domingo, 25 de novembro de 2012

Teologia da Prosperidade - Uma Corrida para a Ruína!

Por que como um câncer a “teologia da prosperidade” foi se alastrando numa metástase diabólica no seio da igreja protestante? O que vemos hoje (Se olharmos com olhos espirituais e bíblicos), é uma terra arrasada, escombros e ruínas (Como Jeremias viu Jerusalém ) daquilo que devia ter sua existência (igreja) com o único propósito de proclamar a glória de Deus. Não é difícil resistir algo inicialmente, mas a medida que o tempo passa, a cobiça domina, nossos olhos se tornam a única porta de “verdade” para a “igreja”. Esquecemos a Palavra. A igreja hoje é o retrato fiel dos seus líderes. Um retrato do coração e ambição mundana. “Mas eles foram a causa da sua ruína e da ruína de todo o Israel” (2Cr 28.23). Acaz voltou de Jeová para servir aos deuses de Damasco. Como hoje. E por quê? Porque a Síria estava gozando de prosperidade. Ao ver o que Acaz viu, a igreja começou a imitar o mundo, e igrejas ao olharem as outras foram imitando a imitação do mundo – Resultado? Metástase que parece irreversível. O que Acaz fez? “Ele ofereceu sacrifícios aos deuses de Damasco que o haviam derrotado, pois pensava: ‘Já que os deuses da Síria os têm ajudado, oferecerei sacrifícios a eles para que me ajudem também’. Mas eles foram a causa de sua ruína, e da ruína de todo o Israel”. Não há outro resultado possível. O pragmatismo não pode dirigir quem quer ser guiado por Deus – mas sim uma confiança absoluta em Sua Palavra. O que valia para Israel vale para a igreja no século XXI – A conseqüente introdução de falsos deuses e a profanação do culto a Deus ( e como esse culto tem sido profanado hoje no altar de Mamom ) tornou-se a ruína de Acaz e seu reino. Esta é a ruína da igreja, a mesma de Acaz e Israel. E ela acontece pelos mesmos motivos. Os ídolos modernos tomaram completamente o lugar da Palavra de Deus e sua glória. Os ídolos estão navamente estabelecidos e adorados alegremente em nossos dias. Nada mais trágico do que ver o próprio homem ( e igreja ) se arruinando: “...eles foram a causa da sua ruína e de todo o Israel” (2Cr 28.23). Acaz claramente é o tipo de muitos e muitas igrejas destruidoras de si. “A tua ruína, ó Israel, vem de ti” (Os 13.9) – Como seria bom se houvessem vários Oséias proclamando hoje, mas na verdade são tão poucos. Acaz quis ser seu próprio mestre – Esqueceu Deus, esqueceu Sua Palavra – Só conseguia ver a “prosperidade” da Síria. Ficou fascinada e paralisado como uma presa diante da serpente. Isso sempre arruína – arruinou o filho pródigo – arruinou Acaz – arruinou Israel, e arruinará milhões e milhões de outros. É a arrogância que faz pastor imitar pastor, igreja imitar igreja – todos indo em direção a ruína da “Teologia da Prosperidade”. A arrogância e a arbitrariedade ao pecar: “Andou nos caminhos dos reis de Israel” (2 Rs 16.3,4). Essa é uma corrida morro abaixo. Cada vez mais a velocidade aumenta e o abismo se aproxima – Esta é uma corrida para a ruína. Um dia a idéia mundana de “prosperidade” custará muito caro. Acaz esbanjou tesouro em sua cópia da adoração dos deuses da Síria invejando a sua prosperidade. Mas é bom que se diga aos iludidos, Acaz gastou muito e ganhou pouco. Isto vale para a igreja e para as pessoas individuais. Desperdício! O trágico é que nossa vida aqui não é um recurso inesgotável e logo nosso tempo se encerrará. Que legado trágico deixaremos as próximas gerações. Nossas existências só se justificam se forem para a glória de Deus – o mesmo vale para a igreja em geral. Desperdício e muitos outros caminhos errados são caros e ruins. Quando estamos obstinados, como os dias em que vivemos hoje na igreja, nós somos capazes da loucura de desafiar Deus. Acaz desafiou a punição: “Mesmo nessa época em que passou por tantas dificuldades, o rei Acaz tornou-se ainda mais infiel ao Senhor” ( 1Co 28.22) – Ele estava focado na “prosperidade” dos deuses da Síria. Esta rebeldia ao claro ensino de Deus e contra toda a correção sempre leva à ruína certa. Nossa geração se acha esperta em seu pragmatismo. Diz “Rico sou e de nada tenho falta” – nós sabemos a resposta que Deus deu a igreja que afirmou isso. Acaz era muito sagaz, e bajulava os grandes. Aos nossos olhos isso parece uma tática perfeita – está funcionando, eles são grandes, por que não nos ajuntarmos a eles? Acaz fez uma cópia do altar dos deuses da Síria e levou para sua casa. Quem é que perece mais rapidamente? Os espertos demais para serem simples e simplesmente seguirem o seu Deus. Vamos ser justos, Acaz era um homem de “bom gosto” – sabia admirar coisas que fascinam os nossos corações. Ele admirava as antigüidades e o estético na religião. Ah! O estético na religião nunca foi tão admirado como agora. Se um homem ( Líder ) começasse se enamorar da prosperidade e dos deuses da Síria que supostamente era sua origem – e que levou Acaz a se prostituir com ele – e a grande maioria do povo e dos líderes bradassem contra – Deus ainda estaria sendo honrado em nossos púlpitos e não Mamom. Mas existem loucuras que são coletivas – como isso é real hoje no meio da “igreja”. Veja que quem era para trazer Acaz a razão estava tão fascinado quanto ele: “O sacerdote Urias construiu um altar conforme as instruções que o rei Acaz tinha mandado” (2Rs 16.11). Entre todas as coisas destruidoras na igreja hoje, nós podemos afirmar sem medo de erra – Maus ministros são terríveis destruidores. Qual é o modelo para a igreja hoje? Quem são seus heróis? Paulo falou “sede meus imitadores como eu sou de Cristo” – Quem dera fosse esse o modelo atual. Acaz imitou pecadores prósperos. O rei da Assíria tornou-se seu tipo, seu paradigma... Isso é conduta ruinosa e destruidora. Ele abandonou todo o culto a Deus. Podemos estar dentro de edifícios adorando e já termos abandonado todo o verdadeiro culto a Deus. Acaz “trancou as portas da casa do Senhor” (2Cr 28.24). Este é o clímax de sua rebelião – não havia lugar para o verdadeiro Deus e os deuses da Assíra que davam “prosperidade”. É verdade, Cristo disse que você não pode servir a Deus e ao dinheiro, a Deus e a Mamom ao mesmo tempo. Isso não pode ser feito nem nos dias de Acaz, nem nos dias de Jesus – e não se engane, nem pela igreja dos nossos dias. No final de tudo – e o final das escolhas atuais não podem ser diferentes, os deuses falsos foram a ruína de Acaz. Uma ruína sugere muitas reflexões. Mas a corrida morro abaixo aos deuses da prosperidade é tão desenfreada que não há tempo para reflexões. O que foi? O que poderia ter sido? O que é? O que será? Um dia sentaremos entre as ruínas como Jeremias se sentou entre as ruínas de Jerusalém e choraremos e lamentaremos como ele. Meditações entre ruínas podem ser úteis, apesar de tardias, àqueles que se inclinam a repetir como nossa geração, a experiência de Acaz. Muitos serão arruinados: “Foram a ruína dele e de todo o Israel” – pelo ensino não estamos enchendo a igreja de verdadeiros israelitas, mas de sírios. Pelo exemplo e pelo ensino estamos fazendo pagãos e não filhos de Deus. A sedução da “prosperidade” é tão grande – que pela sedução a virtude está sendo arruinada. Muitas vezes líderes (como Acaz) pela sua próprio presença destroem tudo o que é bom nos seus liderados. Muitas vezes alguém está tão contaminado, que mesmo no momento que não tem a intenção espalham o contágio, como a Peste Negra se espalhou por toda Europa. O contágio do pecado, da ambição, do amor ao dinheiro... A conduta dos Acazes de Hoje, sua religião perversa e deturpada arruína jovens, influencia os inseguros, sua linguagem e ensino influenciam e atraem os maus. Lembremos a mensagem de Deus que se repete para nós hoje: “Mas eles foram a causa da sua ruína e da ruína de todo o Israel” (2Cr 28.23). Mas a igreja não poderá culpar só seus líderes, os Acazes de hoje – Deus diz “A tua ruína, ó Israel, vem de ti” (Os 13.9). 

FONTE: Josemar Bessa

Fernandinho - CD TEUS SONHOS (2012)

terça-feira, 20 de novembro de 2012

PARE E ORE ! DEVOCIONAL

VERSÍCULO:
Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. Romanos 6:23
 
PENSAMENTO:
Se recebermos o que merecemos, não vamos gostar do nosso salário. Por outro lado, Deus, que é rico em misericórdia e graça, nos dá seu presente por causa do sacrificio de Jesus, e não o que merecemos. Não sei sobre você, mas eu quero servi-lo com mais paixão e fidelidade.
 
ORAÇÃO:
Glorioso e gracioso Pai, santo e perfeito de toda maneira, obrigado por fechar o grande abismo entre sua justica e minha imperfeição através da sua graça sacrificial. Obrigado pelo presente da vida eterna. Que minha vida mortal seja santa e agradável ao Senhor. No nome de Jesus eu oro. Amém.
 

FONTE: FAZENDO MISSÃO EM ORAÇÃO

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

É errado ouvir música secular ? Não. Mas pode ser perigoso !

Música transmite conteúdo, por Bob Kauflin*

“Filipenses 4.8 fornece as normas de Deus para o conteúdo das músicas que ouvimos e nos fala sobre o que a música deve nos levar a pensar:

“Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.”

Instantaneamente, esses padrões bíblicos colocam em questão boa parte da música que hoje é popular e disponível a nós. Quando nem mesmo considero ímpio o conteúdo das músicas que ouço, estou permitindo que a música me seduza.

Não é uma pratica incomum cristãos louvarem a Jesus por sua morte expiatória na cruz aos domingos de manhã, para depois, durante a semana, cantar músicas que exaltam os pecados pelos quais ele morreu. Cantamos “Não estou mais acorrentado, agora eu sou livre” e permanecemos escravos das letras que promovem a fornicação, a obscenidade, a fúria, os prazeres imorais, a sensualidade e o materialismo. “Da mesma boca procede benção e maldição. Não convém, meus irmãos, que se faça assim” (Tiago 3.10). Tiago está certo, não convém que façamos assim. Mas quando alguém demonstra uma preocupação sobre letras de música, geralmente respondemos com prontidão: “Nunca presto atenção à letra. Nem sei do que estão falando”.

Então eu pergunto, “Por que não?” Os cristãos, dentre todas as pessoas, deveriam perguntar o que as músicas querem dizer. Devemos fazer “tudo para a glória de Deus” (1 Coríntios 10.31). E se “nunca” prestamos atenção às palavras proferidas na música, estamos nos treinando a ignorar o seu conteúdo e simplesmente permitir que elas nos afetem. Isso torna mais difícil nos concentrarmos nas verdades que entoamos aos domingos. Teremos a tendência de ser mais influenciados pelo som, pela batida e pela pulsação do que pela palavra de Cristo que estamos proclamando.

Não me entenda errado. Ouvir uma música com uma letra sexualmente sugestiva não o fará correr para a internet e começar a baixar pornografia. Ouvir uma música obscena não significa que amanhã você vai apimentar suas conversas com palavrões. Mas, com o tempo, as letras de música podem enfraquecer nossas defesas, confundir nosso discernimento e redirecionar nosso amor para o mundo. Ouvir música nunca é algo neutro, pois nosso coração pecaminoso está envolvido.

Você não se desviará instantaneamente e provavelmente nem mesmo vai perceber as mudanças. Uma das minhas filhas casadas me disse que ouvir canções românticas “inofensivas” durante um período contribuiu parcialmente pra que perdesse seu entusiasmo espiritual. A descida de outra jovem à imoralidade teve início quando começou a ouvir músicas cujas letras exaltavam a rebeldia e idolatravam o amor baseado na atração sexual. Conheço rapazes que se exercitam enquanto ouvem músicas com letras cheias de ódio e obscenidade porque, segundo eles, isso os motiva a fazer um esforço maior. Um belo dia, percebem que estão cantando as letras que costumavam desprezar, palavras que os fariam constrangidos se as repetissem na presença de seus pais ou pastores.

Músicas com letras ímpias podem nos persuadir a amar coisas que normalmente não amaríamos – em particular, “a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (1 João 2.16). Vi isso acontecer na vida dos meus filhos, amigos e na minha própria vida. Pode acontecer na sua. É tolice de nossa parte nos submetermos repetidamente a músicas cujas letras podem tornar nossa consciência indiferente e fazer com que os gloriemos em desejos pecaminosos em vez de na cruz de Jesus Cristo (Gálatas 6.14).

As vezes, nos orgulhamos de ser capazes de lidar com tentações, com se nos expormos a elas fosse uma virtude... Se realmente nos preocuparmos com o efeito sedutor que as letras mundanas podem ter sobre nossa alma, não vamos permanecer à beira do pecado, vendo o quanto podemos tolerar até que sejamos influenciados. Não vamos nos tentar com músicas que contém obscenidade, sensualidade, rebeldia ou qualquer outro comportamento mundano. Vamos desejar permanecer o mais longe possível da beira da estrada.”

_______________
*Bob Kauflin é Diretor de Worship Development da Sovereign Grace Ministries. Blog dele: worshipmatters.com

Fonte: Mundanismo. Editora Tempo de Colheita. p. 57-59.
Via: UMPCGYN
 

PARE E ORE AGORA !

VERSÍCULO DO DIA:
Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas.” João 10:11

PENSAMENTO:

Não é absolutamente inacreditável que o Deus Supremo do universo nos amaria tão generosamente?! Ele nos mostrou seu amor por nós no passado através de Jesus. Ele mostrará seu amor por nós de novo dramaticamente quando Jesus voltar – não para dar sua vida por nós, mas para compartilhar sua vida conosco! Venha, doce Pastor, venha!

ORAÇÃO:

Querido Pai Celestial, obrigado por revelar-se para Israel como o Grande Pastor. Obrigado por enviar Jesus para ser o Bom Pastor que sacrificou sua vida por mim. Agora, por favor, aceite meu compromisso e as ações da minha vida para ser um sacrifício de agradecimento e louvor ao Senhor por tudo que o Senhor tem feito. Em nome de Jesus. Amém.





Aprendendo a Submissão - Helena Tannure

Fonte:G vídeos

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O problema do “Reino” no casamento



     por Paul Tripp




Nota do tradutor: Texto extraído e modificado do livro What Did You Expect: Redeeming the Realities of Marriage.

 Nós somos seduzidos a buscar, a previsibilidade, conforto, comodidade, lazer, valorização, diversão e felicidade pessoal. Nós não gostamos de dificuldade de qualquer espécie. Há muitos de nós que preferiam ter uma vida fácil ao invés de uma vida que honre a Deus. Então, antes de nós sempre lutarmos entre nós mesmos, na verdade (antes) estamos lutando contra o Senhor.

 Pense na robustez da sua fidelidade e as finalidades do seu próprio reino. Pense em quão pouco sua raiva no mês passado nada a ver com o reino de Deus. 

Sua raiva raramente sai de um zelo para os planos, objetivos, valores, e chamado do reino de Deus. Quando você estiver ferido, irritado ou decepcionado com seu marido ou esposa, não é porque ele ou ela tem quebrado as leis do reino de Deus, e que realmente lhe diz respeito. Não, você está na maioria das vezes com raiva porque sua esposa tem quebrado as leis de seu reino. Seu marido está atrapalhando você de conseguir o que quer, e isso mobiliza você a fazer ou dizer algo que vai refrear o seu cônjuge de volta em serviço de seus desejos, necessidades e sentimentos. Mas os propósitos da graça de Deus são de expor e libertar você da escravidão. Então, ele coloca você em um relacionamento profundo com outra pessoa falha, e ele coloca esse relacionamento bem no meio de um mundo muito falho. Para acrescentar a isto, ele projeta as circunstâncias para que você jamais teria concebido por si mesmo. Tudo isso serve para trazê-lo até o fim de si mesmo, porque é aí que começa a verdadeira justiça. Então, enquanto você lê, faço lhe estas perguntas: * Que Reino forma o seu casamento? * O Reino de quem define o seu sonho? * O que realmente faz você feliz? * O que é que você tanto deseja que o seu casamento seja? * Pode ser que talvez o que você pensava que era amor não era realmente Reino-de-Deus, amor ao próximo, o amor de servo? * Pode ser que o que você realmente queria era que essa pessoa te amasse tanto quanto você se ama? * Será que a sua raiva revela como zelosamente comprometido você está com os propósitos do seu próprio reino? * Será que os problemas que você enfrenta em seu casamento, grandes e pequenos, não são aborrecimentos tanto como eles são oportunidades? * Será que só quando você pensava que Deus tinha abandonado você e seu casamento que Ele está na verdade muito próximo de dar-lhe o melhor presente – graça transformadora? Esta graça te resgata de uma coisa que você não pode salvar-se – você mesmo. Conciliar o seu casamento começa quando você começa a se reconciliar com Deus. Começa quando você começa a fazer esta oração radical: “Venha o teu reino, tua vontade seja feita, aqui, agora nesta união, assim neste casamento como nos céus.”

Boas coisas acontecem como resultado desta oração!

Tradução: Rafael Bello

 Postado por Rafael Bello em 29 de setembro de 2010 em Textos, Traduções



FONTE:
I pródigo Antes perdido, agora achado

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Não Desperdice sua Vida - A Realidade de Deus e o Poder do Amor - John Piper

Na pregação postada na semana passada, John Piper mostrou que a vida não desperdiçada consiste em viver para Deus e encontrar toda a nossa alegria em Deus. Existe um Deus, um Ser supremo que é digno de ser glorificado e que nos fez para que O glorificássemos; e este Deus é mais glorificado em nós à medida que estamos mais satisfeitos Nele. Em sequência, neste segundo sermão Piper procura responder à seguinte pergunta: “Qual é a externalização da alegria que glorifica a Deus?” Em outras palavras, se eu sou realmente alguém que ama a Deus e que se deleita Nele, como essa satisfação se evidencia e se torna palpável na minha vida prática? Seguindo as palavras e os passos de Jesus nas Escrituras, John Piper nos mostra a verdade simples – e ao mesmo tempo assustadora – de que a grande evidência de nossa alegria em Deus é o nosso amor para com o próximo. Em suas palavras, “a genuína satisfação em Deus inevitavelmente transborda em amor para com outros”.  
Por John Piper. Editora Fiel 2006-2012. © Todos os direitos reservados.

Fonte: Voltemos ao Evangelho

sábado, 5 de maio de 2012

Quatro Razões para Buscar a Deus Apaixonadamente - John Piper

Por que eu insisto que você deve seguir a Deus firmemente, ou, o que é a mesma coisa, por que nós devemos seguir a Cristo firmemente? Aqui estão quatro razões:

1. Para conhecê-Lo

Primeiro, nós devemos seguir a Cristo firmemente para conhecê-Lo. Filipenses 3.7-8: “Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor“. Paulo seguia a Cristo firmemente, renunciando todas as coisas das quais as pessoas normalmente se gloriam; e ele fazia isso para que pudesse conhecê-Lo.
Por quê? Porque conhecer a Cristo é uma riqueza que ultrapassa tudo o mais. A evidência da conversão é se você de fato se tornou um hedonista cristão. Hedonistas cristãos sempre seguem firmemente em busca da riqueza suprema. Eles alegremente vendem tudo em troca do tesouro escondido e da pérola de grande valor (Mateus 13.44-45). Nós devemos seguir a Cristo firmemente, porque não fazê-lo significa que nós não desejamos conhecê-lo. E não desejar conhecer a Cristo é um insulto ao Seu valor e um sinal de letargia ou morte espiritual em nós. Mas quando você segue a Cristo firmemente, para conhecê-Lo, a recompensa é a sua alegria e a glória Dele.

2. Para confirmar a nossa justificação

Segundo, nós devemos seguir a Cristo firmemente para confirmar a nossa justificação. A justificação se refere ao maravilhoso ato de Deus no qual Ele perdoa todos os nossos epcados e imputa a nós a Sua própria justiça, através da nossa fé em Cristo. Filipenses 3.8-9: “por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé”.
Filipenses 3.9 é claro: a justiça que Paulo busca é baseada na fé. Mas ele a está buscando! Como um cristão, ele considera todas as coisas como perda para ter a sua justificação. A fé que justifica é uma fé que renuncia os valores terrenos e busca a Cristo. Se a justificação depende da fé, e se renunciar ao mundo por considerá-lo como lixo é necessário para ter os benefícios da justificação, então está claro: a fé salvadora não meramente uma única decisão por Cristo, mas é uma preferência contínua por Cristo sobre todos os outros valores. A busca de Cristo é a evidência da fé genuína em Cristo como o nosso tesouro. Portanto, nós devemos seguir a Cristo firmemente para confirmar a nossa justificação.

3. Porque nós somos tão imperfeitos

Nós devemos seguir a Cristo firmemente porque nós somos tão imperfeitos. Filipenses 3.12: “Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo”. Nós devemos seguir a Cristo firmemente porque nós somos tão deficientes. Um estudante fraco deveria buscar um professor particular. Pessoas míopes deveriam buscar um oftalmologista. Pessoas com a garganta inflamada deveriam tomar antibióticos. Alcoólicos deveriam buscar um grupo de apoio. Jovens aprendizes deveriam seguir o seu mestre em seu trabalho.
Não seguir a Cristo firmemente significa ou que você não confia em Seu poder e disposição para mudar as suas imperfeições, ou que você deseja se apegar às suas imperfeições. Em ambos os casos, Cristo está sendo desprezado e nós estamos perdidos.

4. Porque Ele nos conquistou para Si

A última razão pela qual nós devemos seguir a Cristo firmemente é que Ele nos seguiu firmemente e, de fato, nos conquistou para Si pela fé. Filipenses 3.12 novamente: “Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus.” Essa sentença destrói a falsa lógica a qual afirma que, se Cristo nos encontrou, nós não mais precisamos buscá-Lo. Se Ele nos agarrou, nós não precisamos nos esforçar para agarrá-Lo.
Paulo argumenta exatamente o contrário: eu me esforço para ganhar a Cristo, porque Cristo já me ganhou. A conversão de Paulo não era como uma gaiola que o prendia, mas como uma catapulta que o lançava na busca da santidade. A graça irresistível de Cristo triunfando sobre a rebelião de Paulo e salvando-o do pecado não tornou Paulo passivo; ela o tornou poderoso!
Por John Piper © Desiring God. Website: desiringGod.org
Traduçãovoltemosaoevangelho.com
Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que adicione as informações supracitadas, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

TU ÉS MAIOR - Joe Vasconcelos







FONTE: Internautas Cristãos

Sexta Santa: Quem matou Deus ?







                                                         
O elemento surpreendente da cruz não é o sangue, mas o sangue de quem e com que propósito.
 (Donald English)
  
O Filme – Sexta Santa: Quem matou Deus?

O filme abaixo foi produzido pela Mars Hill para a Sexta-Feira Santa, sendo disponibilizado no site whokilledgod.com. O filme mostra o que se passou naquela sexta-feira santa, na crucificação de Cristo. Se você se pergunta “o que é a páscoa?” ou “qual a mensagem da páscoa?” este é o maior significado da páscoa.

Antes de celebrarmos Jesus Cristo ressurreto na Páscoa, nos reunimos como igreja para lembrar sua morte sangrenta e sacrificial na cruz da Sexta-Feira Santa. “Sexta Santa” é um filme fascinante e curto, descrevendo as horas finais da vida de Jesus, e é mostrado no culto da Mars Hill Church para essa lembrança.

Este mês, estamos lançando o filme de 30 minutos online pela primeira vez como um download gratuito para as igrejas que desejam usá-lo nos seus cultos de Sexta-Feira Santa. A nossa oração é que seja benéfico para os pastores e para as congregações em todo o mundo, enquanto nós, cristãos, preparamos os nossos corações de forma fúnebre para lembrar a morte de nosso Jesus.

Nota: O filme contém cenas fortes e não é recomendado para menores de dez anos de idade. Por favor, considere, em oração, a permanência de seus filhos nas classes bíblicas durante a exibição.

                                                                                        Extráido de whokilledgod



Good Friday / Sexta Santa de Mars Hill Church é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported. Baseado no trabalho www.youtube.com. Permissões além deste escopo podem estar disponíveis em marshillchurch.org. Legenda realizada por voltemosaoevangelho.com

Divulgue em seu blog/site ou exiba em sua igreja

Por favor, sinta-se incentivado a compartilhar e exibir em sua igreja, blog, casa – enfim, qualquer lugar. Só pedimos que siga as permissões abaixo:

Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que adicione as informações supracitadas, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.

Fonte: Voltemos ao Evangelho

 

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O Tapetinho vermelho ...

ilustrações, tapetinho vermelho
 Uma pobre mulher morava em uma humilde casa com sua neta, que estava muito doente.
Como não tinha dinheiro para levá-la a um médico e, vendo que, apesar de seus muitos cuidados, a pobre menina piorava a cada dia, com muita dor no coração, resolveu deixá-la sozinha e ir à pé até a cidade mais próxima, em busca de ajuda.
No único hospital público da região, foi-lhe dito que os médicos não poderiam se deslocar até sua casa; ela teria que trazer a menina para ser examinada.
Desesperada, por saber que sua neta não conseguiria sequer levantar-se da cama, ao passar em frente a uma igreja resolveu entrar. Algumas senhoras estavam ajoelhadas fazendo suas orações. Ela também se ajoelhou.
Ouviu as orações daquelas mulheres e quando teve oportunidade, também levantou sua voz e disse:
“Olá, Deus, sou eu, a Maria. Olha, a minha neta está muito doente. Eu gostaria que o Senhor fosse lá curá-la. Por favor! Anote aí, Deus, o endereço.”
As demais senhoras estranharam o jeito daquela oração, mas continuaram ouvindo.
“É muito fácil, é só o Senhor seguir o caminho das pedras e, quando passar o rio com a ponte, o Senhor entra na segunda estradinha de barro. Passa a vendinha. A minha casa é o último barraquinho daquela ruazinha.”
As senhoras que tudo acompanhavam esforçavam-se para não rir.
Ela continuou: “Olha Deus, a porta está trancada, mas a chave fica embaixo do tapetinho vermelho na entrada. Por favor, Senhor, cure a minha netinha. Obrigado.” E quando todas achavam que já tinha acabado, ela complementou: “Ah! Senhor, por favor, não se esqueça de colocar a chave de novo embaixo do tapetinho vermelho, senão eu não consigo entrar em casa. Muito obrigado, obrigado mesmo.”
Depois que a Dona Maria foi embora, as demais senhoras soltaram o riso e ficaram comentando como é triste descobrir que as pessoas não sabem nem orar.
Mas, Dona Maria, ao chegar em casa não pode se conter de tanta alegria, ao ver a menina sentada no chão, brincando com suas bonecas.
“Menina, você já está de pé?!?”
E a menina, olhando carinhosamente para a avó, disse: “Um médico esteve aqui, vovó. Deu-me um beijo na testa e disse que eu ia ficar boa. E eu fiquei boa. Ela era tão bonito, vó! Sua roupa era tão branquinha que parecia até que brilhava. Ah! ele mandou lhe dizer que foi fácil achar a nossa casa e que ele ia deixar a chave debaixo do tapetinho vermelho, do jeitinho que você pediu.”

O Senhor ouve as orações!

Por André Sanchez
FONTE: Esboçando Ideias

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

IX (9Marcas) I - Pregação Expositiva


O ponto para começar a falar sobre as marcas da igreja saudável é onde Deus começa conosco – o modo como Ele fala conosco. Foi por aí que a nossa própria saúde espiritual veio, e é por esse caminho que a saúde de nossas igrejas virá também. Especialmente importante para qualquer um que esteja na liderança de uma igreja, mas particularmente para o pastor, é um compromisso com a pregação expositiva, um dos mais antigos métodos de pregação. Trata-se da pregação cujo objetivo é expor o que é dito em uma passagem particular da Bíblia, explicando cuidadosamente seu significado e aplicando-o à congregação (veja Neemias 8:8). Existem, evidentemente, muitos outros tipos de pregação. Sermões tópicos, por exemplo, coletam tudo o que a Bíblia ensina sobre um único assunto, como a oração ou a contribuição. A pregação biográfica aborda a vida de alguém na Bíblia e retrata-a como uma demonstração da graça de Deus e como um exemplo de esperança e fidelidade. Mas a pregação expositiva é algo diferente – uma explicação e aplicação de uma porção particular da Palavra de Deus.
“(…) os pregadores cristãos de hoje têm autoridade para falar da parte de Deus somente se proclamarem as palavras dEle.”
A pregação expositiva presume uma convicção na autoridade da Bíblia, mas é algo mais. Um compromisso com a pregação expositiva é um compromisso de ouvir a Palavra de Deus. Assim como os profetas do Antigo Testamento e os apóstolos do Novo Testamento não receberam apenas uma ordem para ir e falar, mas uma mensagem específica, os pregadores cristãos de hoje têm autoridade para falar da parte de Deus somente se proclamarem as palavras dEle. Assim, a autoridade do pregador expositivo começa e termina com as Escrituras. Às vezes as pessoas podem confundir pregação expositiva com o estilo de um pregador expositivo predileto, mas não é fundamentalmente uma questão de estilo. Como outros já observaram a pregação expositiva não é tanto sobre como nós dizemos o que dizemos, mas sobre como nós decidimos o que dizer. Não é marcada por uma forma particular, mas por um conteúdo bíblico.
Pode-se aceitar alegremente a autoridade da Palavra de Deus e até mesmo professar a convicção na inerrância da Bíblia; ainda assim se na prática (propositalmente ou não) alguém não prega expositivamente, nunca pregará além do que já sabe. Um pregador pode tomar um trecho das Escrituras e exortar a congregação em um tópico que é importante sem que ele realmente pregue o ponto abordado na passagem. Quando isso acontece, o pregador e a congregação só ouvem nas Escrituras o que eles já sabiam.
“Como outros já observaram a pregação expositiva não é tanto sobre como nós dizemos o que dizemos, mas sobre como nós decidimos o que dizer.”
Em contrapartida, quando pregamos uma passagem das Escrituras no contexto, expositivamente – tomando o ponto da passagem como o ponto da mensagem – nós ouvimos de Deus coisas que nós não pretendíamos ouvir quando começamos. Desde a chamada inicial ao arrependimento até a área de nossas vidas em que o Espírito nos condenou recentemente, a nossa salvação inteira consiste em ouvir a Deus de modos que nós, antes de ouvi-lO, nunca teríamos adivinhado. Esta submissão extremamente prática à Palavra de Deus deve ser evidente no ministério de um pregador. Não se deixe enganar: em última instância, é responsabilidade da congregação assegurar que as coisas sejam assim (observe a responsabilidade que Jesus põe sobre a congregação em Mateus 18, ou Paulo em 2 Timóteo 4). Uma igreja jamais pode colocar como supervisor espiritual do rebanho uma pessoa que não demonstra na prática um compromisso claro em ouvir e ensinar a Palavra de Deus. Agir assim é impedir inevitavelmente o crescimento da igreja, praticamente encorajando-a a só crescer até o nível do pastor. Se assim for, a igreja será conformada lentamente à mente dele, em vez de ser conformada à mente de Deus.
O povo de Deus sempre foi criado pela Palavra de Deus. Da criação em Gênesis 1 até a chamada de Abraão em Gênesis 12, da visão do vale dos ossos secos em Ezequiel 37 até a vinda da Palavra Viva, Deus sempre criou o Seu povo através da Sua Palavra. Como Paulo escreveu aos romanos, “a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (10:17). Ou, como ele escreveu aos coríntios, “Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação” (1 Cor. 1:21).
“Uma igreja construída sobre a música – seja qual for o estilo – é uma igreja construída sobre a areia.”
A pregação expositiva sadia freqüentemente é o manancial de crescimento em uma igreja. Na experiência de Martinho Lutero, tal atenção cuidadosa para com a Palavra de Deus foi o princípio da reforma. Nós também precisamos estar comprometidos em sermos igrejas que sempre estão sendo reformadas de acordo com a Palavra de Deus.
Certa vez, quando eu estava ensinando em um seminário sobre puritanismo em uma igreja de Londres, eu mencionei que os sermões puritanos às vezes duravam duas horas. Diante disso, uma pessoa perguntou, “Quanto tempo sobrava para a adoração?” A suposição era de que ouvir a palavra de Deus pregada não constituía adoração. Eu respondi que muitos cristãos protestantes ingleses teriam considerado a possibilidade de ouvir a palavra de Deus no seu próprio idioma e de responder a ela nas suas vidas como a parte essencial da sua adoração. Se eles teriam tempo para cantar juntos seria comparativamente de pouca importância.
Nossas igrejas têm que recuperar a centralidade da Palavra na nossa adoração. Ouvir a Palavra de Deus e responder a ela pode incluir louvor e ações de graças, confissão e proclamação, e qualquer destas coisas pode vir na forma de canções, mas nenhuma delas precisa ter essa forma. Uma igreja construída sobre a música – seja qual for o estilo – é uma igreja construída sobre a areia. Pregar é o componente fundamental do pastorado. Ore por seu pastor, para que ele se dedique a estudar Bíblia rigorosa, cuidadosa e seriamente, e para que Deus o conduza na compreensão da Palavra, na aplicação dela à sua própria vida, e na aplicação dela à igreja (veja Lucas 24:27; Atos 6:4; Ef. 6:19-20). Se você é um pastor, ore por estas coisas para si mesmo. Ore também por outros que pregam e ensinam a Palavra de Deus. Finalmente, ore para que nossas igrejas assumam um compromisso de ouvir a Palavra de Deus pregada expositivamente, de forma que os rumos de cada igreja sejam crescentemente moldados pela agenda de Deus expressa nas Escrituras. O compromisso com a pregação expositiva é uma marca de uma igreja saudável.
Por Mark Dever. Copyright © 2012 9Marks. Website: 9marks.org
Tradução: bomcaminho.com
FONTE:   www.voltemosaoevangelho.com

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A ORAÇÃO DA FÉ - (Vicent Cheung)

 
Entre vocês há alguém que está sofrendo? Que ele ore. Há alguém que se sente feliz? Que ele cante louvores. Entre vocês há alguém que está doente? Que ele mande chamar os presbíteros da igreja, para que estes orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor. A oração feita com fé curará o doente; o Senhor o levantará. E se houver cometido pecados, ele será perdoado. Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz. (Tiago 5.13-16)
 
Devemos viver toda a vida em relação a Deus e reconhecê-lo em todas as coisas. Se uma pessoa está sofrendo ou em apuros, ela não deveria chafurdar em medo e autopiedade, ou confiar unicamente em recursos humanos para resgatá-la, mas deveria voltar sua mente para Deus, e orar por ajuda e libertação. E não devemos esquecê-lo se estivermos felizes e confortáveis; antes, deveríamos oferecer-lhe ações de graças e cânticos de louvor.
Então, se alguém está doente, ele deve chamar um médico imediatamente. O quê? Não é isso o que Tiago diz? Ó, ele manda chamar os presbíteros da igreja para que eles possam orar. É para orar a fim de que o homem possa suportar a enfermidade “para a glória de Deus”? Ó, ele diz para eles orarem a fim de que o homem receba a cura e para que o Senhor o levante. O seu seminário ensina isso? A sua igreja sequer permite isso?
Se uma pessoa discorda de Tiago, ou se ela amontoa desculpas para que possa ensinar algo diferente – até mesmo o exato oposto – é porque Tiago contém erros e está fora de moda, ou é porque tal pessoa está ensinando rebelião contra o Senhor? E se eu não posso orar por cura quando estou doente, por que ainda posso orar quando estou sofrendo ou em apuros? E quando estou feliz, por que deveria ainda oferecer cânticos de louvor? Tiago não faz nenhuma distinção dispensacionalista no meio de sua passagem.
O fundador de um movimento de aconselhamento bíblico reclama que os cristãos são inconsistentes quando se trata de resolver problemas espirituais ou psicológicos. Eles alegam crer na suficiência de Cristo e da Escritura, e de fato eles pelo menos tentam ser consistente quando se trata da nossa justificação diante de Deus, e dessa forma afirmamos que somos tornados justos por Jesus Cristo através do dom da fé, à parte das nossas obras e méritos. Mas então esses mesmos cristãos buscam ajuda de terapeutas e psicólogos que aconselham com base em teorias e métodos antibíblicos, a fim de resolver problemas como medo, raiva, depressão, vícios, pecados e hábitos destrutivos, e conflitos matrimoniais. Ele insiste corretamente que a Escritura é suficiente para fornecer orientações nessas áreas.
Contudo, quando ele aborda os males físicos, ou mesmo problemas psicológicos que surgem de defeitos físicos, tais como desequilíbrio químico, de repente parece que o poder de Cristo é suficiente apenas quando a questão não toca a esfera física. No momento em que suspeita-se que haja alguma base física para o sintoma psicológico, o assunto é encaminhando a um médico profissional. Ué, Jesus Cristo é bom para a alma, mas inútil para o corpo? Qual seria mais fácil dizer: “Seus pecados estão perdoados” ou  “Levante-se e ande”? Mas o Filho do Homem tem poder para fazer as duas coisas.
Para adicionar hipocrisia à incredulidade, esse teólogo, esse estudioso, esse defensor da suficiência bíblica e do aconselhamento bíblico, escreve a partir de uma tradição teológica que enfatiza o governo de Deus sobre todas as coisas. Espera-se que consideremos o corpo como santo, integrante da pessoa humana assim como a alma; todavia, Deus regenerará a alma e encherá de poder divino, mas deixará o corpo aos doutores não cristãos. Confiamos em Deus para o nosso perdão, e para o nosso bem-estar pessoal, mas confiar nele para a saúde é o cúmulo da imprudência, e ensinar sobre oração para cura física é dar às pessoas falsa esperança. Que doutrina estranha é essa? Tiago não sabe nada sobre isso. Ela não procede da fé, mas da incredulidade, e do diabo.
Há argumentos que apelam à situação daqueles dias. A assistência médica era precária, onerosa e perigosa, e frequentemente associada com paganismo. Mas isso não difere fundamentalmente do cenário contemporâneo. Quantas pessoas recebem assistência médica boa, mesmo nas nações ocidentais desenvolvidas? E mesmo que você pense que os médicos possuem os próprios poderes de Deus, o que dizer sobre os milhões de pessoas que residem em outros países? A verdade é que, mesmo em nossa nação, a assistência médica é geralmente onerosa e perigosa, e os médicos são evolucionistas. A situação não mudou tanto quanto os teólogos querem acreditar. Mas mesmo supondo que a situação tenha melhorado muito, a implicação mais perturbadora permanece; é que esses teólogos desejam convencer você que Deus é sempre o último recurso, mesmo em face de um ensino bíblico explícito para buscá-lo em primeiro lugar. O que explica essa maneira desconcertante de pensar? Incredulidade.
Tudo isso não é um argumento ou proibição contra a medicina. Visto que já fiz uma declaração sobre isso em outro lugar (não existe nenhuma condenação – chame um médico, ou chame cinquenta se quiser, mas não faça de você mesmo algum tipo de herói da fé quando faz isso, e não chame a sua recuperação de um milagre), [1] eu não repetirei tudo aqui; apenas observarei que eu já refutei também a visão que por unção com óleo Tiago tencionava combinar remédio e oração (se alguém insiste em combiná-las com base nessa passagem, então ele pode mandar os presbíteros da igreja realizar as cirurgias, ou então abandonar o fingimento e admitir que ele deseja afirmar uma visão alternativa, mudando apenas o que ele deseja mudar, reivindicando em todo tempo suporte bíblico). Antes, estou insistindo que, a menos que haja um argumento infalível e bíblico para agir de outra forma, não há razão para anular um mandamento explícito na Escritura, e aqui isso significa que os líderes da igreja devem orar com fé para a cura do seu povo. Nenhuma manobra histórico-redentiva pode fazer este texto significar o oposto do que ele diz. Ou você crê nele e obedece, ou não.
Quanto ao método, embora Tiago diga que os presbíteros deveriam ungir o doente com óleo, entende-se que essa não é a única maneira. É sem dúvida uma maneira, e aceitável, e deveria ser seguida quando a atenção de alguém está focada sobre este texto. Mas a Escritura mostra que a cura é efetuada por imposição de mãos, e por oração ou palavra de mandamento sem qualquer contato físico. Há muita liberdade e poder em Jesus Cristo.
A coisa essencial é a fé. É fácil pronunciar uma oração de dúvida e incredulidade quando a pessoa crê em nada, nada espera, nada pede e nada recebe. Mas não vamos nos contentar com aquilo que é natural para o velho homem, cheio de pecado. Não sejamos meros ouvintes da palavra, e assim nos enganarmos, mas sejamos praticantes da palavra também. Vivamos verdadeiramente tudo da vida em relação a Deus e o reconheçamos em todas as coisas, mesmo quando se trata da saúde dos nossos corpos. E quer chamemos ou não médicos, quando falharmos em orar com fé ou quando nossa oração não trouxer cura, admitamos nossa falha e imploremos por graça, em vez de continuar num estado de ilusão. Sem dúvida reconhecemos a soberania de Deus, mas a Bíblia nunca usa isso para escusar a incredulidade. A pior coisa que podemos fazer é justificar a nós mesmos condenando Tiago à irrelevância.
 
Fonte: Sermonettes, Volume 4, p. 32-34
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – novembro/2011


Fonte:  http://monergismo.com

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Uma Benção de Ano Novo (C. H. Spurgeon)

Nº 292
Sermão pregado na manhã de Domingo, 1º de Janeiro de 1860,
por Charles Haddon Spurgeon.
Em Exeter Hall, Strand, Londres.
“Mas o Deus de toda a graça, que nos chamou à sua glória eterna em Jesus Cristo, depois que tenhais padecido um pouco de tempo, ele mesmo os aperfeiçoe, confirme, fortaleça e estabeleça.” 
1 Pedro 5:10.
O apóstolo Pedro passa da exortação para a oração. Ele sabia que a oração marca o fim da pregação no ouvinte, mas que a pregação do ministro deve ir sempre acompanhada de oração. Havendo exortado os crentes a caminhar com firmeza, dobra os seus joelhos e os encomenda a vigilância zelosa do céu, implorando sobre eles uma das maiores bênçãos que o coração mais afetuoso alguma vez haja suplicado.
O ministro de Cristo deve exercer dois ofícios ao povo que está ao seu cargo. Deve lhes falar por Deus e falar a Deus por eles. O pastor não terá cumprido todavia com toda a sua sagrada comissão quando houver declarado todo o conselho de Deus. Somente haverá cumprido uma metade. A outra parte deverá desempenhar em segredo, quando carregar em seu peito, como o sacerdote nos tempos antigos fazia, as necessidades, os pecados, as provações e as súplicas de seu povo diante de Deus. O dever diário do pastor cristão consiste por um lado em orar por seu povo, e por outro em exortar, instruir e consolar a esse povo.
Há, contudo, situações especiais quando o ministro de Cristo se vê constrangido a pronunciar uma bênção incomum sobre seu povo. Quando um ano de tribulação passa e outro ano de misericórdia começa, podemos expressar nossos sinceros agradecimentos por Deus ter nos preservado, e nossas fervorosas súplicas por milhares de bênçãos sobre as cabeças daqueles a quem Deus encomendou debaixo do nosso cuidado pastoral.
Esta manhã tomei este texto como uma bênção de ano novo. Vocês sabem que um ministro da Igreja da Inglaterra sempre me proporciona o tema para o novo ano. Ele ora muito antes de seleccionar o texto, e eu sei que hoje, está oferecendo esta precisa oração por todos vocês. Ele constantemente me favorece com um tema, e sempre considero meu dever pregar sobre ele, e desejar que meu povo o recorde ao longo de todo o ano para que sirva de apoio no tempo de sua tribulação, como um delicioso manjar, como uma bolacha com mel, como o pedaço do alimento de um anjo, que possa pôr sobre a sua língua e levá-lo até que finalize o ano, para logo recomeçar com outro doce texto. Que bênção maior poderia ter escolhido meu amigo ancião, de pé hoje em seu púlpito, levantando mãos santas para pregar ao povo em uma pacífica igreja camponesa? Que bênção maior poderia implorar ele para os milhares de Israel, que esta bênção que em seu nome pronuncio sobre vocês neste dia: “Mas o Deus de toda a graça, que nos chamou à sua glória eterna em Jesus Cristo, depois que tenhais padecido um pouco de tempo, ele mesmo os aperfeiçoe, confirme, fortaleça e estabeleça.”
Ao pregar sobre este texto, terei que explicar: primeiro o que o apóstolo pede ao céu; e logo, em segundo lugar por quê espera recebê-lo. A razão de sua esperança, de receber o que pede, está contida no título que utiliza para dirigir-se ao Senhor seu Deus: “MAS O DEUS DE TODA A GRAÇA, que nos chamou à sua glória eterna em Jesus Cristo”.
I. Então, em primeiro lugar, O QUE O APÓSTOLO PEDE PARA TODOS AQUELES A QUEM ESCREVEU ESTA EPÍSTOLA. Ele pede para eles quatro jóias resplandecentes colocadas sobre um negro pano de realce. As quatro jóias são estas: Perfeição, Confirmação, Fortalecimento e Estabelecimento. O negro pano de realce sobre o qual estão colocadas é este: “Depois que tenhais padecido um pouco de tempo.” As lisonjas do mundo valem pouco, pois como observa Chesterfield: Não custam nada exceto tinta e papel.” Devo confessar que creio que inclusive este pequeno gasto é um grande desperdício. As lisonjas mundanas geralmente omitem toda a ideia de aflição. “Um feliz Natal! Um próspero Ano Novo!” Não há nenhuma suposição de algo que se pareça ao padecimento. Mas as bênçãos cristãs apontam a verdade dos assuntos. Sabemos que os homens devem padecer. Cremos que os homens nascem para serem acumulados de dores da mesma maneira que a faísca nasce para voar ao alto; e por isso em nossa bênção incluímos o padecimento. E mais, vamos mais além, cremos que nossa tristeza nos ajudará a alcançar a bênção que invocamos sobre nossas cabeças. Nós, no vocabulário de Pedro, dizemos: “Depois que tenhais padecido um pouco de tempo, ele mesmo os aperfeiçoe, confirme, fortaleça e estabeleça”. Entendam então que, conforme eu mostre cada uma destas quatro jóias, devem observá-las e considerar que são desejadas para vocês, “depois que tenhais padecido um pouco de tempo”.
1. Agora a primeira jóia resplandecente neste diadema é a Perfeição. O apóstolo ora para que Deus nos aperfeiçoe. Certamente, ainda que esta seja uma oração para um longo período de tempo, e a jóia seja um diamante de belas águas e de tamanho excepcional, é absolutamente necessário que um cristão em última instância chegue à perfeição. Acaso nunca tiveram um sonho em suas camas, quando seus pensamentos vagueiam livremente e a boca de sua imaginação corre sem freio, e sua alma abre suas asas e flutua por todo o infinito, agrupando coisas estranhas e maravilhosas, de tal maneira que o sonho se desenvolvia em algo como um esplendor sobrenatural? Mas, subitamente foram despertados, e vocês lamentaram durante horas que o sonho não tivesse chegado a uma conclusão. E o que é um cristão, que não chega a perfeição, senão um sonho não concluído? Um sonho majestoso de todas as maneiras, e certamente, cheio das coisas que a terra não teria conhecido antes, se não fosse porque são reveladas pelo Espírito à carne e ao sangue.
Mas suponhamos que a voz do pecado nos espantasse antes que o sonho se concluísse, e como cada um se desperta, perdêssemos a imagem que começou a se formar em nossas mentes, o que seria de nós então? Remorsos eternos e uma multiplicação do tormento eterno seriam o resultado de haver começado a ser cristãos, se não alcançássemos a perfeição. Se pudesse existir tal coisa como um homem em quem se começou a obra da santificação, mas em quem Deus no Espírito cessou de operar; se pudesse existir um ser tão infeliz como para ser chamado pela graça para ser abandonado antes de ser aperfeiçoado, não haveria entre os condenados no inferno desventurado mais infeliz. Não seria uma bênção que Deus começasse a abençoar se não levasse à perfeição. Seria a maior maldição que a ira Onipotente poderia pronunciar: dar para um homem a graça, mas que essa graça não o conduzisse até o fim e não o pusesse com segurança no céu. 
Eu devo confessar que preferiria suportar os tormentos desse terrível arcanjo, Satanás, por toda a eternidade do que ter que sofrer como alguém a quem Deus uma vez amou, mas a quem depois reprovou. Mas isso não acontecerá jamais. A quem uma vez escolheu, Ele não o rejeitará. Sabemos que onde Ele começou uma boa obra, a aperfeiçoará até o dia de Jesus Cristo. Grandiosa é a oração, então, na qual o apóstolo pede que sejamos aperfeiçoados. O que seria de um cristão se não fosse aperfeiçoado? Nunca viram um painel sobre o qual a mão do pintor tenha esboçado com atrevido pincel alguma cena maravilhosa de grandeza? Vêem onde a viva cor tenha sido pintada com uma habilidade quase sobre-humana. Mas o artista caiu morto repentinamente e a mão que desenhou milagres de arte ficou paralisada e o pincel caiu. Acaso não é fonte de lamentos no mundo que alguma vez se tenha começado uma pintura que não pôde jamais ser terminada? Não viram o humano semblante divino em um relevo talhado em mármore? Viram a elegante habilidade do escultor e disseram a vocês mesmos: ‘Isto será algo maravilhoso!’ Que demonstração sem par de habilidade humana! Mas, Ah! Nunca foi completada, não se pôde terminar. E poderiam imaginar, qualquer um de vocês, que Deus começara a esculpir um ser perfeito e que não o terminara? Pensam que a mão da sabedoria divina esboçaria ao cristão sem completar seus detalhes? Acaso Deus nos tomou da pedreira como uma pedra sem lavrar, e começou a esculpir em nós, e a mostrar Sua arte divina, Sua maravilhosa sabedoria e graça, para logo nos lançar fora? Acaso Deus falhará? Deixará, por acaso, que Suas obras sejam imperfeitas? Leitores, mostrem se podem, algum mundo que Deus haja abandonado sem poder terminar. Há alguma partícula em Sua criação na qual Deus tenha começado a construir algo, mas que tenha sido incapaz de concluir? Acaso deixou incompleto algum anjo? Há, por acaso, uma só criatura da qual não se possa dizer: “É muito boa?”
E se dirá da criatura formada duas vezes: do eleito de Deus, do comprado com sangue, acaso se dirá: “O Espírito começou a operar no coração deste homem, mas o homem foi mais poderoso que o Espírito, e o pecado venceu a graça; Deus teve que fugir e Satanás triunfou, e o homem nunca foi aperfeiçoado?” Oh, meus queridos irmãos, a oração será ouvida. Depois que tenhais padecido um pouco de tempo, Deus os aperfeiçoará, se Ele começou a boa obra em vocês.
Mas, amados, deve ser depois que tenham padecido um pouco de tempo. Não poderão ser aperfeiçoados, exceto pelo fogo. Não há outra forma de lhes tirar a sua escória e suas impurezas senão por meio das chamas da fornalha da aflição. Filhos de Deus, vossa insensatez está tão ligada a seus corações, que nada senão a vara pode extirpá-la. É através das marcas de seus ferimentos que seu coração é melhorado. Devem passar pela tribulação para que, por meio do Espírito, possa funcionar como fogo purificador para vocês; para que uma vez purificados, santos, acrisolados, e lavados, compareçam diante da face de Deus, isentos de toda imperfeição, e livres de toda corrupção interna.
2. Prossigamos agora para a segunda jóia de bênção: Confirmação. Não é suficiente que o cristão tenha recebido um aperfeiçoamento proporcional, se não é confirmado. Vocês já viram um arco-iris no céu quando se faz visível pela planície: suas cores são gloriosas, e suas nuances são excepcionais. Ainda que o tenhamos visto muitíssimas vezes, nunca deixa de ser “algo belíssimo e um gozo constante.” Mas que lástima do arco-íris, não está confirmado. Se desvanece e aqui já não está. As belas cores cedem passo às nuvens carregadas e a abóbada celeste já não brilha com as tinturas do céu. Não está confirmado. Como pode ser isto? Algo que está feito de raios passageiros do sol e gotas instáveis da chuva, como poderia permanecer? E fixem nisto, quanto mais bela é a visão, mais desconsolada é a reflexão quando essa visão se desvanece, e não fica nada senão escuridão.
Então, ser confirmado é algo extremamente desejável para o cristão. De todas as concepções conhecidas de Deus, junto ao Seu Filho encarnado, não duvido em pronunciar ao cristão a mais nobre concepção de Deus. Mas se esta concepção não fosse senão um arco-íris pintado na nuvem, para desaparecer para sempre, não valeria nada o dia em que nossos olhos foram atraídos para ver o inatingível, com uma sublime visão que logo se vai derreter. O cristão não é melhor que a flor do campo, que hoje está e que se seca quando se levanta o sol com calor abrasador, a menos que Deus o confirme. Qual é a diferença entre o herdeiro do céu, o filho de Deus comprado com sangue, e a erva do campo?
Oh, que Deus lhes outorgue esta rica bênção, para que não sejam como o fumo de uma chaminé, que é rapidamente dispersado pelo vento: que sua bondade não seja como a nuvem da manhã, nem como o orvalho temporão que se evapora; senão que sejam confirmados, e que cada bem que tenham seja um bem permanente. Que seu carácter não seja como as letras escritas sobre areia, senão uma inscrição na rocha. Que sua fé não seja como “a urdidura sem marco de uma visão,” senão que esteja construída com material de pedra que aguentará esse horrível incêndio que consumirá a madeira, o feno e a ninhada do hipócrita. Que estejamos cimentados e arraigados no amor, que suas convicções sejam profundas. Que seu amor seja real. Que seus desejos sejam sinceros. Que sua vida inteira esteja estabelecida, fixada e confirmada, para que todos os fortes ventos do inferno e todas as tormentas da terra sejam incapazes de lhes perturbar.
Vocês sabem que consideramos que alguns cristãos estão bem confirmados há muito tempo. Tenho temor, na verdade, que hajam muitos que são velhos, mas que não tenham sido confirmados. Uma coisa é ter o cabelo branco pelos anos, mas outra coisa muito diferente é que obtenhamos sabedoria. Há alguns que não se tornam mais sábios apesar de toda a sua experiência. Ainda que seus dedos estejam bem cobertos pela experiência, não aprenderam nessa escola. Sei que há muitos velhos cristãos que podem dizer de si mesmos, e dizê-lo também com muita tristeza, que gostariam de voltar a ter suas oportunidades, para poder aprender mais, e poder estar mais confirmados. Lhes ouvimos cantar: 
“Descubro que sou um aprendiz, todavia,
Incapaz, débil e pronto para errar.”
Sem dúvidas, eu oro para que a bênção do apóstolo seja derramada em nós, independentemente que sejamos jovens ou velhos, mas especialmente naqueles que têm conhecido por muito tempo ao seu Senhor e Salvador. Vocês não devem estar sujeitos agora a essas dúvidas que maltratam aos bebês na graça. Não se lhes deve estar ensinando sempre os primeiros rudimentos: devem prosseguir para algo mais elevado. Estão se aproximando do céu; oh, a que se deve que não tenham chegado todavia a terra prometida, a essa terra que mana leite e mel? Certamente suas titubeações não combinam com os cabelos grisalhos. Dá a impressão que foram branqueando com a luz do sol do céu. Como é possível que seus olhos não dispensem algo dessa luz? Nós que somos jovens buscamos um exemplo em vocês, que são cristãos bem confirmados; e se lhes vemos duvidar, e lhes ouvimos falando com lábios temerosos, então nos abatemos de um alto degrau. Oramos por nós e por vós, para que esta bênção se cumpra em vocês, para que possam ser confirmados. Para que não se exercitem mais na dúvida. Para que conheçam seus interesses em Cristo. Para que se sintam seguros Nele. Para que descansando na rocha das eras possam saber que não perecerão enquanto estiverem fixados ali. De fato oramos por todos, independentemente de sua idade, para que nossa esperança esteja posta unicamente no sangue e na justiça de Jesus, e que esteja tão firmemente arraigada, que não seja sacudida jamais, senão que sejamos como o monte Sião, inabalável e que permanece para sempre.
Desta maneira tenho explicado sobre a segunda jóia desta bênção. Mas, lembrem-se, não podemos obtê-la senão depois de haver padecido um pouco de tempo. Não podemos ser confirmados exceto por meio do padecimento. É inútil esperar que estaremos bem arraigados sem que os ventos de Março não tenham soprado sobre nossas cabeças. Não esperemos que o jovem carvalho lance suas raízes tão profundamente como o carvalho velho. Esses velhos laços nas raízes, essas estranhas quebras dos galhos, todos falam das muitas tormentas que hão açoitado à antiga árvore. Mas são indicadores também das profundezas a que se submergiram as raízes; e todos dizem ao lenhador que espere partir primeiro uma montanha que arrancar esse carvalho de raízes. Devemos padecer um pouco de tempo, para logo sermos confirmados.
3. Agora vamos comentar a terceira bênção, que é o Fortalecimento. Ah, irmãos, esta é uma bênção muito necessária para todos os cristãos. Há alguns que parecem estar fixados e confirmados. Mas todavia carecem de força e de vigor. Me permitem dar-lhes um retrato de um cristão sem forças? Ali o têm. Ele tem apoiado a causa do Rei Jesus. Se vestiu de sua armadura; se alistou no exército celestial. Podem observá-lo? Está perfeitamente armado da cabeça aos pés, e leva consigo o escudo da fé. Podem ver também quão firmemente está confirmado? Mantém seu lugar, e não será movido dali. Mas, vejam-no, Quando usa sua espada, golpeia com pouquíssima força. Seu escudo, ainda que o sustenha tão firmemente como sua debilidade o permita, treme em seu punho. Ali está e não se moverá. Sem dúvidas, quão oscilante é a sua posição. Seus joelhos se chocam com espanto quando ouve o som e o ruído da guerra e do tumulto. Do que precisa este homem? Sua vontade é correcta, e seu coração está posto plenamente nas coisas boas. O que precisa? Necessita força. O pobre homem é fraco e se assemelha à uma criança. Seja que foi alimentado com comida mal temperada e insubstancial, ou por conta de algum pecado que o perseguiu, não tem força nem a vitalidade que deveria habitar um cristão. Mas uma vez que a oração de Pedro seja respondida para ele, quão forte se tornará. Em todo o mundo não há uma criatura tão forte como um cristão quando Deus está com ele.
Fale de Behemot! Não é nada senão algo muito pequeno. Seu poder é fraqueza quando se lhe compara ao crente. Fale de Leviatan! Que faz que o abismo seja branco! Ele não é o chefe dos caminhos de Deus. O verdadeiro crente é mais poderoso que ele. Nunca viram ao cristão quando Deus está com ele? Cheira a batalha desde longe, e clama em meio do tumulto: “Vamos! Vamos! Vamos!” Se ri de todas as hostes inimigas. Ou se comparas com Leviatan: se é arrojado em um mar em tribulação, dá chicotadas por todos os lados e faz que o abismo se torne branco com bênçãos. As profundezas não lhe surpreendem, nem teme as rochas; tem a proteção de Deus ao seu redor, e as águas não podem sufocar-lhe; e mais, se tornam um elemento de deleite para ele, quando por graça de Deus se regozija em meio das altas ondas.
Se querem uma prova de força de um cristão, somente têm que revisar a história, e poderão ver como os crentes apagaram a violência do fogo, fecharam as bocas dos leões, agitaram os punhos diante da pavorosa morte, se riram até do desprezo dos tiranos, e puseram em fuga aos exércitos inimigos, por meio do poder superior da fé em Deus. Rogo a Deus, meus irmãos, que lhes fortaleça este ano.
Os cristãos desta época são pessoas fracas. É algo notável que agora a grande maioria dos filhos nasce débil. Vocês me pedem as evidências disto. Posso fornecê-las de imediato. Vocês sabem que a Liturgia da Igreja da Inglaterra se instrui e se ordena que todos os filhos sejam submersos no batismo, exceto aqueles que tenham uma débil condição certificada. Agora, seria pouco compassivo imaginar que as pessoas sejam culpadas de falsidade quando cumprem o que consideram uma ordenança sagrada; e portanto, como quase todos os filhos são agora borrifados e não submersos, eu suponho que todos nascem fracos. Não vou dizer se isso explica o fato que todos os cristãos sejam tão débeis, mas é certo que não temos muitos gigantes cristãos em nossos dias.
Por aqui e por ali ouvimos de alguém, ao que somente lhe faz falta operar milagres nestes tempos modernos, e ficamos atónitos. Oh, que vocês tivessem fé como estes homens! Não creio que haja mais piedade agora do que se procurava ter nos dias dos puritanos. Creio que há muitos mais homens piedosos; mas enquanto a quantidade se multiplicou, temo que a qualidade tenha sido desprezada. Naqueles dias o ribeiro da graça era na verdade muito profundo. Alguns daqueles velhos puritanos, (quando lemos sobre sua devoção, e sobre as horas que passaram em oração), pareciam ter tanta graça como qualquer centena de nós. O ribeiro era muito profundo. Mas agora as margens perderam sua forma e grandes pastagens foram inundadas pela água. Até ali vamos bem. Mas ainda que a superfície tenha se expandido, temo que a profundidade tenha diminuído espantosamente. E esta pode ser a explicação: que devido a que nossa piedade se tornou mais superficial, nossa força se debilitou. Oh, que Deus lhes fortaleça este ano!
Mas recordem, se Ele o fizer, então terão que padecer. “Depois que tenhais padecido um pouco de tempo,” que Ele lhes fortaleça. As vezes fazem uma operação nos cavalos que alguém consideraria cruel: os cauterizam para fortalecer seus tendões. Agora, cada cristão antes que seja fortalecido deve ser cauterizado. Seus nervos e seus tendões devem ser fortificados com o ferro incandescente da aflição. Nunca serás forte em graça, a menos que primeiro padeças um pouco de tempo.
4. E agora me referirei a última das quatro bênçãos: “Estabelecimento.” Não direi que esta última bênção é maior que as outras três, mas é um degrau para cada uma delas; e é estranho dizê-lo, é muitas vezes o resultado da obtenção gradual das três bênçãos precedentes. “Estabelece-te!” Oh, quantos andam por aí que não se estabeleceram jamais. A árvore que é transplantada a cada semana morrerá rapidamente. E mais, se fosse trocada, não importa quão habilmente, uma vez ao ano, nenhum jardineiro esperaria fruto dela. Quantos cristãos existem que estão sendo transplantados constantemente, inclusive enquanto aos seus sentimentos doutrinários. Há alguns que crêem segundo o último pregador; e há outros que não sabem em quê crêem, mas crêem em quase tudo o que lhes falam.
O espírito de caridade cristã, tão cultivado nestes dias, e que todos amamos tanto, tem ajudado, temo, a trazer ao mundo uma espécie de latitudinarismo[1]; ou em outras palavras, os homens têm chegado a crer que não importa em quê creiam; que ainda que um ministro diga é assim, e o outro diga não é assim, sem dúvidas os dois estão no correto; que ainda que nos contradigamos absolutamente um ao outro, apesar disso, ambos temos a razão. Eu não sei onde fabricaram o juízo aos homens, mas a meu parecer, sempre se considera impossível crer em uma contradição. Não posso entender nunca como sentimentos tão contrários possam ser conformados à Palavra de Deus, que é a norma da verdade. Mas há alguns que são como um campanário sobre a torre de uma igreja, pois se voltam para onde sopre o vento. Como disse o bom senhor Whitefield: “seria mais fácil medir a lua para vestí-la, que identificar seus pensamentos doutrinários,” pois sempre estão variando e sempre estão trocando.
Agora, eu rogo que vocês sejam livrados disto, se é essa a vossa debilidade, e que possam ser estabelecidos. Que a intolerância seja arremessada para longe de nós. Sem dúvida, eu desejo que o cristão saiba o que considera que é verdade e logo o sustente. Tomem seu tempo para examinar a controvérsia, mas uma vez que tenham decidido, que não sejam convencidos com facilidade. Seja Deus verdadeiro, ainda que todo homem seja mentiroso; e sustenham que o que esteja de acordo com a Palavra de Deus um dia, não pode ser contrário a ela outro dia; que o que foi certo na época de Lutero e na época de Calvino deve ser certo agora; que as falsidades podem variar, pois têm uma aparência multiforme; mas a verdade é uma, é indivisível e para sempre a mesma. Que outros pensem o que queiram. Concedam maior latitude ao demais, mas vocês não se permitam a nenhuma falsidade. Permaneçam firmes e inabaláveis segundo lhes foi ensinado, e sempre busquem o espírito do apóstolo Paulo, “se alguém ensina um evangelho diferente do que haveis recebido, seja anátema”. Sem dúvida, como quero que estejam firmes em sua doutrina, minha oração é que estejam especialmente estabelecidos em vossa fé. Vocês crêem em Jesus Cristo, o Filho de Deus, e descansam nele. Mas algumas vezes vacilam; então perdem o vosso gozo e consolo. Eu peço para que sua fé esteja estabelecida, que nunca duvidem se Cristo é vosso ou não, senão que digam confiadamente: “Eu sei em quem tenho crido, e estou seguro que é poderoso para guardar o meu depósito”. Oro para que estejam estabelecidos em vossas metas e propósitos.
Há muitas pessoas cristãs que têm uma ideia muito boa em suas cabeças, mas nunca a implementam, porque perguntam ao amigo qual é a sua opinião. “Não é grande coisa,” responde. Por suposto que não. Quem tem em alta opinião as idéias dos outros? E de imediato, a pessoa que a concebeu renuncia a ela, e a obra nunca se completa. Quantos homens em seus ministérios começaram a pregar o Evangelho, e permitiram que algum membro da igreja, possivelmente algum diácono, lhe incitasse a orelha levando-se um pouco por essa direção. Mais tarde, algum outro irmão considerou conveniente incitá-lo em direção contrária. O homem perdeu o seu brio. Nunca se estabeleceu quanto ao que deve fazer; e agora se converteu em um simples lacaio, esperando a opinião de cada um, desejoso de adotar o que outros concebam que é o correto.
Agora, lhes peço que estejam estabelecidos em suas metas. Vejam qual é o lugar que Deus quer que ocupem. Parem ali, não saiam apesar de todas zombarias que tenham que suportar. Se crêem que Deus lhes chamou para uma obra, façam-a. Se os homens lhes ajudam, lhes agradeçam. Se não lhes ajudam, digam-lhes que se apartem de seu caminho ou serão atropelados. Que nada os intimide. Quem quiser servir ao seu Deus deve estar preparado algumas vezes a servir-lhe sozinho. Nem sempre lutaremos em meio as fileiras. Há momentos nos quais o Davis do Senhor deve pelejar sozinho com os Golias, e devem tomar consigo cinco pedras do riacho em meio ao escárnio de seus irmãos, e contudo, com suas armas, eles estarão confiados na vitória pela fé em Deus. Não permitam que lhes tirem da obra na qual Deus os pôs. Não se cansem de fazer o bem, pois ao seu devido tempo, colherão se não desfalecerem. Estejam estabelecidos. Oh, que Deus derrame esta rica bênção em vós.
Mas não estarão estabelecidos a menos que padeçam. Padecendo, ficarão em sua fé e estabelecidos em suas metas. Os homens são animais invertebrados nestes dias. Não contamos com os homens resistentes que sabem que têm razão e a sustentam. Ainda quando um homem esteja equivocado, alguém verdadeiramente admira sua retidão quando se levanta crendo que possui a razão e se atreve a enfrentar as ameaças do mundo. Mas quando um homem tem a razão, o pior que lhe pode ocorrer é que seja inconstante, que vacile, que os homens o intimidem. Lança isso para longe de ti, cavaleiro da santa Cruz, e seja firme se quer sair vitorioso. O coração desfalecente jamais tomou de assalto nenhuma cidade, e você nunca vencerá nem será coroado de honra, se teu coração não se endurece frente a cada investida e se não estás estabelecido em tua intenção de honrar ao teu Senhor e de ganhar a coroa.
Desta maneira termino de explicar a bênção.
II. Agora, lhes peço vossa atenção por mais alguns momentos, para observar AS RAZÕES PELAS QUAIS O APÓSTOLO ESPERAVA QUE ESTÁ ORAÇÃO FOSSE OUVIDA. Ele pedia que fossem aperfeiçoados, confirmados, fortalecidos e estabelecidos. Incredulidade sussurrou ao ouvido de Pedro: “Pedro, pedes demasiado. Sempre foste teimoso. Tu disseste: 'Manda que eu vá a ti sobre as águas.' Certamente que este é outro exemplo da tua presunção. Se tivesses dito: 'Senhor, santifica-me,' não teria sido uma oração suficiente? Não pediste demasiado?” “Não,” disse Pedro; e respondeu para a Incredulidade: “estou seguro que receberei o que tenho pedido; pois em primeiro lugar estou pedindo ao Deus de toda a graça: o Deus de toda graça.” Não somente o Deus das pequenas graças recebidas, senão o Deus da grandiosa graça ilimitada que está armazenada para nós na promessa, mas que todavia não temos recebido em nossa experiência. “O Deus de toda graça;” da graça que revive, que convence, que perdoa, que crê, o Deus de toda graça que consola, apoia, e sustêm. Certamente, quando viermos a Ele, não poderemos vir pedindo demasiado. Se Ele é o Deus, não de uma graça, senão de todas as graças; se nele está armazenada provisão infinita, ilimitada, inacabável, como poderíamos pedir demasiado, ainda que peçamos que cheguemos a ser perfeitos?
Crente, quando estiver de joelhos, lembre-se que estás indo até um Rei. Que suas petições sejam grandes. Imite o exemplo de um cortesão de Alexandre o Grande, que quando se lhe disse que podia receber o que pedisse como recompensa por seu valor, pediu uma soma de dinheiro tão grande que o tesoureiro de Alexandre recusou entregá-la sem falar primeiro com o monarca. Quando viu o monarca, este sorriu e lhe disse: “Em verdade é demasiado isso que pedes, mas não é demasiado para que Alexandre lhe conceda. Lhe admiro por sua fé em mim; entregue-lhe tudo o que pedir”. Me atreverei a pedir que meu temperamento colérico me seja tirado, que minha rebeldia seja extirpada, e minhas imperfeições sejam cobertas? Posso pedir ser semelhante a Adão no jardim, não, mais ainda, tão puro e perfeito como o próprio Deus? Posso pedir que um dia caminhe pelas ruas de ouro, e “cingido com as vestes do meu Salvador, santo como o santo,” estar no pleno brilho da glória de Deus, e clamar: “Quem acusará aos escolhidos de Deus?” Sim, posso solicitá-lo, e o terei, pois Ele é o Deus de toda graça.
Olhem novamente o texto, e vejam outra razão pela qual Pedro sabia que sua oração seria ouvida: “Mas o Deus de toda graça, que nos chamou.” Incredulidade poderia ter dito a Pedro: “Ah, Pedro, é verdade que Deus é o Deus de toda graça, mas Ele é uma fonte fechada, como águas seladas.” “Ah,” disse Pedro, “venha aqui, Satanás; não saboreias as coisas de Deus. Não é uma fonte selada de toda a graça, pois já começou a fluir.” “Mas o Deus de toda a graça, que nos chamou”. O chamado é a primeira gota de misericórdia que caiu nos lábios sedentos do moribundo. O chamado é o primeiro anel de ouro da corrente de eternas misericórdias. Não o primeiro em ordem de tempo com Deus, senão o primeiro em ordem de tempo conosco. O primeiro que conhecemos de Cristo em Sua misericórdia, é o que Ele clama: “Vinde a mim todos que estais cansados e sobrecarregados,” e que por meio de Seu doce Espírito se dirige a nós, de tal forma que obedecemos ao chamado e viemos a Ele.
Agora observem, se Deus me chamou, posso pedir-lhe que me confirme e guarde; posso pedir-lhe que conforme transcorram os anos, minha piedade não se apague; posso pedir que a sarça arda, mas que não se consuma, que a panela de farinha não escasseie e a vasilha de azeite não diminua. Me atreverei a pedir que até a última hora de vida possa ser fiel a Deus, porque Deus é fiel comigo? Sim, posso pedi-lo, e também o obterei: porque o Deus que chama dá o repouso. “Porque aos que antes conheceu, também os predestinou… E aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou”. Pensa em teu chamado, cristão, e tenha ânimo: “Porque irrevogáveis são os dons e o chamado de Deus”. Se Ele te chamou, nunca se arrependerá do que fez, nem cessará de abençoar e nem cessará de salvar.
Mas creio que há uma razão ainda mais poderosa: “Mas o Deus de toda a graça, que nos chamou à sua glória eterna.” Querido leitor, Deus te chamou? Sabes para quê te chamou? Primeiro te chamou a casa da convição, de onde te fez sentir teu pecado. Logo te chamou ao cimo do Calvário, de onde viste realmente teu pecado expiado e teu perdão selado com o sangue precioso. E agora Ele te chama. E de onde te chama? Ouço uma voz hoje: a incredulidade me diz que há uma voz que está me chamando para as ondas do Jordão. Oh, incredulidade! É verdade que minha alma tem que caminhar através das ondas tormentosas desse mar. Mas a voz provém das profundezas da tumba, provém da glória eterna. Ali onde Jeová se senta resplandecente em Seu trono, rodeado de querubins e serafins, desde o brilho que os anjos não se atrevem a olhar, escuto uma voz: “Venha a Mim, pecador lavado com o sangue, venha a Minha glória eterna.” Oh, céus! Não é este um maravilhoso chamado? Ser chamado à glória, chamado às ruas brilhantes e às portas de pérolas, ser chamado a ouvir as harpas e hinos de felicidade eterna, e ainda melhor, ser chamado ao peito de Jesus, chamado a ver a face de Seu Pai, chamado não à glória eterna, senão à Sua glória eterna, chamado à essa mesma glória e honra com as quais Deus se cercou para sempre.
E agora amados, é demasiado grande qualquer oração depois disto? Deus me chamou ao céu, e há algo na terra que Ele me negue? Se Ele me chamou para morar no céu, acaso não é necessária a perfeição para mim? Por isso, não posso pedi-la? Se Ele me chamou à glória, não é necessário que eu seja fortalecido para combater em meu caminho até lá? Acaso não posso pedir para ser fortificado? E mais, se há na terra uma misericórdia demasiadamente grande para que pense nela, demasiadamente grande para ser concebida, demasiadamente pesada para que minha língua a leve diante do trono em oração, Ele fará por mim muitíssimo mais abundantemente do que o que eu possa pedir, ou que possa alguma vez imaginar. Sei que o fará, pois me chamou à Sua glória eterna.
A última razão, pela qual o apóstolo esperava que sua bênção fosse derramada, é esta: “Que nos chamou à sua glória eterna em Jesus Cristo”. É um fato singular que nenhuma promessa seja tão doce para o crente como aquela na qual o nome de Cristo é mencionado. Se tenho que pregar um sermão de consolo para cristãos deprimidos, nunca escolheria um texto que não me permitisse guiar a pessoa deprimida até a cruz. Não lhes parece demasiado, irmãos e irmãs, neste dia, que o Deus de toda graça seja seu Deus? Acaso não ultrapassa a vossa fé, que Ele efetivamente os haja chamado? Não se perguntam as vezes se em verdade foram chamados? Quando pensam na glória eterna, surge a pergunta: “Eu a gozarei alguma vês? Alguma vez verei a face de Deus com aceitação?” Oh amados, quando ouvem de Cristo, quando sabem que Sua graça vem por meio de Cristo, e o chamado através de Cristo, e a glória por meio de Cristo, então dizem: “Senhor, posso crer agora, se é por meio de Jesus Cristo”. Não é difícil crer que o sangue de Cristo fora suficiente para comprar todas as bênçãos para mim. Se eu vou ao tesouro de Deus sem Cristo, temo pedir qualquer coisa, mas quando Cristo está comigo, então posso pedir-lhe tudo. Com certeza creio que Ele o merece ainda que eu não o mereça. Se posso argumentar Seus méritos, então não tenho medo de suplicar. Acaso a perfeição é uma bênção demasiadamente grande para que Deus a dê a Cristo? Oh, não. Guardar a estabilidade e a preservação dos comprados com o sangue, é, acaso, uma recompensa demasiadamente grande para as terríveis agonias e sofrimentos do Salvador? Não o creio. Então podemos suplicar com confiança, porque tudo vem a nós por meio de Cristo.
Para concluir, quero fazer este comentário. Desejo, meus irmãos e irmãs, que durante este ano possam viver mais perto de Cristo do que hajam vivido antes. Estejam convencidos disto: quando pensamos muito em Cristo é quando pensamos menos em nós mesmo, em nossas aflições, e nas dúvidas e temores que nos assediam. Comecem a fazer isto neste dia, e que Deus lhes ajude. Não permitam que passe nenhum dia sobre vossas cabeças, sem uma visita ao jardim do Getsêmani e à cruz do Calvário.
E quanto a alguns de vocês que não são salvos, e conheceram ao Redentor, Deus quer que venham a Cristo neste mesmo dia. Me atrevo a dizer que vocês crêem que vir a Cristo é algo terrível: que necessitam estar preparados antes que possam vir; que Ele será duro e rigoroso convosco. Quando os homens têm que ir ao advogado, podem tremer; quando têm que visitar ao médico, podem sentir temor; ainda que ambos tipos de profissionais não sejam bem-vindos, em muitas ocasiões são necessários. Mas quando venham a Cristo, podem vir com ousadia. Não precisam pagar honorários; não é necessária preparação. Podem vir tal como são. Martinho Lutero fez um comentário cheio de valor quando disse: “eu correria aos braços de Cristo, ainda que tivesse uma espada desembainhada em Sua mão.” Agora, Ele não tem uma espada desembainhada, senão que tem Suas feridas nas mãos. Corre aos Seus braços, pobre pecador. “Oh,” tu perguntas: “posso vir?” Como podes fazer esta pergunta? Se te ordena vir. O grande mandamento do Evangelho é: “Crê no Senhor Jesus Cristo.” Os que desobedecem este mandamento, desobedecem a Deus. É tão mandamento de Deus que o homem creia em Cristo, como o é que devemos amar a nosso próximo. Agora, como é um mandamento, eu tenho certamente o direito de obedecê-lo. Vocês podem ver que não há nenhuma dúvida; um pecador tem a liberdade de crer em Cristo porque lhe foi dito que o faça. Deus não lhe teria dito que fizesse algo que não devas fazer. Se te permite que creias. “Oh,” dirá alguém, “isso é tudo o que necessito saber. Eu creio que Cristo pode salvar perpetuamente. Posso descansar minha alma nele, e dizer que me submerja ou nada: bendito Jesus, Tu és o meu Senhor?” Dizes: Posso fazê-lo? Homem, se te manda que o faças! Oh, que possas fazê-lo. Lembre-se, nisto não está arriscando nada. O risco está em não fazê-lo. Arroja-te em Cristo, pecador. Descarte qualquer outra dependência e descanse unicamente nele. “Não,” dirá alguém, “eu não estou preparado.” Preparado, amigo? Então não me entendeste. Não é necessária nenhuma preparação; se trata de vir simplesmente como és. “Oh, não sinto minha necessidade o suficiente.” Eu sei que não. Mas, o que isso tem a ver? Se te ordena que se lances em Cristo. Não importa quão negro ou quão mau seja, confia nele. O que crê em Cristo será salvo, ainda que seus pecados sejam muitos; o que não crê será condenado, ainda que seus pecados sejam poucos. O grande mandamento do Evangelho é: “Crê.” “Oh,” alguém dirá, “devo dizer que Cristo morreu por mim?” Ah, eu não disse isso, tu o saberás logo. Essa pergunta não tem nada que ver contigo agora, teu assunto é crer em Cristo e confiar nele; arrojar-te em Seus braços. E que o Deus Espírito te conduza suavemente agora para que o faças.
Agora, pecador, aparta as tuas mãos de tua justiça própria. Abandona toda ideia de tornar-te melhor por meio de tuas próprias forças. Se deixe levar pela promessa. Diga:
“Ainda que não tenha nenhum argumento,
Exceto que Teu sangue foi derramado por mim,
E que me ordenas a vir a Ti;
Oh, Cordeiro de Deus! Eu venho, eu venho.”
Não podes confiar em Cristo para descobrir depois que te enganaste.
Agora, tenho me expressado com clareza? Se tiver aqui um grupo de pessoas endividadas, e se eu dissesse: “se vocês me confiarem suas dívidas, serão pagas, e nenhum credor os molestará adiante,” me entenderiam claramente. Como é que não podem entender que confiar em Cristo eliminará todas as vossas dívidas, removerá todos os vossos pecados, e serão salvos eternamente? Oh, Espírito do Deus vivo, abra o entendimento para recebê-lo, e o coração para obedecê-lo, e que muitas almas se lancem sobre Cristo. Sobre todos eles, assim como em todos os crentes, eu pronuncio a bênção, com a qual os despedirei: “Mas o Deus de toda a graça, que nos chamou à sua glória eterna em Jesus Cristo, depois que tenhais padecido um pouco de tempo, ele mesmo os aperfeiçoe, confirme, fortaleça e estabeleça!”. Amém
___________________
ORE PARA QUE O ESPIRITO SANTO USE ESSE SERMÃO PARA CONVERSÃO DE MUITAS ALMAS PARA CRISTO.
Tradução: Junior Rubira
Revisão e diagramção: Armando Marcos
Texto original: Una Bendicion de Año Nuevo, de Allan Román, traduzido de A NEW YEAR’S BENEDICTION, do Volume 6 do New Park Street Pulpit.



[1] Latitudinarianismo – foi um movimento de parte da Igreja Anglicana de alguns clérigos no século 18, que defendiam a tolerância religiosa e sustentou um meio termo entre o dogmatismo religioso e o ceticismo