrelados do céu, e desceu a terra para sofrer, sangrar e morrer? Quando penso no casebre de Belém, no cruel jardim do Getsemani, e no mais vergonhoso Calvário, não me surpreende que o Salvador faça qualquer ato de graça ou condescendência. Havendo feito isto, o que poderia ser maior? Se Ele desceu do céu ao Hades, que maior condescendência poderia realizar? Se Seu próprio trono permaneceu vazio, se Ele despojou-se de Sua própria coroa, se Sua Deidade devia ser revelada pela carne, e os esplendores de Sua Deidade foram vestidos com os trapos da humanidade, o que nos surpreende, pergunto, que Ele tenha consentido em falar com Saulo de Tarso, para atrair seu coração a Ele?
Amados, alguns de nós não estamos surpresos tão pouco, pois ainda que não recebemos maior graça que o próprio Apóstolo, tão pouco temos recebido menor que graça que ele. O Salvador não falou conosco do céu com uma voz audível, mas falou com uma voz que nossa consciência escutou. Não estávamos sedentos de sangue, pode até ser, contra os Seus filhos, mas havíamos cometido pecados atrozes e sombrios.
Contudo, Ele nos deteve. Não se contentou em cortejar-nos, nem com ameaçar-nos, nem se contentou em enviar Seus ministros para que nos dessem Sua palavra de advertência sobre nossos deveres, mas Ele mesmo quis vir até nós. E vocês e eu, amados, que temos experimentado esta graça, podemos dizer que foi um amor incomparável o que salvou Paulo, mas não um amor único; pois Ele também nos salvou, e nos tem feito participantes da mesma graça.
Hoje tenho a intenção de dirigir-me especialmente aqueles que não têm temor do Senhor Jesus Cristo, mas que ao contrário, se opõem a Ele. Estou muito seguro que não há ninguém aqui que chegue ao ponto de desejar reviver a velha perseguição da igreja. Não creio que há algum inglês, independentemente de quanto possa odiar a religião, que deseje ver outra vez a fogueira de Smithfield, com sua pira consumindo os santos. Pode haver alguns que nos odeiam com igual intensidade, mas ainda assim, não daquela maneira; o sentido comum de nossa época se opõe a forca, a espada e o calabouço. Os filhos de Deus, pelo menos neste país, estão livres de qualquer perseguição política desse tipo; mas é altamente provável que haja algumas pessoas aqui presentes, que fazem todo o possível, e se esforçam ao máximo para provocar a ira do Senhor, opondo-se a Sua causa. Talvez vocês possam se reconhecer se eu descrever. Raras vezes veem a casa de Deus; de fato sentem desprezo por todas as reuniões dos justos; tem um conceito que todos os santos são uns hipócritas, que todos que professam a fé são falsos, e não se envergonham de falar isso. No entanto, tem uma esposa, e essa sua esposa sente-se impressionada pelas vozes do ministério; ela adora casa de Deus, e só Deus e seu coração sabem quanta dor e quanta agonia mental tem causado a ela. Quantas vezes têm zombado e feito piada com ela por causa de sua profissão de fé! Não podem negar que se tornou uma mulher melhor por sua fé; se veem obrigados a confessar que ainda que ela não possa acompanhá-los em todas as suas diversões e jogos, até onde é possível, é uma esposa amorosa e afetiva com eles. Se alguém pretendesse encontrar falhas, vocês defenderiam seu caráter com hombridade; mas odeiam sua religião e recentemente ameaçaram-na tranca-la em casa no dia de Domingo. Dizem que é impossível morarem juntos na mesma casa se ela visita a Casa de Deus. Eles também têm uma filha pequena; não se opuseram que a menina participasse da escola dominical, pois isso colocava ela fora de casa no dia de Domingo, para fumarem seu cachimbo; diziam que não queriam que seus filhos os molestassem, e portanto se alegravam de enviá-los para escola dominical; mas o coração dessa garotinha foi tocado, e não podem evitar comprovar que a religião de Cristo está em seu coração, e disso não gostam de modo algum. Amam a menina, mas dariam qualquer coisa para que essa menina não fosse o que é; fariam tudo para apagar qualquer faísca de religião nela.
Talvez posso descrevê-los com outro caso. Você é um patrão. Ocupa uma posição respeitável. Tem muitos homens sob seu cargo, e não pode suportar que algum deles faça uma profissão de religião. Outros patrões que você conhece têm dito a seus homens: “Faça como quiser, contanto que seja um bom servo, não me interessam suas convicções religiosas.” Mas, talvez, você seja o oposto; ainda que não mandasse embora alguém por causa de sua religião, de vez em quando faz de seu obreiro objeto de seu escárnio, e se descobre alguma pequena falha nele diz: “Ah! Isso é culpa da tua religião. Eu suponho que você aprendeu isso na Igreja”.E afliges a alma do pobre homem, enquanto ele se esforça o máximo possível para cumprir seus deveres para contigo.
Ou talvez você seja um jovem empregado de um armazém ou oficina, e um de seus colegas recentemente se entregou a religião, e se você o encontra orando de joelhos, como você se diverte com ele, não é certo? Você e outros amigos se juntam como uma matilha de cães atrás de uma pobre lebre, e sendo ele uma pessoa bem mais tímida, talvez não responda nada, o se fala, as lágrimas correm pelos seus olhos, porque feririam seu espírito.
Agora, este é exatamente o mesmo espírito que acendeu as brasas de antigamente. Que torturou o santo sobre a poste do tormento. Que picou seu corpo e o enviou errante, vestido com peles de ovelhas e com peles de cabras. Se não descrevi com precisão seu caráter ainda, poderia fazê-lo antes de haver concluído. Desejo dirigir-me em particular a aqueles que, de palavra ou de obra ou de qualquer outra maneira, perseguem os filhos de Deus; ou se não gostam de uma palavra tão dura como “perseguir”, então que se ria deles, que se lhes oponham, e que se esforcem para por fim a boa obra que está se desenvolvendo em seus corações.
Em nome de Cristo, em primeiro lugar, vou lhes fazer a pergunta: “Saulo, Saulo, por que você me persegues?” Em segundo lugar, em nome de Cristo, vou repreendê-los: “Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões;” e logo, se Deus abençoar o que é dito para comover os corações, pode ser que o Senhor lhes de algumas palavras de consolo, como fez com o apóstolo Paulo, quando lhe disse: “Mas levanta-te e põe-te sobre teus pés, porque te apareci por isto, para te pôr por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te aparecerei ainda.”
I. Então, em primeiro lugar, vamos considerar a PERGUNTA QUE JESUS CRISTO FEZ A PAULO DESDE O CÉU, tem sido feita para cada um de vocês hoje.
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FONTE: Projeto Spurgeon - Proclamando a CRISTO crucificado
Sermão pregado na manhã de Domingo 27 de Junho de 1858,
Por Charles Haddon Spurgeon
No Music Hall, Royal Surrey Garden, Londres.
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“E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me falava, e em língua hebraica dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões.” Atos 26:14.
Quão maravilhosa é a condescendia que levou o Salvador a fixar os olhos em um ser desprezível como Saulo! Entronizado nos altos céus, em meio às melodias eternas dos remidos, e dos sonetos seráficos dos querubins e de todas as hostes angélicas, é estranho que o Salvador se inclinasse de Sua dignidade para falhar com um perseguidor. Ocupado como está, tanto de dia como de noite, em argumentar a causa de Sua própria igreja diante do trono de Seu Pai, unicamente a benignidade o levou, por assim dizer, a suspender Sua intercessão para falar pessoalmente com alguém que havia jurado ser Seu inimigo. E, que graça admirável moveu o coração do Salvador para buscar um homem como Saulo, que havia proferido ameaças contra Sua igreja!
Não havia ele homens e mulheres presos na prisão? Saulo não havia forçado os cristãos a blasfemarem o nome de Jesus em cada sinagoga? E agora o próprio Jesus intervém para que Saulo caia na razão! Ah, se tivesse sido uma faísca que vibrasse em sua pressa para alcançar o coração do homem, não nos surpreenderíamos. Oh se os lábios franzidos do Salvador tivessem pronunciado uma maldição, não nos assombraríamos. Por acaso Ele mesmo não havia amaldiçoado em vida o perseguidor? Não havia dito: “Qualquer que fizer tropeçar uns destes pequeninos que creem em mim, melhor seria que amarasse ao pescoço uma pedra de moinho, e que fosse lançado nas profundezas do mar”?
Mas agora o homem que foi amaldiçoado com essa linguagem, seria abençoado pelo mesmo que havia perseguido; e ainda que suas mãos estavam manchadas com sangue, e agora levava a permissão em suas mãos para encerrar os outros na prisão, e ainda que havia cuidado das roupas daqueles que apedrejaram Estevão, apesar de tudo isso, o Senhor, o Rei do céu, dignou-se de falar pessoalmente dos mais altos céus para levá-lo a sentir a necessidade de um Salvador, e para fazê-lo participante da fé preciosa.
Eu afirmo que está é uma maravilhosa condescendência e uma graça incomparável. Mas, amados, quando recordamos o caráter do Salvador, não deveríamos ficar surpresos que Ele fez isso, pois fez coisas maiores. Acaso Ele não abandonou os tronos estrelados do céu, e desceu a terra para sofrer, sangrar e morrer? Quando penso no casebre de Belém, no cruel jardim do Getsemani, e no mais vergonhoso Calvário, não me surpreende que o Salvador faça qualquer ato de graça ou condescendência. Havendo feito isto, o que poderia ser maior? Se Ele desceu do céu ao Hades, que maior condescendência poderia realizar? Se Seu próprio trono permaneceu vazio, se Ele despojou-se de Sua própria coroa, se Sua Deidade devia ser revelada pela carne, e os esplendores de Sua Deidade foram vestidos com os trapos da humanidade, o que nos surpreende, pergunto, que Ele tenha consentido em falar com Saulo de Tarso, para atrair seu coração a Ele?
Amados, alguns de nós não estamos surpresos tão pouco, pois ainda que não recebemos maior graça que o próprio Apóstolo, tão pouco temos recebido menor que graça que ele. O Salvador não falou conosco do céu com uma voz audível, mas falou com uma voz que nossa consciência escutou. Não estávamos sedentos de sangue, pode até ser, contra os Seus filhos, mas havíamos cometido pecados atrozes e sombrios.
Contudo, Ele nos deteve. Não se contentou em cortejar-nos, nem com ameaçar-nos, nem se contentou em enviar Seus ministros para que nos dessem Sua palavra de advertência sobre nossos deveres, mas Ele mesmo quis vir até nós. E vocês e eu, amados, que temos experimentado esta graça, podemos dizer que foi um amor incomparável o que salvou Paulo, mas não um amor único; pois Ele também nos salvou, e nos tem feito participantes da mesma graça.
Hoje tenho a intenção de dirigir-me especialmente aqueles que não têm temor do Senhor Jesus Cristo, mas que ao contrário, se opõem a Ele. Estou muito seguro que não há ninguém aqui que chegue ao ponto de desejar reviver a velha perseguição da igreja. Não creio que há algum inglês, independentemente de quanto possa odiar a religião, que deseje ver outra vez a fogueira de Smithfield, com sua pira consumindo os santos. Pode haver alguns que nos odeiam com igual intensidade, mas ainda assim, não daquela maneira; o sentido comum de nossa época se opõe a forca, a espada e o calabouço. Os filhos de Deus, pelo menos neste país, estão livres de qualquer perseguição política desse tipo; mas é altamente provável que haja algumas pessoas aqui presentes, que fazem todo o possível, e se esforçam ao máximo para provocar a ira do Senhor, opondo-se a Sua causa. Talvez vocês possam se reconhecer se eu descrever. Raras vezes veem a casa de Deus; de fato sentem desprezo por todas as reuniões dos justos; tem um conceito que todos os santos são uns hipócritas, que todos que professam a fé são falsos, e não se envergonham de falar isso. No entanto, tem uma esposa, e essa sua esposa sente-se impressionada pelas vozes do ministério; ela adora casa de Deus, e só Deus e seu coração sabem quanta dor e quanta agonia mental tem causado a ela. Quantas vezes têm zombado e feito piada com ela por causa de sua profissão de fé! Não podem negar que se tornou uma mulher melhor por sua fé; se veem obrigados a confessar que ainda que ela não possa acompanhá-los em todas as suas diversões e jogos, até onde é possível, é uma esposa amorosa e afetiva com eles. Se alguém pretendesse encontrar falhas, vocês defenderiam seu caráter com hombridade; mas odeiam sua religião e recentemente ameaçaram-na tranca-la em casa no dia de Domingo. Dizem que é impossível morarem juntos na mesma casa se ela visita a Casa de Deus. Eles também têm uma filha pequena; não se opuseram que a menina participasse da escola dominical, pois isso colocava ela fora de casa no dia de Domingo, para fumarem seu cachimbo; diziam que não queriam que seus filhos os molestassem, e portanto se alegravam de enviá-los para escola dominical; mas o coração dessa garotinha foi tocado, e não podem evitar comprovar que a religião de Cristo está em seu coração, e disso não gostam de modo algum. Amam a menina, mas dariam qualquer coisa para que essa menina não fosse o que é; fariam tudo para apagar qualquer faísca de religião nela.
Talvez posso descrevê-los com outro caso. Você é um patrão. Ocupa uma posição respeitável. Tem muitos homens sob seu cargo, e não pode suportar que algum deles faça uma profissão de religião. Outros patrões que você conhece têm dito a seus homens: “Faça como quiser, contanto que seja um bom servo, não me interessam suas convicções religiosas.” Mas, talvez, você seja o oposto; ainda que não mandasse embora alguém por causa de sua religião, de vez em quando faz de seu obreiro objeto de seu escárnio, e se descobre alguma pequena falha nele diz: “Ah! Isso é culpa da tua religião. Eu suponho que você aprendeu isso na Igreja”.E afliges a alma do pobre homem, enquanto ele se esforça o máximo possível para cumprir seus deveres para contigo.
Ou talvez você seja um jovem empregado de um armazém ou oficina, e um de seus colegas recentemente se entregou a religião, e se você o encontra orando de joelhos, como você se diverte com ele, não é certo? Você e outros amigos se juntam como uma matilha de cães atrás de uma pobre lebre, e sendo ele uma pessoa bem mais tímida, talvez não responda nada, o se fala, as lágrimas correm pelos seus olhos, porque feririam seu espírito.
Agora, este é exatamente o mesmo espírito que acendeu as brasas de antigamente. Que torturou o santo sobre a poste do tormento. Que picou seu corpo e o enviou errante, vestido com peles de ovelhas e com peles de cabras. Se não descrevi com precisão seu caráter ainda, poderia fazê-lo antes de haver concluído. Desejo dirigir-me em particular a aqueles que, de palavra ou de obra ou de qualquer outra maneira, perseguem os filhos de Deus; ou se não gostam de uma palavra tão dura como “perseguir”, então que se ria deles, que se lhes oponham, e que se esforcem para por fim a boa obra que está se desenvolvendo em seus corações.
Em nome de Cristo, em primeiro lugar, vou lhes fazer a pergunta: “Saulo, Saulo, por que você me persegues?” Em segundo lugar, em nome de Cristo, vou repreendê-los: “Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões;” e logo, se Deus abençoar o que é dito para comover os corações, pode ser que o Senhor lhes de algumas palavras de consolo, como fez com o apóstolo Paulo, quando lhe disse: “Mas levanta-te e põe-te sobre teus pés, porque te apareci por isto, para te pôr por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te aparecerei ainda.”
I. Então, em primeiro lugar, vamos considerar a PERGUNTA QUE JESUS CRISTO FEZ A PAULO DESDE O CÉU, tem sido feita para cada um de vocês hoje.
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FONTE: Projeto Spurgeon - Proclamando a CRISTO crucificado
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
Caminhoneiros são Importantes para Deus? - Paul Rude
A entrevista que passava no rádio do meu
carro era bastante padrão. O apresentador de um programa cristão estava
entrevistando um astro da música cristã muito popular — algo que não me
interessava muito enquanto eu dirigia pela rodovia. Mas então a
discussão entrou no tópico de servir ao Senhor no ministério. O músico
contou a todos os ouvintes como seu irmão havia sido um caminhoneiro,
mas abandonou o trabalho para servir ao Senhor como pastor assistente.
Isso atraiu uma calorosa afirmação do apresentador, que estava na
verdade rindo da comparativa insignificância de ser caminhoneiro. O
astro musical então contou suas palavras congratulatórias a seu irmão:
“Eu sempre soube que havia mais em você do que ser um caminhoneiro.”
Há 3.2 milhões de caminhoneiros nos Estados Unidos.
Eu desliguei a entrevista e dirigi silenciosamente pela rodovia, imaginando: O
que estão sentindo agora os caminhoneiros que ouviram isso? Um
superastro cristão acaba de sugerir que 3.2 milhões de caminhoneiros são
menos significantes do que pastores assistentes.
Uma massiva questão agora paira no ar —
uma questão com profundas implicações para a significância de sua vida e
vocação: Os caminhoneiros — os mesmos caminhoneiros que transportam
nossa comida, nossas roupas, nossos materiais de construção, e nossos
sistemas de som da igreja — menos significantes para Deus?
Definitivamente, a única medida real de
significância é o quanto algo ou alguém é valorizado por Deus. Mas
muitas pessoas por engano creem que Deus só valoriza trabalho
ministerial, porque lida com almas eternas. Em suas mentes, o ministério
é o único trabalho que conta para a eternidade. Assumem que Deus
atribui pouco valor no trabalho que lida com coisas temporais do
dia-a-dia, se é que atribui algum valor. A posição implícita de nossas
vocações é óbvia. Além disso, quando alguém que sustenta essa posição
não tem cuidado com as palavras, soa como se estivesse aplicando aquela
mesma posição ao valor individual de cada pessoa para Deus. Nosso
superastro provavelmente não quis sugerir que caminhoneiros sejam menos
significantes para Deus, mas foi isso que muitos de nós ouvimos.
Chamado Superior?
Eu já ouvi centenas de testemunhos
similares em seminários, conferências e igrejas por todo o continente.
Você provavelmente também já ouviu. Missionários, pastores, e membros de
equipes de salvamento elevam-se e nos contam sobre o salto de quase
toda profissão imaginável. Eles responderam ao “chamado superior” do
ministério de tempo integral. Eles abandonam seus empregos no mercado
para fazer algo significativo — algo “para o Senhor.” Enquanto isso,
todo o resto do mundo, a mão de obra remanescente, olha para o alto a
partir de um banco de igreja e ouve as histórias — histórias
frequentemente ornamentada com o desprezo ao antigo trabalho “sem
sentido” do orador.
Os públicos às vezes afirmarão a decisão
do orador de saltar “do sucesso ao significado” oferecendo um “Amém!”
ou “Aleluia!” Eles podem até mesmo dar ao orador uma salva de palmas.
Mas o que o caminhoneiro — aquele sentado em silêncio nove bancos atrás,
o terceiro da esquerda — está sentindo naquele momento? E o piedoso
contador, o engenheiro, o vendedor de varejo, o gerente bancário, e
todas as outras pessoas que levantarão cedo na manhã seguinte se
dedicarão a trabalhos iguaizinhos ao que o orador renunciou — o que
todos eles devem sentir naquele momento?
Eles me contaram. Eu ouvi sua frustração,
suas histórias não reconhecidas, e às vezes seu desespero. Sabe, eu já
fui aquele orador — aquele em pé no palco recebendo os aplausos. Eu sou
um ex-diretor financeiro que se tornou um missionário e então de alguma
maneira acabou fazendo palestras públicas também. Sempre que eu falo, eu
fico mais um tempo depois e converso com indivíduos da plateia sobre
suas questões e preocupações específicas. Como resultado, eu tive
incontáveis conversas com pessoas buscando uma resposta para a questão
do significado. Eles sentam naqueles bancos e imaginam: Eu perdi meu
chamado na vida? O trabalho da minha vida é insignificante para Deus? O
ministério é a única maneira de impactar a eternidade? Às vezes eles olham para baixo em resignação e culpa — culpa vocacional. Mas essa culpa é uma mentira.
A Belíssima Verdade
A verdade é belíssima. A verdade é que o
trabalho comum, diário, terreno da vida cristã possui um significado de
tirar o fôlego outorgado pelo toque da magnífica glória de Deus. Deus
tira a ardente eternidade fundida da forja de sua soberania. Depois,
como um mestre a seu aprendiz, ele confia o martelo às nossas mãos
(Eclesiastes 9:10; Colossenses 3:17, 23; 1 Coríntios 10:31; 2
Tessalonicenses 3:6-12). Ele diz: “Bata! Bata bem aqui. Este é o seu
lugar. É aqui que eu quero que você influencie a eternidade. Viva a vida
que eu lhe dei para viver.” E então, em balbuciante reverência, nós
tomamos o martelo. Nós vivemos nossas vidas — nossas comuns, diárias e
árduas vidas. O martelo cai. Faíscas voam. A eternidade dobra, e o
Mestre está satisfeito (Mateus 25:21).
Deus, o Criador do universo, destina
nossas vidas diárias para fazer uma diferença? Isso aí. Filtros de
combustível, declarações de imposto de renda, roupa suja, e churrasco
gaúcho são importantes para ele? É isso aí (especialmente churrasco
gaúcho). Uma vida como um engenheiro, um florista, ou um corretor de
imóveis guiados pelo evangelho pode ser tão significante para Deus
quanto a vida de um pastor, um missionário ou um salva-vidas
humanitário? Com certeza.
Há algo massivo acontecendo aqui — a
épica história cósmica de Deus — e nós estamos bem no meio dela. Ele
sabe o seu nome e o meu. Ele deu a cada um de nós uma vida para viver —
uma vida comum e diária — um lugar particular para que nós moldemos a
eternidade (Filipenses 1:27; Colossenses 1:10; 1 Tessalonicenses 2:12;
4:11; 2 Tessalonicenses 3:6-12).
Você e eu olhamos para nossas vidas
ordinárias e pensamos: “Sério? Isso deveria ser épico?” Mas o Mestre se
agrada dela. Ele forja sua obra prima com ela. E quando virmos o que ele
fez com ela, ficaremos surpresos (1 Coríntios 2:9). Vai emocionar as
almas dos homens, deslumbrar os anjos, agradar o coração de Deus, e
glorificar seu nome. Para sempre.
Este excerto foi adaptado do novo livro de Paul Rude Significant Work: Discover the Extraordinary Worth of What You Do Every Day (Trabalho Significativo: Descubra o Valor Extraordinário do que Você Faz Diariamente) (Everyday Significance, 2013).
Paul Rude é consultor ministerial, palestrante, e fundador da Everyday Significance,
uma organização dedicada a ajudar as pessoas a conectar a fé
cristocêntrica ao dia-a-dia. Antes de fundar a Everyday Significance,
Paul passou oito anos trabalhando em missões como líder de ministério.
Antes disso, ele passou uma década na adrenalina no mercado corporativo
da Fortune 500 — e adorava. Quando ele não está palestrando ou
consultando, você pode encontrá-lo passeando de jangada ou escalando
montanhas. Paul vive na região rural do Alaska com sua esposa e seus
cinco filhos.
Por: Paul Rude. Copyright © 2013 The Gospel Coalition, Inc. Todos os direitos reservados. Original: http://thegospelcoalition.org/blogs/tgc/2013/01/15/do-truck-drivers-matter-to-god/
FONTE: Voltmos ao Evangelho
domingo, 27 de janeiro de 2013
Soberania e Salvação (sermão inédito de C.H.Spurgeon)
nº 60
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FONTE: Projeto Spurgeon - Proclamando a Cristo Crucificado
Um sermão pregado na manhã do Domingo, 6 de Janeiro, 1856
por Charles Haddon Spurgeon
Na Capela de New Park Street, Southwark, Londres.
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“Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra, porque eu sou Deus, e não há outro.” Isaías 45:22.
Há seis anos atrás, quase nesta mesma
hora do dia, me encontrava “em fel de amargura e em laços de
iniquidade.” Contudo, pela graça divina, já tinha sido conduzido a
sentir a amargura dessa servidão, e a clamar em razão da maldade dessa
escravidão. Buscando o descanso sem encontrá-lo, entrei na casa de Deus e
me sentei ali, temendo que, se levantasse o olhar, poderia ser cortado e
consumido completamente por Sua severa ira. O ministro subiu ao púlpito
e, da mesma forma como acabo de fazer, leu este texto: “Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra, porque eu sou Deus, e não há outro.” Eu olhei no mesmo instante e a graça da fé me foi outorgada ali; e agora creio que posso afirmar verdadeiramente:
“Desde que pela fé vi a torrente,
Que é alimentada por Suas feridas sangrentas,
O amor redentor foi meu tema,
E assim será até que morra.”
Que é alimentada por Suas feridas sangrentas,
O amor redentor foi meu tema,
E assim será até que morra.”
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FONTE: Projeto Spurgeon - Proclamando a Cristo Crucificado
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Davi Charles Gomes - Qual a diferença entre a punição e a disciplina divinas ?
A quem é que Deus pune, e a quem é que Ele disciplina? Qual a diferença
entre a punição e a disciplina? No vídeo abaixo (2 min.), Davi Charles
Gomes resume rapidamente a diferença dos dois.
Disciplinados, sim; amaldiçoados, não!
Disciplinados, sim; amaldiçoados, não!
A diferença explicada no vídeo é crucial, principalmente tendo em vista a ideia, dissiminada pela
horrível teologia da prosperidade, de que um crente pode ser
amaldiçoado. Não há sequer um vversículo que afirme isso, mas somos
lembrados que, em Cristo, somos plenamente aceitos por Deus e que somos
abençoados, pois Cristo tomou a nossa maldição:
De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão. Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las. E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé. Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá. Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro) (Gl 3:9-13)
Sendo assim, quando estamos passando por
alguma dificuldade ou provação, não estamos sendo amaldiçoados por
Deus. Deus nunca estará contra nós se estamos em Cristo. Pode ser
que Deus esteja nos disciplinando por algum pecado em nossa vida,
conforme nos ensina Hebreus 12. Pode ser que a tribulação tenha outro
motivo. Mas em toda situação da vida, “sabemos que todas as coisas
cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados
segundo o seu propósito” (Rm 8:28).
Por Davi Charles Gomes. © IPP. Website: ippaulistana.org
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
Leia a Bíblia Inteira em 2013
Olá leitores do VE. Como foi sua vida espiritual em 2012? Mais especificamente, como foi sua leitura bíblia em 2012?
Fizemos uma pesquisa algum tempo atrás com vocês e as respostas foram as seguintes:
Você já leu a Bíblia inteira?
- Sim (48%)
- Não (51%)
Você lê a Bíblia diariamente?
- Sim (73%)
- Não (26%)
Aparentemente, metade de vocês jamais
leu a Bíblia inteira (e isso é ruim), apesar de 3 a cada 4 leitores
afirmarem ler a Bíblia diariamente. De qualquer forma, queremos ajudá-lo
a ler a Bíblia inteira em 2013.
Leia corretamente
Tratamos anteriormente sobre as formas erradas de se ler a Bíblia. Uma delas, talvez a mais comum, é a A Abordagem Mina de Ouro:
ler a Bíblia como uma mina vasta, cavernosa e sombria, onde
ocasionalmente tropeça-se em uma pedra de inspiração. Resultado: leitura
confusa. Ler a Bíblia assim provavelmente o levará ao desânimo quando
chegar em Levíticos ou Números, por exemplo. Mas lembre-se: a Bíblia não é chata; avatar é chato!
Outra abordagem comum é A Abordagem Heróica: ler a Bíblia como um hall da
fama moral que dá um exemplo após outro de gigantes espirituais que
devem ser imitados. Resultado: leitura desesperadora. Se você lê a
passagem que Davi mata Golias e tudo o que você medita sobre isso é como
você irá vencer os gigantes de sua vida, você precisa parar de ler a
Bíblia (especialmente o Antigo Testamento) de forma biográfica moralista.
Além dos artigos linkados acima, aconselhamos a leitura do artigo de Paul Washer: Como Interpretar a Bíblia
Qual tradução usar?
Se você está preocupado com qual tradução usar, confira a resposta de Augustus Nicodemus.
Minhas sugestão pessoal é: comece com a ARA (Almeida Revista e
Atualizada) e a cada ano leia em uma tradução diferente (lembrando que
tem Bíblias que são paráfrases e não traduções).
Preparação para a leitura
Duas rápidas dicas: (1) planeje seu horário de devocional e, através da repetição, transforme isso em um bom hábito. Lembre-se: o diabo vence nossa devocional antes mesmo de acontecerem por não planejarmos; (2) Ore o IDDS
antes de ler (não se esqueça que compreender corretamente as Escrituras
é uma obra sobrenatural do Espírito Santo, então você precisa tanto se
esforçar para entender corretamente o texto como orar):
- Inclina-me o coração aos teus testemunhos (Salmos 119:36)
- Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei. (Salmos 119:18)
- Dispõe-me o coração para só temer o teu nome. (Salmos 86:11)
- Sacia-nos de manhã com a tua benignidade, para que cantemos de júbilo e nos alegremos todos os nossos dias. (Salmos 90:14)
Cronogramas de Leitura
Chegamos nos finalmentes. Aumentamos mais um Plano de Leitura Bíblica a nossa coleção.
Plano de Leitura Bíblica Convencional.
Leitura sequencial de um trecho do Antigo Testamento e um do Novo, mais
salmos ou provérbios. Este plano lê o Novo Testamento, os Salmos e os
Provérbios duas vezes.
Plano de Leitura Bíblica Espaçado. Este plano foi elaborado por Discipleship Journal
da Navpress. A leitura é de livros inteiros da bíblia, intercalando
entre o VT e NT, mais um livro poético ou Isaías. O grande destaque do
plano é que ele tem somente 25 dias no mês, de forma que sempre sobra
tempo para colocar a leitura em dia quando há algum atraso (o que ocorre
frequentemente com a maioria das pessoas). Perder o compasso é muito
frustrante e o plano leva isso em consideração.
Plano de Leitura Bíblica Diversificado. Disponível na ESV Studt Bible,
este plano possui uma leitura diária de quatro agrupados literários
diferentes da Bíblia: (1) Salmos e Literatura de Sabedoria, (2)
Pentateuco e História de Israel, (3) Crônicas e Profetas e (4)
Evangelhos e Epístolas.
Leia mais: Voltemos ao Evangelho
Fonte: VE
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
É nóis, mano! O "evangelho" do Corinthians
Digão
Pois é. No fim das contas, o Corinthians não apenas ganhou a Taça Libertadores, mas também o Mundial Interclubes, no Japão. É a coroação de um trabalho desenvolvido ao longo de um bom tempo, com dedicação, esforço pessoal e até mesmo toques de sorte.
Não sou corintiano, mas
fico feliz ao ver a vitória deste time. Esta vitória me fez refletir sobre
nossa trajetória de vida e aquilo que muitos apregoam irresponsavelmente por aí.
O Corinthians hoje tem a
merecida posição de campeão mundial. Mas já caiu, num passado recente, à Segunda
Divisão. Hoje todos celebram o técnico Tite, e até mesmo brincam com sua
empolação, sua busca pela “jogabilidade”, buscando o “equilíbrio”. Mas me
lembro de Tite de modo diferente. Lembro-me dele afundando o meu glorioso Galo,
levando-o à Segundona. Lembro-me de sua cabeça dura (agora é “foco”) em não
querer trocar as escalações. Obviamente ele não foi o único culpado por aquele
desastre de proporções faraônicas, mas ficou esta marca.
O que quero dizer com
isso? Quero dizer que essa novilíngua “invangélica” nada tem de ligação com o
Evangelho. Prometer o céu aqui na terra, esquecendo-se das pedras e espinhos, é
ilusão, e não a mensagem do Crucificado. Quem apregoa tal coisa é um enganador;
quem a isto aceita, um irresponsável. Esse negócio de ser campeão e vencedor
sempre não dá certo. Todo campeão tem dia de perna-de-pau.
Muitos dizem: “ah, mas
somos filhos do Rei”. Ok, mas o Reino não é deste mundo, segundo aquele
livrinho antigo e há muito esquecido; portanto, os parâmetros que uso para
quantificar e qualificar o Reino não podem nunca ser os mesmos dos reinos
daqui. Um membro da realeza britânica, por exemplo, vive nababescamente,
somente recebendo as benesses do Estado; um membro do Reino deve viver sua vida
para ser bênção, doando-se ao próximo.
Na vida do cristão, os
sofrimentos e as dores são inescapáveis. O que fará a diferença é o que faremos
com eles. Podemos negar a dor, ressuscitando a ideia da realidade como ilusão
das religiões orientais (o que não seria novidade, uma vez que já ouvi certo
cantor dizendo que queria se “diluir” em Deus, ensino estranho à Bíblia mas
comum ao nirvana budista); podemos nos sentar na beira da calçada e, como emos
gospelinos, chorar a impotência de Deus; ou podemos seguir em frente, pedindo
misericórdia a Deus, sabendo que, se for de Sua vontade, Ele nos dará vitória;
caso contrário, apenas Sua presença nos basta.
Na verdade, este
triunfalismo que vemos por aí é a pura e simples negação do Evangelho, que nos
relata que ganhamos a Vida através da morte do Doador da Vida. Tal
triunfalismo, cheio de elementos nocivos (as teologias da prosperidade e do
domínio são as mais evidentes) tem feito surgir uma geração de gente cheia de
vida vazia, alienada, desconectada da realidade e do Deus que dizem adorar.
Gente que pensa ser o umbigo o centro do universo; gente que quer “curtir a
vida”, ignorando a segunda milha, o amor ao próximo, a graça e a cruz; gente
que, por não ter o costume de ser moldada pela oração, se torna simplesmente
uma turba religiosa, cheia de veneno e fel.
A vitória do Corinthians é
uma valiosa lição aos cristãos, mesmo aqueles que não torcem pelo time. O
sucesso de Tite é a demonstração de alguém que fracassou no comando de um time
e se reergueu logo à frente. Quem venceu foi o “casca grossa” Emerson Sheik, e
não os medalhões Felipão, Vanderlei Luxemburgo ou o midiático Neymar. O time
paulista venceu, mas também muitas vezes perdeu. Assim é a vida. E assim é
também com o seguidor do Crucificado. Afinal de contas, o triunfalismo é brotado
das entranhas de Baal, mas do coração do Senhor vem a misericórdia.
Digão não joga futebol com medo de ser confundido com a bola, mas é do timão do Genizah
domingo, 16 de dezembro de 2012
[PVE] Um Cristão Pode Comemorar o Natal ?
Todo ano é a mesma coisa: “Um cristão pode celebrar o Natal? Natal é uma festa pagã?” Parece que toda fez que chega dezembro “está aberta a temporada de caça aos evangélicos que celebram o Natal”.
Antes de começarmos, vamos ao básico: eu amo Jesus, você ama Jesus –
somos irmãos em Cristo. Espero que lembrá-lo desta gloriosa verdade
acalme seus ânimos (e faça você desativar o botão CAPS LOCK).
Além disso, é bom lembrar que quando
falo em comemorar o Natal estou falando sobre comemorar o Nascimento de
Cristo e não comemorar a vinda do legalista Noel (o vídeo de segunda
será sobre isso – muito bom). E, sim, concordamos que Cristo
provavelmente não nasceu no dia 25 de Dezembro, porque era inverno na
região e os pastores não estariam com suas ovelhas ao ar livre.
Argumentos
Enfim, muito se tem falado contra o
Natal. Os principais argumentos são (1) origens pagãs, (2) a influência
mercadológica nos dias de hoje e (3) uma suposta violação do princípio
regulador do culto. Apesar de haverem pontos válidos, no VE não cremos que haja qualquer impedimento bíblico para cristãos comemorarem o nascimento de Cristo.
(1) Origens pagãs
Este argumento afirma que por o Natal ter origens pagãs não devemos celebrá-lo. Sobre isso, John Piper escreve:
Eu compreendo aqueles que querem ser rigorosamente e distintamente Cristãos. Que querem ser libertos do mundo e qualquer raiz pagã que possa repousar sob nossa celebração do Natal, mas não me posiciono da mesma maneira nesta questão porque penso que chega um ponto onde as raízes já estão distantes de tal forma que o significado presente não carrega mais nenhuma conotação pagã. Fico mais preocupado com um novo paganismo que se sobreponha a feriados cristãos.Eis um exemplo que eu uso: Todo idioma tem raízes em algum lugar. A maioria dos nossos dias da semana [em inglês] —se não todos— saíram de nomes pagãos também. Então deveríamos parar de usar a palavra “Sunday” (domingo) porque ela pode ter estado relacionada à adoração ao sol em um tempo distante? No inglês moderno, “Sunday” (domingo) não carrega aquela conotação, e é a própria natureza do idioma. De certa forma, os feriados são como a linguagem cronológica.
Frank Brito postou recentemente algo
sobre o assunto, mostrando que até os objetos de culto a Deus no Antigo
Testamento foram inventados por uma pessoa pagã:
Isso é verdade. Mas, muitas práticas e costumes pagãos se desenvolveram em torno de tudo, não só do Natal. [...] O pagão Jubal inventou a harpa e o órgão, mas isso não impediu estes instrumentos de serem usados no culto à Deus (Sl 105.4). Não há nada que possamos imaginar de bom no mundo que não haverá alguém usando desta liberdade para dar ocasião à carne (Gl 5.13). Se há paganismo em torno do Natal, tudo o que um cristão precisa fazer é evitá-lo.
Ou seja, não é porque algo começou com
um pagão que não podemos usá-lo. Mesmo assim, cabe lembrar que estamos
celebrando o nascimento de Cristo e isso, certamente, não tem nada de
pagão.
O que nos leva a objeção: mas o problema é o dia 25 de dezembro. Quanto a data provavelmente bater com o dia da festa pagã Saturnália,
sendo isso verdade ou não, vamos deixar de ser hipócritas, pois nossos
jovens todo carnaval saem em acampamentos. Ou seja, fizemos exatamente o
que os cristãos dos primeiros séculos fizeram: substituímos uma
festividade pagã por uma festividade cristã. Outro exemplo seria o culto
de virada de ano. E não achamos todos que é algo sadio e sábio tirar os
cristãos da festividade do mundo lhes oferecendo uma festividade
cristã?
Outra questão é a árvore de Natal e toda
a decoração. Não há nada na Bíblia que lhe impeça. “Mas isso não é uma
decoração pagã e idólatra? Hoje em dia, não, pois até hoje nunca vi
ninguém chegar na casa de alguém, ver a árvore de Natal e perguntar:
“você também idolatra essa árvore e adora os deuses nórdicos?” A questão
é: por que você quer adicionar esses elementos? O que eles simbolizam
para você? Lembre-se: nosso alvo é celebrar a Cristo – se isso
atrapalha, remova.
(2) Influência mercadológica nos dias de hoje
Certamente a indústria e o comércio
aproveitaram (e moldaram) a ocasião, mas eles não fizeram isso só com o
Natal. Fizeram como o dia dos pais, das mães, das crianças e a lista
continua. Isso torna a comemoração do dia das mães algo proibido para o
cristão? Obviamente que não.
Apesar do consumismo ser errado, o outro
extremo também o é. Não há nada intrinsecamente errado em presentar
alguém no Natal, desde que isso não substitua o foco do precioso
presente que o Pai nos deu. Aliás, pense sobre esta ótica: “eu gostaria
de presenteá-lo com este pequena lembrança para recordá-lo do
maravilhoso Presente que Deus nos deu”.
(3) Suposta violação do princípio regulador do culto.
Este argumento afirma que como a Bíblia
não ordena a celebração do Natal, então não devemos/podemos celebrá-lo.
John MacArthur atesta que Romanos 14 garante a liberdade cristã no
assunto:
As Escrituras não ordenam especificamente que os crentes celebrem o Natal — não há “Dias Sagrados” prescritos que a igreja deva celebrar. De fato, o Natal não era observado como uma festividade até muito após o período bíblico. Não foi antes de meados do século V que o Natal recebeu algum reconhecimento oficial.Nós cremos que o celebrar o Natal não é uma questão de certo ou errado, visto que Romanos 14:5-6 nos fornece a liberdade para decidir se observaremos ou não dias especiais:Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente convicto em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. E quem come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus (Romanos 14: 5-6).De acordo com esses versos, um cristão pode, legitimamente, separar qualquer dia — incluindo o Natal — como um dia para o Senhor. Cremos que o Natal proporciona aos crentes uma grande oportunidade para exaltar Jesus Cristo.
Nós vemos uma ilustração dessa liberdade
inclusive no Antigo Testamento com a celebração do Purim, uma festa não
ordenada por Deus que celebrava a libertação do podo judeu que se deu
no livro de Ester, celebrada inclusive nos tempos de Cristo (leia sobre
isso aqui).
Na história da igreja, duas confissões atestam a liberdade cristã de celebrar o Natal:
A SEGUNDA CONFISSÃO HELVÉTICAAs festas de Cristo e dos santos. Ademais, se na liberdade cristã, as igrejas celebram de modo religioso a lembrança do nascimento do Senhor, a circuncisão, a paixão, a ressurreição e sua ascensão ao céu, bem como o envio do Espírito Santo sobre os discípulos, damos-lhes plena aprovação.SÍNODO DE DORT“Além do Domingo, as congregações também observarão o Natal, a Páscoa e o Pentecostes”.
Eu tenho que comemorar o Natal?
Não. Eu tenho a liberdade para comemorar
o Natal? Sim. Aliás, você tem a oportunidade de redimir o conceito
moderno secularizado do Natal, usando a oportunidade para testemunhar
sobre Cristo. Já escrevemos sobre isso em Redimindo o Natal.
Liberdade Cristã
Por fim, quero retomar o texto de Romanos 14:
Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões. Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legumes; quem come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu. Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster. Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente. Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come para o Senhor não come e dá graças a Deus. Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. (Rm 14:1-7)
Aparentemente, havia um grupo de pessoas
que se sentia constrangido a não comer carne e/ou guardar alguns dias
por serem mais especiais e outro grupo que entendia que eles tinham a
liberdade para comer carne ou não, guardar um dia ou não. De forma
similar, hoje, há um grupo que se sente constrangido a não guardar um
dia (Natal) e um grupo que afirma ter liberdade de celebrá-lo ou não.
Qual é a resposta de Paulo para o problema:
(1) Não julgue
“Quem és tu que julgas o servo
alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé,
porque o Senhor é poderoso para o suster.”
Se você entende que é errado comemorar o
Natal, simplesmente não comemore. Contudo, no momento que você afirma
que quem comemora o Natal é um idólatra você está cometendo um julgando
proibido pela Bíblia.
(2) Não despreze
“quem come não despreze o que não come”
Se você afirma pomposamente sua
liberdade para celebrar o Natal e despreza quem é, segundo você,
“bitolado”, você está caindo no pecado do desprezo pelo próximo.
(3) Ambos fazem para o Senhor
“Quem distingue entre dia e dia para
o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a
Deus; e quem não come para o Senhor não come e dá graças a Deus.”
Isso talvez seja o mais difícil de
entender porque vai direto contra o nosso orgulho de afirmar “a minha
forma é a forma correta de agradar a Deus”. Paulo afirma que em assuntos
de liberdade cristã (no caso, alimentação e guarda de dias especiais),
nosso alvo deve ser glorificar a Cristo. Tanto aqueles que celebram
legitimamente o Natal, quanto aqueles que não, agem desta forma porque
amam a Cristo e desejam honrá-lo. Você consegue entender isso? Entender
que aqueles que celebram o Natal fazem isso porque amam a Cristo e não
porque estão se desviando da fé?
(4) Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente.
Paulo, ao afirmar que devemos amar o
irmão com o qual discordamos, não diz que devemos ter aquele tipo de
amor moderno que diz “tanto faz o que você crê”. Não! O que você crê é
fundamental, pois o que não procede de fé é pecado (cf. Rm 14.23).
Então, “nas coisas essenciais, unidade; nas não-essenciais, liberdade;
em todas elas, amor” – o amor que busca a verdade.
Para que você firme sua opinião em amor, segue uma lista de artigos a favor e contra a celebração:
Argumentos a favor a celebração do Natal- Augustus Nicodemus – Não Sou Totalmente contra o Natal
- Frank Brito - Celebrando um Natal Reformado
- Frank Brito - É Pecado Comemorar o Natal?
- Josaías C. Ribeiro Jr. – Discutindo o Natal (Novamente)
- John MacArthur – Os Cristãos Devem Celebrar o Natal?
- John Piper — Os Cristãos Deveriam Celebrar o Natal?
- R.C. Sproul – A celebração do Natal é um ritual pagão?
- Renato Vargem - Está aberta a temporada de caça aos evangélicos que celebram o Natal
- Solano Portela – Calvino Contra o Natal?
- Solano Portela – Porque Celebramos o Natal
- Arthur W. Pink – Natal
- Brian Schwertley – O Natal
- G. I. Williamson – O Natal é Escriturístico?
- Stephen D. Doe – A Observância do Natal (posição mediana)
- Matthew J. Slick – Natal – Os Cristãos Podem Celebrá-lo?
- O Natal é a verdadeira festa cristã?
Você
tem toda liberdade de discordar e deixar um comentário com seus
argumentos. Mas você NÃO tem liberdade de violar Romanos 14: julgar,
desprezar e não amar. Então, medite bem antes de escrever.
Lembre-se do aviso do nosso Senhor: “Guias cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo!” (Mt 23:24)
Por Vinícius Musselman Pimentel © Voltemos ao Evangelho.
Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor, seu ministério e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
A Pessoa de Cristo: Sua Divindade (Doutrina Bíblica) [1/3]
Quatro declarações devem ser
compreendidas e afirmadas a fim de se obter uma imagem completamente
bíblica da pessoa de Jesus Cristo:
1. Jesus Cristo é plena e completamente divino.
2. Jesus Cristo é plena e completamente humano.
3. As naturezas divina e humana de Cristo são distintas.
4. As naturezas divina e humana de Cristo estão completamente unidas em uma pessoa.
A Divindade de Cristo
Muitas passagens da Escritura demonstram que Jesus é plena e completamente Deus:
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
[...] E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de
verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. (João
1.1,14)
Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou. (João 1.18)
Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu! (João 20.28)
[...] deles são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém! (Romanos 9.5)
Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens [...] (Filipenses 2.5-7)
[...] aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus [...] (Tito 2.13)
Ele, que é o
resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas
as coisas pela palavra do seu poder [...] (Hebreus 1.3)
[...] mas acerca do
Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; [...] Ainda: No
princípio, Senhor, lançaste os fundamentos da terra, e os céus são obra
das tuas mãos [...] (Hebreus 1.8,10)
Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco obtiveram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo [...] (2Pedro 1.1)
O Entendimento de Jesus Acerca da Sua Própria Divindade
Embora as passagens citadas acima
claramente ensinem a divindade de Cristo, essa verdade é frequentemente
desafiada. Alguns dizem que Jesus jamais reivindicou ser Deus e que tais
versículos foram escritos por seus discípulos, que o divinizaram por
causa do impacto que ele causara em suas vidas. Jesus, é dito, via a si
mesmo tão somente como um grande mestre moral semelhante a outros
líderes religiosos. Todavia, o entendimento de Jesus acerca da sua
própria divindade nos Evangelhos não dá suporte a essa perspectiva. Ele
claramente via a si mesmo como Deus. Isso pode ser visto primariamente
de seis maneiras.
1. Jesus ensinava com autoridade divina.
Ao final do sermão do monte, “estavam as multidões maravilhadas da sua
doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os
escribas” (Mateus 7.28-29). Os mestres da lei no tempo de Jesus não
tinham qualquer autoridade própria. A sua autoridade vinha do seu uso de
autoridades anteriores. Mesmo Moisés e os demais profetas do AT não
falavam por sua própria autoridade; antes, diziam: “Assim diz o Senhor”.
Jesus, por outro lado, interpreta a lei dizendo: “Ouvistes o que foi
dito aos antigos. [...] Eu, porém, vos digo” (ver Mateus 5.22,
28, 32, 34, 39, 44). Essa autoridade divina é demonstrada com
surpreendente clareza quando ele fala de si mesmo como o Senhor que
julgará toda a terra e dirá aos ímpios: “Nunca vos conheci. Apartai-vos
de mim, os que praticais a iniquidade” (Mateus 7.23). Não é de admirar
que as multidões estavam maravilhadas ante a autoridade com a qual Jesus
falava. Jesus reconhecia que as suas palavras carregavam o peso divino.
Ele admitia a autoridade permanente da lei e punha suas palavras no
mesmo nível dela: “Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra
passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se
cumpra” (Mateus 5.18); “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão” (Mateus 24.35).
2. Jesus tinha um relacionamento único com Deus o Pai.
Quando era um jovem menino, Jesus se assentou com os líderes religiosos
no templo, maravilhando as pessoas com as respostas que dava. Quando
seus pais distraídos finalmente encontraram o seu adolescente “perdido”,
ele respondeu dizendo: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que me
cumpria estar na casa de meu Pai?” (Lucas 2.49). A referência de Jesus a
Deus como “seu Pai” é uma declaração radical do relacionamento único,
íntimo com Deus, acerca do qual ele já tinha plena consciência. Uma
afirmação semelhante feita por um indivíduo não tinha precedentes na
literatura judaica. Jesus ainda levou esse tratamento pessoal singular a
um outro nível ao dirigir-se a Deus o Pai usando a afetuosa expressão
aramaica “Abba”.
3. A maneira preferida de Jesus referir-se a si mesmo era o título Filho do Homem. A expressão “um filho de homem” podia significar simplesmente “um ser humano”. Mas Jesus referia-se a si mesmo como o
Filho do Homem (sugerindo o singular, bem-conhecido Filho do Homem), o
que indicava que ele via a si mesmo como o Filho do Homem messiânico de
Daniel 7, o qual haveria de governar o mundo inteiro por toda a
eternidade:
Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído. (Daniel 7.13-14)
Jesus estabelece a sua autoridade divina
como o glorioso Filho do Homem messiânico ao declarar que ele tem o
poder de perdoar pecados e que é o senhor do Shabbath: “Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados
— disse ao paralítico: Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai
para tua casa” (Marcos 2.10-11); “E acrescentou: O sábado foi
estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de
sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado” (Marcos 2.27-28).
4. O ensino de Jesus enfatizava a sua própria identidade.
Jesus veio ensinando o reino de Deus, no qual ele é o Rei. O seu ensino
lidava com muitos tópicos, mas era, sobretudo, acerca de si mesmo que
ele ensinava. A sua pergunta aos discípulos, “Quem dizeis vós que eu
sou?” (Mateus 16.15), é a questão primordial do seu ministério.
5. Jesus aceitou adoração.
Talvez a mais radical demonstração da certeza de Jesus quanto à sua
divindade estava no fato de que, ao ser adorado, como às vezes ele foi,
ele aceitava tal adoração (Mateus 14.33; 28.9,17; João 9.38; 20.28). Se
Jesus não acreditasse que ele era Deus, ele deveria ter veementemente
rejeitado ser adorado, como Paulo e Barnabé fizeram em Listra (Atos
14.14-15). O fato de um judeu monoteísta como Jesus aceitar adoração de
outros judeus monoteístas mostra que Jesus estava consciente de possuir
uma identidade divina.
6. Jesus se igualou ao Pai, e como resultado disso os líderes judeus acusaram-no de blasfêmia:
Mas ele lhes disse:
Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. Por isso, pois, os
judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o
sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a
Deus. (João 5.17-18)
Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU
[uma clara alusão ao nome sacro e divino de Yahweh; cf. Êx 3.14].
Então, pegaram em pedras para atirarem nele; mas Jesus se ocultou e saiu
do templo. (João 8.58-59)
Eu e o Pai somos um.
Novamente, pegaram os judeus em pedras para lhe atirar. [...]
Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedrejamos, e sim
por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo. (João 10.30-33)
Ele, porém, guardou
silêncio e nada respondeu. Tornou a interrogá-lo o sumo sacerdote e lhe
disse: És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito? Jesus respondeu: Eu sou,
e vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso
e vindo com as nuvens do céu [uma referência a Daniel 7; ver ponto 3].
Então, o sumo sacerdote rasgou as suas vestes e disse: Que mais
necessidade temos de testemunhas? Ouvistes a blasfêmia; que vos parece? E todos o julgaram réu de morte. (Marcos 14.61-64)
Implicações da Divindade de Cristo
Porque Jesus é Deus, as seguintes coisas são verdadeiras:
1. Deus pode ser conhecido definitiva e pessoalmente em Cristo:
“Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é
quem o revelou” (João 1.18); “Quem me vê a mim vê o Pai” (João 14.9).
2. A redenção é possível e foi realizada em Cristo: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Timóteo 2.5).
3. No Cristo ressurreto, assunto
e entronizado nós temos um Sumo Sacerdote que simpatiza conosco que tem
um poder infinito para suprir nossas necessidades: “Porque não
temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas;
antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem
pecado” (Hebreus 4.15).
4. Adoração e obediência a Cristo são apropriadas e necessárias.
Erros Históricos Acerca da Divindade de Cristo
A mais antiga e radical negação da divindade de Cristo é chamada ebionismo ou adocionismo,
a qual foi ensinada por uma pequena seita judaico-cristã no primeiro
século. Eles acreditavam que o poder de Deus veio sobre um homem chamado
Jesus para habilitá-lo a cumprir o papel messiânico, mas que Cristo não
era Deus. Uma heresia cristológica posterior e mais influente foi o arianismo
(início do século IV), o qual negava a natureza eterna e plenamente
divina de Cristo. Ário (256-336 d.C.) acreditava que Jesus era o
“primeiro e maior dos seres criados”. A negação ariana da divindade
plena de Jesus foi rejeitada pelo Concílio de Nicéia em 325. Naquele
concílio, Atanásio demonstrou que, segundo a Escritura, Jesus é
plenamente Deus, sendo da mesma essência do Pai.
Website: thegospelcoalition.org. Original: Biblical Doctrine: The Person of Christ. © 2001–2012 Crossway. All rights reservedTradução: www.voltemosaoevangelho.com.
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domingo, 9 de dezembro de 2012
Perseverando até o Fim - Joel Beeke
Joel Beeke pregou sobre Hebreus 12:1,2, encorajando-nos a perseverar na
fé, correndo a carreira da fé, deixando todo pecado e peso e olhando
para Jesus, motivados pela cruz de Cristo, pela alegria de Cristo e pelo
testemunho dos santos.
Perseverando na Fé - Hebreus 12 from Editora Fiel on Vimeo.
Perseverando na Fé - Hebreus 12 from Editora Fiel on Vimeo.
Resumo
Como perseveramos na Fé? Da mesma forma
como Cristo perseverou. Nós perseveramos como fruto da perseverança de
Cristo e Ele dá os meios e a motivação para perseverarmos. Cremos na
perseverança dos santos, pois cremos na perseverança de Deus para com
seus santos.
Portanto, também nós, visto que
temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos
de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com
perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o
Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe
estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está
assentado à destra do trono de Deus. (Hb 12:1-2)
Missão – o que devemos fazer
O autor de Hebreus está encorajando
cristãos que estavam sendo tentados a voltar ao judaísmo. Ele mostra
como Cristo é melhor que todos os ritos do Velho Testamento, que o
sumo-sacerdote araônico, e que o mediador Moisés. A aplicação que o
autor faz após esta essa exposição é: perseverem na fé! Ele nos desafia a
correr a carreira da fé, não como em um tiro, mas como em uma maratona.
Maneira – como devemos fazer
O texto dá duas formas: uma negativa e uma positiva.
Negativa:
“desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos
assedia”. Devemos nos livrar de todo peso e pecado. Deus odeia o pecado e
como cristão você deve também odiá-lo. Se você não odeia o pecado, você
está se enganando ou se desviando. Além do pecado, devemos nos livrar
de todo peso – tudo o que nos atrapalha de correr a corrida, mesmo que
não seja necessariamente um pecado. Desembaraçar de todo peso é fazer
como o corredor grego que usava o mínimo de roupa para que nada o
atrapalhasse na corrida.
Perceba também que o pecado nos assedia
de forma persistente. Precisamos mortificar estes pecados. Isto não é
legalismo, mas devoção a Cristo. O que o está impedindo de correr a
corrida cristã? Você deseja excluir este pecado da sua vida? Ore a Deus
para que você odeie o pecado de todo coração.
Positiva: “olhando
firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus”. Jesus está no fim da
corrida, dizendo: olhe para mim! Venha a mim! Não olhe para nenhum
outro lugar, olhe apenas pra mim! Olhe pra mim! Venha a mim! Eu nunca
deixarei você de lado! Venha a mim! Nós corremos por amor a Cristo, pelo
próprio Cristo.
Motivos – o que nos motiva a fazer
Em primeiro lugar, A
cruz de Cristo nos motiva. A cruz declara quão terrível e horrível é o
pecado. Na cruz, vemos o Salvador enfrentando o nosso inferno para que
fossemos salvos. A grande cruz de Cristo mostra quão pequenas são as
nossas cruzes, as nossas leves tribulações. Você não se sente motivado
de seguir este grande Salvador?
Em segundo lugar, devemos ser motivados por aquilo que o alegrou – “em troca da alegria que lhe estava proposta”.
A cruz não era a palavra final. Jesus sabia que Ele derrotaria a morte e
que após a morte Ele seria corado com honra e glória pelo Seu Pai,
tendo todas as coisas debaixo dos seus pés e trazendo muitos filhos para
a glória. Você também, cristão, foi motivo da alegria dele. Isso o
motiva a viver para Ele?
Em terceiro lugar, o testemunho dos santos: “visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas”.
Estes pela vida e morte dizem: “nós corremos até o fim pela graça de
Deus; você também conseguirá chegar ao fim”. Temos os santos do Velho
Testamento, do Novo Testamento, de dois mil anos de cristianismo e os
irmãos de nossas igrejas dizendo: persevere até o fim!
Persevere até o fim e um dia você será recebido com um glorioso “bem vindo”.
FONTE: Voltemos ao EvangelhoPor: Joel Beeke. Editora Fiel 2006 – 2012 © Todos os direitos reservados.Resumo por: Voltemos ao Evangelho ©. Website: www.voltemosaoevangelho.comPermissões do Resumo: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor e seu ministério, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.
PARE E ORE !
VERSÍCULO DO DIA:
O amor deve ser sincero. Odeiem o que é mau; apeguem-se ao que é bom. Romanos 12:9
PENSAMENTO:
Nosso amor não pode ser disfarçado ou inconstante! Isso significa que rejeitamos tudo que é mau. Não apenas ficamos longe dessas coisas – temos desdém por elas. Ao mesmo tempo, nós nos comprometemos a nos aproximar às coisas boas e justas. Nossas intenções são direcionadas para aquilo que é certo, bom e santo.
ORAÇÃO:
Santo e Justo Pai, eu sei que o Senhor me declarou justo e santo por causa do sacrificio de Jesus. Agora eu peço que o Senhor me ajude a viver de maneira digna deste chamamento. Através do seu Espirito Santo dentro de mim, por favor, encha-me com seu amor e retire todo o mal ou podridão que habite no meu coração. Obrigado. No nome de Jesus. Amém.
O amor deve ser sincero. Odeiem o que é mau; apeguem-se ao que é bom. Romanos 12:9
PENSAMENTO:
Nosso amor não pode ser disfarçado ou inconstante! Isso significa que rejeitamos tudo que é mau. Não apenas ficamos longe dessas coisas – temos desdém por elas. Ao mesmo tempo, nós nos comprometemos a nos aproximar às coisas boas e justas. Nossas intenções são direcionadas para aquilo que é certo, bom e santo.
ORAÇÃO:
Santo e Justo Pai, eu sei que o Senhor me declarou justo e santo por causa do sacrificio de Jesus. Agora eu peço que o Senhor me ajude a viver de maneira digna deste chamamento. Através do seu Espirito Santo dentro de mim, por favor, encha-me com seu amor e retire todo o mal ou podridão que habite no meu coração. Obrigado. No nome de Jesus. Amém.
FONTE: FAZENDO MISSÃO EM ORAÇÃO
sábado, 8 de dezembro de 2012
Thabiti Anyabwile - Notas Sobre Batalha Espiritual
Parece-me que muitos (a maioria?) dos
crentes teologicamente conservadores da Bíblia (incluindo eu) não pensam
muito sobre a batalha espiritual. Talvez seja porque há alguns cristãos
malucos que parecem falar apenas sobre a batalha espiritual, da maneira
como alguns jovens calvinistas malucos apenas falam sobre predestinação
e eleição. Ou, talvez seja porque tudo isso soe um pouco fantasmagórico
ou assustador. Ou, talvez, não falemos muito sobre isso porque estamos
infectados com o ceticismo do pensamento modernista e “científico”,
levando-nos a desprezar “todo esse negócio de batalha espiritual”? Eu
não sei. Mas eu estou pensando que, se não temos categorias para a
batalha espiritual, então provavelmente estamos perdendo a batalha em
alguma área de nossa vida cristã.
Mas, qual leitor do Novo Testamento pode duvidar da realidade de nossa luta no mundo espiritual? Apenas um exemplo clássico:
Revesti-vos de
toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do
diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim
contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo
tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. (Ef 6:11-12)
Nossos inimigos nesta guerra
Nós temos três inimigos nesta guerra: o
mundo, a carne e o diabo. Ou, porque estou me sentindo estranhamente
poético: Dos meus inimigos há três — Satanás, o mundo, e eu. Estes
inimigos eram e são mortais para nós:
Ele vos deu
vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais
andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da
potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência;
entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações
da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos,
por natureza, filhos da ira, como também os demais. (Ef 2:1-3)
Estes três inimigos têm uma particular relação um com outro em sua guerra contra nós. O Diabo,
a antiga serpente, é “o príncipe deste mundo” (João 12:31; 14:30,
16:11). Como tal, ele governa o sistema do mundo, em um esforço para
esconder a verdade sobre Deus:
Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno. (1 Jo 5:19).
Nos quais o deus
deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de
Deus. (2 Coríntios. 4:4)
O mundo, sob o domínio
do maligno, é um sistema de pensamentos, valores, ideias e ações que
expressam uma verdadeira hostilidade e rejeição para com Deus e o seu
povo. O mundo é irreconciliável com Deus — tanto que a abraçar os
caminhos do mundo é unir-se ao mundo em inimizade contra Deus.
Não ameis o
mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do
Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da
carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do
Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua
concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece
eternamente. (1 Jo 2:15-17)
Assim, Satanás tem distorcido e sabotado
o mundo que Deus fez, inventando um sistema que permanece
irremediavelmente hostil para com o Criador. De que maneira o mundo se
une para atacar o cristão? Bem, o mundo ataca seduzindo a carne do
cristão, os desejos pecaminosos e pensamentos que permanecem no cristão.
Deixe-me usar quatro comentários bíblicos sobre a Lei como uma
ilustração:
Assim, também
nós, quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos
rudimentos do mundo […] Outrora, porém, não conhecendo a Deus, servíeis a
deuses que, por natureza, não o são; mas agora que conheceis a Deus ou,
antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos
rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis ainda
escravizar-vos? (Gl 4:3, 8-9)
No contexto, surpreendentemente, as
referências de Paulo para “os princípios básicos do mundo” incluem a
própria lei de Deus, que era o nosso professor, supervisionando-nos até a
vinda de Cristo (3:23-25). O apóstolo considera a regra da lei de
tocar, provar, e celebrar como parte dos princípios básicos do mundo:
Cuidado que
ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a
tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo
Cristo […] Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que,
como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças (Col. 2:8, 20)
Satanás governa o mundo para atacar o
cristão através de sua carne de muitas maneiras. Pela graça de Deus nós
não somos ignorantes dos dispositivos do inimigo. Vou citar três.
Primeiro, ele usa o mundo para conspirar com a nossa carne, cegando o
cristão com um ascetismo religioso ineficaz:
Se morrestes com
Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no
mundo, vos sujeitais a ordenanças: não manuseies isto, não proves
aquilo, não toques aquiloutro, segundo os preceitos e doutrinas dos
homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem. Tais
coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e
de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum
contra a sensualidade. (Colossenses 2:20-23)
Segundo, Satanás usa o mundo para fortalecer nossa carne a fim de negligenciarmos o viver no/pelo Espírito de Deus:
Porquanto o que
fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus
enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no
tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado, a
fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos
segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque os que se inclinam para a
carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o
Espírito, das coisas do Espírito. Porque o pendor da carne dá para a
morte, mas o do Espírito, para a vida e paz. Por isso, o pendor da carne
é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo
pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. (Rm 8:3-8)
Terceiro, Satanás usa o mundo para nos cegar para o fato de que a nossa natureza pecaminosa é a raiz do nosso pecado e tentação:
Ninguém, ao ser
tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado
pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado
pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça,
depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez
consumado, gera a morte. (Tiago 1:13-15)
Como reagir a tudo isso?
Três coisas:
Primeiro, uma vez que nossos próprios desejos e pensamentos são o campo de batalha desta guerra, devemos mortificar a nossa carne.
Assim, pois,
irmãos, somos devedores, não à carne como se constrangidos a viver
segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a
morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo,
certamente, vivereis. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de
Deus são filhos de Deus. (Rm 8:12-14)
A carne morta não pode ser uma carne tentadora.
Em segundo lugar, uma vez que o mundo conspira com a nossa carne contra Deus, devemos cultivar um ódio santo contra o sistema do mundo.
E não vos
conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus. (Rm 12:2)
Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; (1 João 2:15).
Terceiro, mortificando constantemente a carne e renovando nossa mente e afeições para com Deus, devemos tomar nossa posição contra o diabo:
Quanto ao mais,
sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda
a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do
diabo […] Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais
resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer
inabaláveis. Estai, pois, firmes… (Ef 6:10-11, 13-14)
Claro, tudo isso só é possível se Cristo
Jesus, o Filho de Deus for a nossa Vitória e nossa esperança for
naquele que esmagou a cabeça da serpente (Gn 3:15), que trouxe o
julgamento contra o mundo e derrotou o seu príncipe ( João 12:31), e
pelo Seu Espírito que crucifica nossa carne (Rm 8:13; 2 Pedro 1:4).
A estratégia básica para a nossa guerra: Mortificar a carne. Odiar o sistema do mundo. Resistir o diabo.
Luta feliz porque nós todos em Cristo vencemos o mundo pela fé no Filho de Deus (1 João 5:1-5).
Por Thabiti Anyabwile. Copyright © 2012 The Gospel Coalition, Inc. All rights reserved.. Website: www.thegospelcoalition.org/blogs/thabitianyabwile/. Original: Notes on spiritual warfare.Tradução: www.voltemosaoevangelho.com. Original: Thabiti Anyabwile – Notas Sobre Batalha EspiritualPermissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que adicione as informações supracitadas, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.
FONTE: Voltemos ao Evangelho
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Um Espírito de Poder
Pois
Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de
equilíbrio. Portanto, não se envergonhe de testemunhar do Senhor, nem de
mim, que sou prisioneiro dele, mas suporte comigo os meus sofrimentos
pelo evangelho, segundo o poder de Deus… (2 Timóteo 1.7-8)
Paulo lembra a Timóteo que “Deus não
nos deu espírito de covardia”, ou espírito de timidez, “mas [um
espírito] de poder”, de amor e de equilíbrio”, isto é, um espírito de
sobriedade, autocontrole e autodisciplina. É comum inferir disso que
Timóteo fosse uma pessoa tímida. O texto permite essa possibilidade, mas
não sugere-a diretamente. Antes, a inferência é feita a partir do texto
devido à suposição particular de que quando Paulo diz algo, isso
significa que precisamente o oposto está sendo crido ou praticado entre
os seus leitores.
Isto é, se Paulo admoesta os cristãos a
viverem em paz uns com os outros, então isso deve significar que há
discórdia entre eles. Repetindo, isso é possível, mas a menos que o
texto declare que seus leitores têm esse problema, o intérprete não tem o
direito de inferir que esse deve ser o contexto histórico por detrás da
passagem. Como em outros casos, nenhum contexto histórico é requerido
para entender apropriadamente a admoestação, e que os crentes deveriam
viver em paz é um ensino geral que é sempre aplicável.
É um insulto ao apóstolo assumir que
quando ele encoraja alguém, é somente porque o oposto está acontecendo.
Se você encorajar alguém somente quando ele obviamente precisa disso,
então você não é um cristão muito bom, ou mesmo um bom amigo. Você diz a
alguém para ter coragem somente quando ele está temeroso? Onde você
estava antes dele ficar com medo?
E mais, Paulo não contrasta apenas
timidez com poder, mas diz que Deus nos deu um espírito de poder, de
amor e de autocontrole. Assumir que o contexto histórico é sempre o
oposto do que Paulo diz requer de nós crermos que Timóteo não era apenas
uma pessoa tímida, mas que ele também era cheio de ódio e fora de
controle. Não há nenhuma evidência que ele fosse tal pessoa, e parece
que os comentaristas não ousam ir tão longe. A suposição ridícula é
arbitrariamente aplicada, e abandonada quando a implicação se torna
muito forçada pelo padrão do intérprete. A falta de validade lógica em
fazer inferências e a falta de consistência em sua aplicação torna a
suposição inútil como um princípio de interpretação bíblica.
É possível que Timóteo fosse muito
tímido, mas não sabemos isso. O texto não nos diz. O que sabemos é que
Paulo tinha sido aprisionado, que havia inimigos que se opunham ao
evangelho, e que mesmo alguns que serviram a causa com o apóstolo tinham
agora o abandonado. Sabemos tudo isso porque esta carta nos diz tudo
isso. É mais apropriado associar isso com o encorajamento de Paulo para
Timóteo permanecer firme. Face a esse ambiente cruel e tendências
desfavoráveis, Paulo adverte Timóteo para não sucumbir à pressão. Quer
Timóteo esteja em perigo de sucumbir à pressão ou não é inteiramente
incerto, e isso é inteiramente sem importância para um entendimento
correto da carta.
Paulo contrasta timidez com poder, amor e
autocontrole, ou a capacidade de dominar ou possuir seus próprios
pensamentos e emoções. O contraste sugere os tons de significados dados a
essas palavras. Dessa forma, o “poder” não se refere ao poder de
realizar milagres, mas à coragem espiritual e moral.
Podemos até ser mais específicos que
isso. O versículo 8 diz: “Portanto, não se envergonhe de testemunhar do
Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro dele”. Isso nos diz o que Paulo
tinha em mente quando fala sobre timidez e poder. Ser tímido é ficar
embaraçado em testificar sobre o Senhor Jesus, dizer às pessoas o que
você sabe sobre ele, e o que elas precisam crer sobre ele. É ser muito
receoso de dizer às pessoas quem ele é, o que veio fazer, e que embora
tenha morrido, ele ressuscitou dentre os mortos, e que está agora vivo e
detém todo poder, e julgará todos os homens.
Então, embora saibamos que somente
Cristo mereça nosso culto e adoração, e que todos os seus ministros são
apenas meros homens, Deus arranjou relações humanas entre o seu povo
para que eles possam servir sua causa com sua força e talentos
combinados, e um senso de solidariedade como companheiros que são servos
de Cristo. Ser um covarde é ficar embaraçado demais para apoiar e se
identificar com o povo de Deus, especialmente aqueles que são
perseguidos por proclamar o evangelho de Jesus Cristo. É temer
reconhecer nossa associação com os mestres da fé.
Os cristãos não têm nenhuma razão para
ficar embaraçados. Não temos feito nada de errado em crer e pregar a
Jesus Cristo. Nossa fé não nos torna inferiores, ou menos inteligentes
ou éticos. De fato, é um insulto ao Senhor ficar embaraçado. Nossa fé
está nele, não em nós mesmos. E nossa mensagem é sobre ele, não sobre
nós mesmos. Jesus deveria se envergonhar dele mesmo? Ele deveria ficar
embaraçado sobre o que disse e o que fez quando esteve sobre a Terra?
Ele deveria pedir desculpar por sua posição e ministério atual? O que
ele tem feito de errado?
Não, a fé cristã é o único sistema de
crença verdadeiro e racional. Mesmo o zênite da inteligência e
habilidade humana não podem se comparar a ela, visto que como a
Escritura diz, até a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria
humana, e a fraqueza de Deus é mais forte que a força do homem (1
Coríntios 1.25). Para o cristão, essa sabedoria da parte de Deus não é
ilusória, mas nos foi dada mediante o evangelho (1 Coríntios 1.18-24),
de forma que inclusive temos “a mente de Cristo” (1 Coríntios 2.16).
Dessa forma, os não cristãos estão na posição inferior. Eles são os
tolos e ímpios. Eles são aqueles que deveriam ficar embaraçados. E
quando o Espírito de Deus usa nossa pregação para abrir os seus olhos,
isso é o que acontece – eles se envergonham de si mesmos. O Espírito
traz convicção aos seus corações, de forma que eles podem finalmente ver
a si mesmos pelo que são.
Certo comentarista diz que o Espírito
não transforma uma pessoa tímida numa personalidade poderosa, mas que
ele nos dá o suficiente para cada situação. Besteira! O mesmo
comentarista não diz que Deus nos dá apenas o amor suficiente para cada
situação, que ele fará de cada crente nada mais que uma pessoa muito
pouco amável. Paulo diz que Deus nos dá um espírito de poder! Ele deu a
você um espírito diferente daquele com o qual você nasceu, e trocou sua
timidez natural por coragem e força. Talvez a observação desse
comentarista seja mais autobiográfica que expositiva.
O Senhor não é um Deus do suficiente,
mas um Deus de abundância. Quando Jesus alimentou cinco mil pessoas com
cinco pãezinhos, quantos cestos com pedaços de pães sobraram? E quando
ele alimentou quatro mil pessoas com sete pãezinhos, quantos cestos com
pedaços de pães sobraram? Ainda não entendeu?
Fonte: Reflections on Second Timothy
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
Fonte: Monergismo - Ao SENHOR pertence a salvação !
Sobre o Autor
Vincent Cheung
Vincent Cheung é autor de trinta livros e
centenas de palestras sobre uma gama de assuntos em teologia,
filosofia, apologética e espiritualidade. Através dos seus livros e
palestras, ele está treinando cristãos para entender, proclamar,
defender e praticar a cosmivisão bíblica como um sistema de pensamento
abrangente e coerente, revelado por Deus na Escritura. Vincent Cheung
reside em Boston com sua esposa Denise.
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