quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Uma Benção de Ano Novo (C. H. Spurgeon)

Nº 292
Sermão pregado na manhã de Domingo, 1º de Janeiro de 1860,
por Charles Haddon Spurgeon.
Em Exeter Hall, Strand, Londres.
“Mas o Deus de toda a graça, que nos chamou à sua glória eterna em Jesus Cristo, depois que tenhais padecido um pouco de tempo, ele mesmo os aperfeiçoe, confirme, fortaleça e estabeleça.” 
1 Pedro 5:10.
O apóstolo Pedro passa da exortação para a oração. Ele sabia que a oração marca o fim da pregação no ouvinte, mas que a pregação do ministro deve ir sempre acompanhada de oração. Havendo exortado os crentes a caminhar com firmeza, dobra os seus joelhos e os encomenda a vigilância zelosa do céu, implorando sobre eles uma das maiores bênçãos que o coração mais afetuoso alguma vez haja suplicado.
O ministro de Cristo deve exercer dois ofícios ao povo que está ao seu cargo. Deve lhes falar por Deus e falar a Deus por eles. O pastor não terá cumprido todavia com toda a sua sagrada comissão quando houver declarado todo o conselho de Deus. Somente haverá cumprido uma metade. A outra parte deverá desempenhar em segredo, quando carregar em seu peito, como o sacerdote nos tempos antigos fazia, as necessidades, os pecados, as provações e as súplicas de seu povo diante de Deus. O dever diário do pastor cristão consiste por um lado em orar por seu povo, e por outro em exortar, instruir e consolar a esse povo.
Há, contudo, situações especiais quando o ministro de Cristo se vê constrangido a pronunciar uma bênção incomum sobre seu povo. Quando um ano de tribulação passa e outro ano de misericórdia começa, podemos expressar nossos sinceros agradecimentos por Deus ter nos preservado, e nossas fervorosas súplicas por milhares de bênçãos sobre as cabeças daqueles a quem Deus encomendou debaixo do nosso cuidado pastoral.
Esta manhã tomei este texto como uma bênção de ano novo. Vocês sabem que um ministro da Igreja da Inglaterra sempre me proporciona o tema para o novo ano. Ele ora muito antes de seleccionar o texto, e eu sei que hoje, está oferecendo esta precisa oração por todos vocês. Ele constantemente me favorece com um tema, e sempre considero meu dever pregar sobre ele, e desejar que meu povo o recorde ao longo de todo o ano para que sirva de apoio no tempo de sua tribulação, como um delicioso manjar, como uma bolacha com mel, como o pedaço do alimento de um anjo, que possa pôr sobre a sua língua e levá-lo até que finalize o ano, para logo recomeçar com outro doce texto. Que bênção maior poderia ter escolhido meu amigo ancião, de pé hoje em seu púlpito, levantando mãos santas para pregar ao povo em uma pacífica igreja camponesa? Que bênção maior poderia implorar ele para os milhares de Israel, que esta bênção que em seu nome pronuncio sobre vocês neste dia: “Mas o Deus de toda a graça, que nos chamou à sua glória eterna em Jesus Cristo, depois que tenhais padecido um pouco de tempo, ele mesmo os aperfeiçoe, confirme, fortaleça e estabeleça.”
Ao pregar sobre este texto, terei que explicar: primeiro o que o apóstolo pede ao céu; e logo, em segundo lugar por quê espera recebê-lo. A razão de sua esperança, de receber o que pede, está contida no título que utiliza para dirigir-se ao Senhor seu Deus: “MAS O DEUS DE TODA A GRAÇA, que nos chamou à sua glória eterna em Jesus Cristo”.
I. Então, em primeiro lugar, O QUE O APÓSTOLO PEDE PARA TODOS AQUELES A QUEM ESCREVEU ESTA EPÍSTOLA. Ele pede para eles quatro jóias resplandecentes colocadas sobre um negro pano de realce. As quatro jóias são estas: Perfeição, Confirmação, Fortalecimento e Estabelecimento. O negro pano de realce sobre o qual estão colocadas é este: “Depois que tenhais padecido um pouco de tempo.” As lisonjas do mundo valem pouco, pois como observa Chesterfield: Não custam nada exceto tinta e papel.” Devo confessar que creio que inclusive este pequeno gasto é um grande desperdício. As lisonjas mundanas geralmente omitem toda a ideia de aflição. “Um feliz Natal! Um próspero Ano Novo!” Não há nenhuma suposição de algo que se pareça ao padecimento. Mas as bênçãos cristãs apontam a verdade dos assuntos. Sabemos que os homens devem padecer. Cremos que os homens nascem para serem acumulados de dores da mesma maneira que a faísca nasce para voar ao alto; e por isso em nossa bênção incluímos o padecimento. E mais, vamos mais além, cremos que nossa tristeza nos ajudará a alcançar a bênção que invocamos sobre nossas cabeças. Nós, no vocabulário de Pedro, dizemos: “Depois que tenhais padecido um pouco de tempo, ele mesmo os aperfeiçoe, confirme, fortaleça e estabeleça”. Entendam então que, conforme eu mostre cada uma destas quatro jóias, devem observá-las e considerar que são desejadas para vocês, “depois que tenhais padecido um pouco de tempo”.
1. Agora a primeira jóia resplandecente neste diadema é a Perfeição. O apóstolo ora para que Deus nos aperfeiçoe. Certamente, ainda que esta seja uma oração para um longo período de tempo, e a jóia seja um diamante de belas águas e de tamanho excepcional, é absolutamente necessário que um cristão em última instância chegue à perfeição. Acaso nunca tiveram um sonho em suas camas, quando seus pensamentos vagueiam livremente e a boca de sua imaginação corre sem freio, e sua alma abre suas asas e flutua por todo o infinito, agrupando coisas estranhas e maravilhosas, de tal maneira que o sonho se desenvolvia em algo como um esplendor sobrenatural? Mas, subitamente foram despertados, e vocês lamentaram durante horas que o sonho não tivesse chegado a uma conclusão. E o que é um cristão, que não chega a perfeição, senão um sonho não concluído? Um sonho majestoso de todas as maneiras, e certamente, cheio das coisas que a terra não teria conhecido antes, se não fosse porque são reveladas pelo Espírito à carne e ao sangue.
Mas suponhamos que a voz do pecado nos espantasse antes que o sonho se concluísse, e como cada um se desperta, perdêssemos a imagem que começou a se formar em nossas mentes, o que seria de nós então? Remorsos eternos e uma multiplicação do tormento eterno seriam o resultado de haver começado a ser cristãos, se não alcançássemos a perfeição. Se pudesse existir tal coisa como um homem em quem se começou a obra da santificação, mas em quem Deus no Espírito cessou de operar; se pudesse existir um ser tão infeliz como para ser chamado pela graça para ser abandonado antes de ser aperfeiçoado, não haveria entre os condenados no inferno desventurado mais infeliz. Não seria uma bênção que Deus começasse a abençoar se não levasse à perfeição. Seria a maior maldição que a ira Onipotente poderia pronunciar: dar para um homem a graça, mas que essa graça não o conduzisse até o fim e não o pusesse com segurança no céu. 
Eu devo confessar que preferiria suportar os tormentos desse terrível arcanjo, Satanás, por toda a eternidade do que ter que sofrer como alguém a quem Deus uma vez amou, mas a quem depois reprovou. Mas isso não acontecerá jamais. A quem uma vez escolheu, Ele não o rejeitará. Sabemos que onde Ele começou uma boa obra, a aperfeiçoará até o dia de Jesus Cristo. Grandiosa é a oração, então, na qual o apóstolo pede que sejamos aperfeiçoados. O que seria de um cristão se não fosse aperfeiçoado? Nunca viram um painel sobre o qual a mão do pintor tenha esboçado com atrevido pincel alguma cena maravilhosa de grandeza? Vêem onde a viva cor tenha sido pintada com uma habilidade quase sobre-humana. Mas o artista caiu morto repentinamente e a mão que desenhou milagres de arte ficou paralisada e o pincel caiu. Acaso não é fonte de lamentos no mundo que alguma vez se tenha começado uma pintura que não pôde jamais ser terminada? Não viram o humano semblante divino em um relevo talhado em mármore? Viram a elegante habilidade do escultor e disseram a vocês mesmos: ‘Isto será algo maravilhoso!’ Que demonstração sem par de habilidade humana! Mas, Ah! Nunca foi completada, não se pôde terminar. E poderiam imaginar, qualquer um de vocês, que Deus começara a esculpir um ser perfeito e que não o terminara? Pensam que a mão da sabedoria divina esboçaria ao cristão sem completar seus detalhes? Acaso Deus nos tomou da pedreira como uma pedra sem lavrar, e começou a esculpir em nós, e a mostrar Sua arte divina, Sua maravilhosa sabedoria e graça, para logo nos lançar fora? Acaso Deus falhará? Deixará, por acaso, que Suas obras sejam imperfeitas? Leitores, mostrem se podem, algum mundo que Deus haja abandonado sem poder terminar. Há alguma partícula em Sua criação na qual Deus tenha começado a construir algo, mas que tenha sido incapaz de concluir? Acaso deixou incompleto algum anjo? Há, por acaso, uma só criatura da qual não se possa dizer: “É muito boa?”
E se dirá da criatura formada duas vezes: do eleito de Deus, do comprado com sangue, acaso se dirá: “O Espírito começou a operar no coração deste homem, mas o homem foi mais poderoso que o Espírito, e o pecado venceu a graça; Deus teve que fugir e Satanás triunfou, e o homem nunca foi aperfeiçoado?” Oh, meus queridos irmãos, a oração será ouvida. Depois que tenhais padecido um pouco de tempo, Deus os aperfeiçoará, se Ele começou a boa obra em vocês.
Mas, amados, deve ser depois que tenham padecido um pouco de tempo. Não poderão ser aperfeiçoados, exceto pelo fogo. Não há outra forma de lhes tirar a sua escória e suas impurezas senão por meio das chamas da fornalha da aflição. Filhos de Deus, vossa insensatez está tão ligada a seus corações, que nada senão a vara pode extirpá-la. É através das marcas de seus ferimentos que seu coração é melhorado. Devem passar pela tribulação para que, por meio do Espírito, possa funcionar como fogo purificador para vocês; para que uma vez purificados, santos, acrisolados, e lavados, compareçam diante da face de Deus, isentos de toda imperfeição, e livres de toda corrupção interna.
2. Prossigamos agora para a segunda jóia de bênção: Confirmação. Não é suficiente que o cristão tenha recebido um aperfeiçoamento proporcional, se não é confirmado. Vocês já viram um arco-iris no céu quando se faz visível pela planície: suas cores são gloriosas, e suas nuances são excepcionais. Ainda que o tenhamos visto muitíssimas vezes, nunca deixa de ser “algo belíssimo e um gozo constante.” Mas que lástima do arco-íris, não está confirmado. Se desvanece e aqui já não está. As belas cores cedem passo às nuvens carregadas e a abóbada celeste já não brilha com as tinturas do céu. Não está confirmado. Como pode ser isto? Algo que está feito de raios passageiros do sol e gotas instáveis da chuva, como poderia permanecer? E fixem nisto, quanto mais bela é a visão, mais desconsolada é a reflexão quando essa visão se desvanece, e não fica nada senão escuridão.
Então, ser confirmado é algo extremamente desejável para o cristão. De todas as concepções conhecidas de Deus, junto ao Seu Filho encarnado, não duvido em pronunciar ao cristão a mais nobre concepção de Deus. Mas se esta concepção não fosse senão um arco-íris pintado na nuvem, para desaparecer para sempre, não valeria nada o dia em que nossos olhos foram atraídos para ver o inatingível, com uma sublime visão que logo se vai derreter. O cristão não é melhor que a flor do campo, que hoje está e que se seca quando se levanta o sol com calor abrasador, a menos que Deus o confirme. Qual é a diferença entre o herdeiro do céu, o filho de Deus comprado com sangue, e a erva do campo?
Oh, que Deus lhes outorgue esta rica bênção, para que não sejam como o fumo de uma chaminé, que é rapidamente dispersado pelo vento: que sua bondade não seja como a nuvem da manhã, nem como o orvalho temporão que se evapora; senão que sejam confirmados, e que cada bem que tenham seja um bem permanente. Que seu carácter não seja como as letras escritas sobre areia, senão uma inscrição na rocha. Que sua fé não seja como “a urdidura sem marco de uma visão,” senão que esteja construída com material de pedra que aguentará esse horrível incêndio que consumirá a madeira, o feno e a ninhada do hipócrita. Que estejamos cimentados e arraigados no amor, que suas convicções sejam profundas. Que seu amor seja real. Que seus desejos sejam sinceros. Que sua vida inteira esteja estabelecida, fixada e confirmada, para que todos os fortes ventos do inferno e todas as tormentas da terra sejam incapazes de lhes perturbar.
Vocês sabem que consideramos que alguns cristãos estão bem confirmados há muito tempo. Tenho temor, na verdade, que hajam muitos que são velhos, mas que não tenham sido confirmados. Uma coisa é ter o cabelo branco pelos anos, mas outra coisa muito diferente é que obtenhamos sabedoria. Há alguns que não se tornam mais sábios apesar de toda a sua experiência. Ainda que seus dedos estejam bem cobertos pela experiência, não aprenderam nessa escola. Sei que há muitos velhos cristãos que podem dizer de si mesmos, e dizê-lo também com muita tristeza, que gostariam de voltar a ter suas oportunidades, para poder aprender mais, e poder estar mais confirmados. Lhes ouvimos cantar: 
“Descubro que sou um aprendiz, todavia,
Incapaz, débil e pronto para errar.”
Sem dúvidas, eu oro para que a bênção do apóstolo seja derramada em nós, independentemente que sejamos jovens ou velhos, mas especialmente naqueles que têm conhecido por muito tempo ao seu Senhor e Salvador. Vocês não devem estar sujeitos agora a essas dúvidas que maltratam aos bebês na graça. Não se lhes deve estar ensinando sempre os primeiros rudimentos: devem prosseguir para algo mais elevado. Estão se aproximando do céu; oh, a que se deve que não tenham chegado todavia a terra prometida, a essa terra que mana leite e mel? Certamente suas titubeações não combinam com os cabelos grisalhos. Dá a impressão que foram branqueando com a luz do sol do céu. Como é possível que seus olhos não dispensem algo dessa luz? Nós que somos jovens buscamos um exemplo em vocês, que são cristãos bem confirmados; e se lhes vemos duvidar, e lhes ouvimos falando com lábios temerosos, então nos abatemos de um alto degrau. Oramos por nós e por vós, para que esta bênção se cumpra em vocês, para que possam ser confirmados. Para que não se exercitem mais na dúvida. Para que conheçam seus interesses em Cristo. Para que se sintam seguros Nele. Para que descansando na rocha das eras possam saber que não perecerão enquanto estiverem fixados ali. De fato oramos por todos, independentemente de sua idade, para que nossa esperança esteja posta unicamente no sangue e na justiça de Jesus, e que esteja tão firmemente arraigada, que não seja sacudida jamais, senão que sejamos como o monte Sião, inabalável e que permanece para sempre.
Desta maneira tenho explicado sobre a segunda jóia desta bênção. Mas, lembrem-se, não podemos obtê-la senão depois de haver padecido um pouco de tempo. Não podemos ser confirmados exceto por meio do padecimento. É inútil esperar que estaremos bem arraigados sem que os ventos de Março não tenham soprado sobre nossas cabeças. Não esperemos que o jovem carvalho lance suas raízes tão profundamente como o carvalho velho. Esses velhos laços nas raízes, essas estranhas quebras dos galhos, todos falam das muitas tormentas que hão açoitado à antiga árvore. Mas são indicadores também das profundezas a que se submergiram as raízes; e todos dizem ao lenhador que espere partir primeiro uma montanha que arrancar esse carvalho de raízes. Devemos padecer um pouco de tempo, para logo sermos confirmados.
3. Agora vamos comentar a terceira bênção, que é o Fortalecimento. Ah, irmãos, esta é uma bênção muito necessária para todos os cristãos. Há alguns que parecem estar fixados e confirmados. Mas todavia carecem de força e de vigor. Me permitem dar-lhes um retrato de um cristão sem forças? Ali o têm. Ele tem apoiado a causa do Rei Jesus. Se vestiu de sua armadura; se alistou no exército celestial. Podem observá-lo? Está perfeitamente armado da cabeça aos pés, e leva consigo o escudo da fé. Podem ver também quão firmemente está confirmado? Mantém seu lugar, e não será movido dali. Mas, vejam-no, Quando usa sua espada, golpeia com pouquíssima força. Seu escudo, ainda que o sustenha tão firmemente como sua debilidade o permita, treme em seu punho. Ali está e não se moverá. Sem dúvidas, quão oscilante é a sua posição. Seus joelhos se chocam com espanto quando ouve o som e o ruído da guerra e do tumulto. Do que precisa este homem? Sua vontade é correcta, e seu coração está posto plenamente nas coisas boas. O que precisa? Necessita força. O pobre homem é fraco e se assemelha à uma criança. Seja que foi alimentado com comida mal temperada e insubstancial, ou por conta de algum pecado que o perseguiu, não tem força nem a vitalidade que deveria habitar um cristão. Mas uma vez que a oração de Pedro seja respondida para ele, quão forte se tornará. Em todo o mundo não há uma criatura tão forte como um cristão quando Deus está com ele.
Fale de Behemot! Não é nada senão algo muito pequeno. Seu poder é fraqueza quando se lhe compara ao crente. Fale de Leviatan! Que faz que o abismo seja branco! Ele não é o chefe dos caminhos de Deus. O verdadeiro crente é mais poderoso que ele. Nunca viram ao cristão quando Deus está com ele? Cheira a batalha desde longe, e clama em meio do tumulto: “Vamos! Vamos! Vamos!” Se ri de todas as hostes inimigas. Ou se comparas com Leviatan: se é arrojado em um mar em tribulação, dá chicotadas por todos os lados e faz que o abismo se torne branco com bênçãos. As profundezas não lhe surpreendem, nem teme as rochas; tem a proteção de Deus ao seu redor, e as águas não podem sufocar-lhe; e mais, se tornam um elemento de deleite para ele, quando por graça de Deus se regozija em meio das altas ondas.
Se querem uma prova de força de um cristão, somente têm que revisar a história, e poderão ver como os crentes apagaram a violência do fogo, fecharam as bocas dos leões, agitaram os punhos diante da pavorosa morte, se riram até do desprezo dos tiranos, e puseram em fuga aos exércitos inimigos, por meio do poder superior da fé em Deus. Rogo a Deus, meus irmãos, que lhes fortaleça este ano.
Os cristãos desta época são pessoas fracas. É algo notável que agora a grande maioria dos filhos nasce débil. Vocês me pedem as evidências disto. Posso fornecê-las de imediato. Vocês sabem que a Liturgia da Igreja da Inglaterra se instrui e se ordena que todos os filhos sejam submersos no batismo, exceto aqueles que tenham uma débil condição certificada. Agora, seria pouco compassivo imaginar que as pessoas sejam culpadas de falsidade quando cumprem o que consideram uma ordenança sagrada; e portanto, como quase todos os filhos são agora borrifados e não submersos, eu suponho que todos nascem fracos. Não vou dizer se isso explica o fato que todos os cristãos sejam tão débeis, mas é certo que não temos muitos gigantes cristãos em nossos dias.
Por aqui e por ali ouvimos de alguém, ao que somente lhe faz falta operar milagres nestes tempos modernos, e ficamos atónitos. Oh, que vocês tivessem fé como estes homens! Não creio que haja mais piedade agora do que se procurava ter nos dias dos puritanos. Creio que há muitos mais homens piedosos; mas enquanto a quantidade se multiplicou, temo que a qualidade tenha sido desprezada. Naqueles dias o ribeiro da graça era na verdade muito profundo. Alguns daqueles velhos puritanos, (quando lemos sobre sua devoção, e sobre as horas que passaram em oração), pareciam ter tanta graça como qualquer centena de nós. O ribeiro era muito profundo. Mas agora as margens perderam sua forma e grandes pastagens foram inundadas pela água. Até ali vamos bem. Mas ainda que a superfície tenha se expandido, temo que a profundidade tenha diminuído espantosamente. E esta pode ser a explicação: que devido a que nossa piedade se tornou mais superficial, nossa força se debilitou. Oh, que Deus lhes fortaleça este ano!
Mas recordem, se Ele o fizer, então terão que padecer. “Depois que tenhais padecido um pouco de tempo,” que Ele lhes fortaleça. As vezes fazem uma operação nos cavalos que alguém consideraria cruel: os cauterizam para fortalecer seus tendões. Agora, cada cristão antes que seja fortalecido deve ser cauterizado. Seus nervos e seus tendões devem ser fortificados com o ferro incandescente da aflição. Nunca serás forte em graça, a menos que primeiro padeças um pouco de tempo.
4. E agora me referirei a última das quatro bênçãos: “Estabelecimento.” Não direi que esta última bênção é maior que as outras três, mas é um degrau para cada uma delas; e é estranho dizê-lo, é muitas vezes o resultado da obtenção gradual das três bênçãos precedentes. “Estabelece-te!” Oh, quantos andam por aí que não se estabeleceram jamais. A árvore que é transplantada a cada semana morrerá rapidamente. E mais, se fosse trocada, não importa quão habilmente, uma vez ao ano, nenhum jardineiro esperaria fruto dela. Quantos cristãos existem que estão sendo transplantados constantemente, inclusive enquanto aos seus sentimentos doutrinários. Há alguns que crêem segundo o último pregador; e há outros que não sabem em quê crêem, mas crêem em quase tudo o que lhes falam.
O espírito de caridade cristã, tão cultivado nestes dias, e que todos amamos tanto, tem ajudado, temo, a trazer ao mundo uma espécie de latitudinarismo[1]; ou em outras palavras, os homens têm chegado a crer que não importa em quê creiam; que ainda que um ministro diga é assim, e o outro diga não é assim, sem dúvidas os dois estão no correto; que ainda que nos contradigamos absolutamente um ao outro, apesar disso, ambos temos a razão. Eu não sei onde fabricaram o juízo aos homens, mas a meu parecer, sempre se considera impossível crer em uma contradição. Não posso entender nunca como sentimentos tão contrários possam ser conformados à Palavra de Deus, que é a norma da verdade. Mas há alguns que são como um campanário sobre a torre de uma igreja, pois se voltam para onde sopre o vento. Como disse o bom senhor Whitefield: “seria mais fácil medir a lua para vestí-la, que identificar seus pensamentos doutrinários,” pois sempre estão variando e sempre estão trocando.
Agora, eu rogo que vocês sejam livrados disto, se é essa a vossa debilidade, e que possam ser estabelecidos. Que a intolerância seja arremessada para longe de nós. Sem dúvida, eu desejo que o cristão saiba o que considera que é verdade e logo o sustente. Tomem seu tempo para examinar a controvérsia, mas uma vez que tenham decidido, que não sejam convencidos com facilidade. Seja Deus verdadeiro, ainda que todo homem seja mentiroso; e sustenham que o que esteja de acordo com a Palavra de Deus um dia, não pode ser contrário a ela outro dia; que o que foi certo na época de Lutero e na época de Calvino deve ser certo agora; que as falsidades podem variar, pois têm uma aparência multiforme; mas a verdade é uma, é indivisível e para sempre a mesma. Que outros pensem o que queiram. Concedam maior latitude ao demais, mas vocês não se permitam a nenhuma falsidade. Permaneçam firmes e inabaláveis segundo lhes foi ensinado, e sempre busquem o espírito do apóstolo Paulo, “se alguém ensina um evangelho diferente do que haveis recebido, seja anátema”. Sem dúvida, como quero que estejam firmes em sua doutrina, minha oração é que estejam especialmente estabelecidos em vossa fé. Vocês crêem em Jesus Cristo, o Filho de Deus, e descansam nele. Mas algumas vezes vacilam; então perdem o vosso gozo e consolo. Eu peço para que sua fé esteja estabelecida, que nunca duvidem se Cristo é vosso ou não, senão que digam confiadamente: “Eu sei em quem tenho crido, e estou seguro que é poderoso para guardar o meu depósito”. Oro para que estejam estabelecidos em vossas metas e propósitos.
Há muitas pessoas cristãs que têm uma ideia muito boa em suas cabeças, mas nunca a implementam, porque perguntam ao amigo qual é a sua opinião. “Não é grande coisa,” responde. Por suposto que não. Quem tem em alta opinião as idéias dos outros? E de imediato, a pessoa que a concebeu renuncia a ela, e a obra nunca se completa. Quantos homens em seus ministérios começaram a pregar o Evangelho, e permitiram que algum membro da igreja, possivelmente algum diácono, lhe incitasse a orelha levando-se um pouco por essa direção. Mais tarde, algum outro irmão considerou conveniente incitá-lo em direção contrária. O homem perdeu o seu brio. Nunca se estabeleceu quanto ao que deve fazer; e agora se converteu em um simples lacaio, esperando a opinião de cada um, desejoso de adotar o que outros concebam que é o correto.
Agora, lhes peço que estejam estabelecidos em suas metas. Vejam qual é o lugar que Deus quer que ocupem. Parem ali, não saiam apesar de todas zombarias que tenham que suportar. Se crêem que Deus lhes chamou para uma obra, façam-a. Se os homens lhes ajudam, lhes agradeçam. Se não lhes ajudam, digam-lhes que se apartem de seu caminho ou serão atropelados. Que nada os intimide. Quem quiser servir ao seu Deus deve estar preparado algumas vezes a servir-lhe sozinho. Nem sempre lutaremos em meio as fileiras. Há momentos nos quais o Davis do Senhor deve pelejar sozinho com os Golias, e devem tomar consigo cinco pedras do riacho em meio ao escárnio de seus irmãos, e contudo, com suas armas, eles estarão confiados na vitória pela fé em Deus. Não permitam que lhes tirem da obra na qual Deus os pôs. Não se cansem de fazer o bem, pois ao seu devido tempo, colherão se não desfalecerem. Estejam estabelecidos. Oh, que Deus derrame esta rica bênção em vós.
Mas não estarão estabelecidos a menos que padeçam. Padecendo, ficarão em sua fé e estabelecidos em suas metas. Os homens são animais invertebrados nestes dias. Não contamos com os homens resistentes que sabem que têm razão e a sustentam. Ainda quando um homem esteja equivocado, alguém verdadeiramente admira sua retidão quando se levanta crendo que possui a razão e se atreve a enfrentar as ameaças do mundo. Mas quando um homem tem a razão, o pior que lhe pode ocorrer é que seja inconstante, que vacile, que os homens o intimidem. Lança isso para longe de ti, cavaleiro da santa Cruz, e seja firme se quer sair vitorioso. O coração desfalecente jamais tomou de assalto nenhuma cidade, e você nunca vencerá nem será coroado de honra, se teu coração não se endurece frente a cada investida e se não estás estabelecido em tua intenção de honrar ao teu Senhor e de ganhar a coroa.
Desta maneira termino de explicar a bênção.
II. Agora, lhes peço vossa atenção por mais alguns momentos, para observar AS RAZÕES PELAS QUAIS O APÓSTOLO ESPERAVA QUE ESTÁ ORAÇÃO FOSSE OUVIDA. Ele pedia que fossem aperfeiçoados, confirmados, fortalecidos e estabelecidos. Incredulidade sussurrou ao ouvido de Pedro: “Pedro, pedes demasiado. Sempre foste teimoso. Tu disseste: 'Manda que eu vá a ti sobre as águas.' Certamente que este é outro exemplo da tua presunção. Se tivesses dito: 'Senhor, santifica-me,' não teria sido uma oração suficiente? Não pediste demasiado?” “Não,” disse Pedro; e respondeu para a Incredulidade: “estou seguro que receberei o que tenho pedido; pois em primeiro lugar estou pedindo ao Deus de toda a graça: o Deus de toda graça.” Não somente o Deus das pequenas graças recebidas, senão o Deus da grandiosa graça ilimitada que está armazenada para nós na promessa, mas que todavia não temos recebido em nossa experiência. “O Deus de toda graça;” da graça que revive, que convence, que perdoa, que crê, o Deus de toda graça que consola, apoia, e sustêm. Certamente, quando viermos a Ele, não poderemos vir pedindo demasiado. Se Ele é o Deus, não de uma graça, senão de todas as graças; se nele está armazenada provisão infinita, ilimitada, inacabável, como poderíamos pedir demasiado, ainda que peçamos que cheguemos a ser perfeitos?
Crente, quando estiver de joelhos, lembre-se que estás indo até um Rei. Que suas petições sejam grandes. Imite o exemplo de um cortesão de Alexandre o Grande, que quando se lhe disse que podia receber o que pedisse como recompensa por seu valor, pediu uma soma de dinheiro tão grande que o tesoureiro de Alexandre recusou entregá-la sem falar primeiro com o monarca. Quando viu o monarca, este sorriu e lhe disse: “Em verdade é demasiado isso que pedes, mas não é demasiado para que Alexandre lhe conceda. Lhe admiro por sua fé em mim; entregue-lhe tudo o que pedir”. Me atreverei a pedir que meu temperamento colérico me seja tirado, que minha rebeldia seja extirpada, e minhas imperfeições sejam cobertas? Posso pedir ser semelhante a Adão no jardim, não, mais ainda, tão puro e perfeito como o próprio Deus? Posso pedir que um dia caminhe pelas ruas de ouro, e “cingido com as vestes do meu Salvador, santo como o santo,” estar no pleno brilho da glória de Deus, e clamar: “Quem acusará aos escolhidos de Deus?” Sim, posso solicitá-lo, e o terei, pois Ele é o Deus de toda graça.
Olhem novamente o texto, e vejam outra razão pela qual Pedro sabia que sua oração seria ouvida: “Mas o Deus de toda graça, que nos chamou.” Incredulidade poderia ter dito a Pedro: “Ah, Pedro, é verdade que Deus é o Deus de toda graça, mas Ele é uma fonte fechada, como águas seladas.” “Ah,” disse Pedro, “venha aqui, Satanás; não saboreias as coisas de Deus. Não é uma fonte selada de toda a graça, pois já começou a fluir.” “Mas o Deus de toda a graça, que nos chamou”. O chamado é a primeira gota de misericórdia que caiu nos lábios sedentos do moribundo. O chamado é o primeiro anel de ouro da corrente de eternas misericórdias. Não o primeiro em ordem de tempo com Deus, senão o primeiro em ordem de tempo conosco. O primeiro que conhecemos de Cristo em Sua misericórdia, é o que Ele clama: “Vinde a mim todos que estais cansados e sobrecarregados,” e que por meio de Seu doce Espírito se dirige a nós, de tal forma que obedecemos ao chamado e viemos a Ele.
Agora observem, se Deus me chamou, posso pedir-lhe que me confirme e guarde; posso pedir-lhe que conforme transcorram os anos, minha piedade não se apague; posso pedir que a sarça arda, mas que não se consuma, que a panela de farinha não escasseie e a vasilha de azeite não diminua. Me atreverei a pedir que até a última hora de vida possa ser fiel a Deus, porque Deus é fiel comigo? Sim, posso pedi-lo, e também o obterei: porque o Deus que chama dá o repouso. “Porque aos que antes conheceu, também os predestinou… E aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou”. Pensa em teu chamado, cristão, e tenha ânimo: “Porque irrevogáveis são os dons e o chamado de Deus”. Se Ele te chamou, nunca se arrependerá do que fez, nem cessará de abençoar e nem cessará de salvar.
Mas creio que há uma razão ainda mais poderosa: “Mas o Deus de toda a graça, que nos chamou à sua glória eterna.” Querido leitor, Deus te chamou? Sabes para quê te chamou? Primeiro te chamou a casa da convição, de onde te fez sentir teu pecado. Logo te chamou ao cimo do Calvário, de onde viste realmente teu pecado expiado e teu perdão selado com o sangue precioso. E agora Ele te chama. E de onde te chama? Ouço uma voz hoje: a incredulidade me diz que há uma voz que está me chamando para as ondas do Jordão. Oh, incredulidade! É verdade que minha alma tem que caminhar através das ondas tormentosas desse mar. Mas a voz provém das profundezas da tumba, provém da glória eterna. Ali onde Jeová se senta resplandecente em Seu trono, rodeado de querubins e serafins, desde o brilho que os anjos não se atrevem a olhar, escuto uma voz: “Venha a Mim, pecador lavado com o sangue, venha a Minha glória eterna.” Oh, céus! Não é este um maravilhoso chamado? Ser chamado à glória, chamado às ruas brilhantes e às portas de pérolas, ser chamado a ouvir as harpas e hinos de felicidade eterna, e ainda melhor, ser chamado ao peito de Jesus, chamado a ver a face de Seu Pai, chamado não à glória eterna, senão à Sua glória eterna, chamado à essa mesma glória e honra com as quais Deus se cercou para sempre.
E agora amados, é demasiado grande qualquer oração depois disto? Deus me chamou ao céu, e há algo na terra que Ele me negue? Se Ele me chamou para morar no céu, acaso não é necessária a perfeição para mim? Por isso, não posso pedi-la? Se Ele me chamou à glória, não é necessário que eu seja fortalecido para combater em meu caminho até lá? Acaso não posso pedir para ser fortificado? E mais, se há na terra uma misericórdia demasiadamente grande para que pense nela, demasiadamente grande para ser concebida, demasiadamente pesada para que minha língua a leve diante do trono em oração, Ele fará por mim muitíssimo mais abundantemente do que o que eu possa pedir, ou que possa alguma vez imaginar. Sei que o fará, pois me chamou à Sua glória eterna.
A última razão, pela qual o apóstolo esperava que sua bênção fosse derramada, é esta: “Que nos chamou à sua glória eterna em Jesus Cristo”. É um fato singular que nenhuma promessa seja tão doce para o crente como aquela na qual o nome de Cristo é mencionado. Se tenho que pregar um sermão de consolo para cristãos deprimidos, nunca escolheria um texto que não me permitisse guiar a pessoa deprimida até a cruz. Não lhes parece demasiado, irmãos e irmãs, neste dia, que o Deus de toda graça seja seu Deus? Acaso não ultrapassa a vossa fé, que Ele efetivamente os haja chamado? Não se perguntam as vezes se em verdade foram chamados? Quando pensam na glória eterna, surge a pergunta: “Eu a gozarei alguma vês? Alguma vez verei a face de Deus com aceitação?” Oh amados, quando ouvem de Cristo, quando sabem que Sua graça vem por meio de Cristo, e o chamado através de Cristo, e a glória por meio de Cristo, então dizem: “Senhor, posso crer agora, se é por meio de Jesus Cristo”. Não é difícil crer que o sangue de Cristo fora suficiente para comprar todas as bênçãos para mim. Se eu vou ao tesouro de Deus sem Cristo, temo pedir qualquer coisa, mas quando Cristo está comigo, então posso pedir-lhe tudo. Com certeza creio que Ele o merece ainda que eu não o mereça. Se posso argumentar Seus méritos, então não tenho medo de suplicar. Acaso a perfeição é uma bênção demasiadamente grande para que Deus a dê a Cristo? Oh, não. Guardar a estabilidade e a preservação dos comprados com o sangue, é, acaso, uma recompensa demasiadamente grande para as terríveis agonias e sofrimentos do Salvador? Não o creio. Então podemos suplicar com confiança, porque tudo vem a nós por meio de Cristo.
Para concluir, quero fazer este comentário. Desejo, meus irmãos e irmãs, que durante este ano possam viver mais perto de Cristo do que hajam vivido antes. Estejam convencidos disto: quando pensamos muito em Cristo é quando pensamos menos em nós mesmo, em nossas aflições, e nas dúvidas e temores que nos assediam. Comecem a fazer isto neste dia, e que Deus lhes ajude. Não permitam que passe nenhum dia sobre vossas cabeças, sem uma visita ao jardim do Getsêmani e à cruz do Calvário.
E quanto a alguns de vocês que não são salvos, e conheceram ao Redentor, Deus quer que venham a Cristo neste mesmo dia. Me atrevo a dizer que vocês crêem que vir a Cristo é algo terrível: que necessitam estar preparados antes que possam vir; que Ele será duro e rigoroso convosco. Quando os homens têm que ir ao advogado, podem tremer; quando têm que visitar ao médico, podem sentir temor; ainda que ambos tipos de profissionais não sejam bem-vindos, em muitas ocasiões são necessários. Mas quando venham a Cristo, podem vir com ousadia. Não precisam pagar honorários; não é necessária preparação. Podem vir tal como são. Martinho Lutero fez um comentário cheio de valor quando disse: “eu correria aos braços de Cristo, ainda que tivesse uma espada desembainhada em Sua mão.” Agora, Ele não tem uma espada desembainhada, senão que tem Suas feridas nas mãos. Corre aos Seus braços, pobre pecador. “Oh,” tu perguntas: “posso vir?” Como podes fazer esta pergunta? Se te ordena vir. O grande mandamento do Evangelho é: “Crê no Senhor Jesus Cristo.” Os que desobedecem este mandamento, desobedecem a Deus. É tão mandamento de Deus que o homem creia em Cristo, como o é que devemos amar a nosso próximo. Agora, como é um mandamento, eu tenho certamente o direito de obedecê-lo. Vocês podem ver que não há nenhuma dúvida; um pecador tem a liberdade de crer em Cristo porque lhe foi dito que o faça. Deus não lhe teria dito que fizesse algo que não devas fazer. Se te permite que creias. “Oh,” dirá alguém, “isso é tudo o que necessito saber. Eu creio que Cristo pode salvar perpetuamente. Posso descansar minha alma nele, e dizer que me submerja ou nada: bendito Jesus, Tu és o meu Senhor?” Dizes: Posso fazê-lo? Homem, se te manda que o faças! Oh, que possas fazê-lo. Lembre-se, nisto não está arriscando nada. O risco está em não fazê-lo. Arroja-te em Cristo, pecador. Descarte qualquer outra dependência e descanse unicamente nele. “Não,” dirá alguém, “eu não estou preparado.” Preparado, amigo? Então não me entendeste. Não é necessária nenhuma preparação; se trata de vir simplesmente como és. “Oh, não sinto minha necessidade o suficiente.” Eu sei que não. Mas, o que isso tem a ver? Se te ordena que se lances em Cristo. Não importa quão negro ou quão mau seja, confia nele. O que crê em Cristo será salvo, ainda que seus pecados sejam muitos; o que não crê será condenado, ainda que seus pecados sejam poucos. O grande mandamento do Evangelho é: “Crê.” “Oh,” alguém dirá, “devo dizer que Cristo morreu por mim?” Ah, eu não disse isso, tu o saberás logo. Essa pergunta não tem nada que ver contigo agora, teu assunto é crer em Cristo e confiar nele; arrojar-te em Seus braços. E que o Deus Espírito te conduza suavemente agora para que o faças.
Agora, pecador, aparta as tuas mãos de tua justiça própria. Abandona toda ideia de tornar-te melhor por meio de tuas próprias forças. Se deixe levar pela promessa. Diga:
“Ainda que não tenha nenhum argumento,
Exceto que Teu sangue foi derramado por mim,
E que me ordenas a vir a Ti;
Oh, Cordeiro de Deus! Eu venho, eu venho.”
Não podes confiar em Cristo para descobrir depois que te enganaste.
Agora, tenho me expressado com clareza? Se tiver aqui um grupo de pessoas endividadas, e se eu dissesse: “se vocês me confiarem suas dívidas, serão pagas, e nenhum credor os molestará adiante,” me entenderiam claramente. Como é que não podem entender que confiar em Cristo eliminará todas as vossas dívidas, removerá todos os vossos pecados, e serão salvos eternamente? Oh, Espírito do Deus vivo, abra o entendimento para recebê-lo, e o coração para obedecê-lo, e que muitas almas se lancem sobre Cristo. Sobre todos eles, assim como em todos os crentes, eu pronuncio a bênção, com a qual os despedirei: “Mas o Deus de toda a graça, que nos chamou à sua glória eterna em Jesus Cristo, depois que tenhais padecido um pouco de tempo, ele mesmo os aperfeiçoe, confirme, fortaleça e estabeleça!”. Amém
___________________
ORE PARA QUE O ESPIRITO SANTO USE ESSE SERMÃO PARA CONVERSÃO DE MUITAS ALMAS PARA CRISTO.
Tradução: Junior Rubira
Revisão e diagramção: Armando Marcos
Texto original: Una Bendicion de Año Nuevo, de Allan Román, traduzido de A NEW YEAR’S BENEDICTION, do Volume 6 do New Park Street Pulpit.



[1] Latitudinarianismo – foi um movimento de parte da Igreja Anglicana de alguns clérigos no século 18, que defendiam a tolerância religiosa e sustentou um meio termo entre o dogmatismo religioso e o ceticismo

domingo, 25 de dezembro de 2011


“Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mateus 1:21).
Não precisamos ir mais longe do que isso para entender o significado do Natal. Está tudo no nome do Menino.
De acordo com o relato acima do Evangelho de Mateus, o nome de Jesus Cristo foi dado pelo anjo Gabriel quando anunciou seu nascimento a José, desposado com a virgem Maria. Gabriel não somente disse que Maria estava grávida pelo Espírito Santo de Deus como orientou José a chamar o filho de “Jesus”.
A razão para este nome, cuja raiz em hebraico significa “salvar,” é que aquele menino, filho de Maria e Filho de Deus, haveria de salvar o seu povo dos seus pecados, conforme anunciou o anjo.
Não precisamos ir mais longe do que isso para entender o significado do Natal. Está tudo no nome do Menino. No nome dele, Jesus, temos a razão para seu nascimento, a sua identidade e a missão de sua vida. Em outras palavras, aquilo que o Natal realmente representa.
A razão do seu nascimento é simplesmente esta, que somos pecadores, estamos perdidos, não podemos resolver este problema por nós mesmos e precisamos desesperadamente de um Salvador, alguém que nos livre das consequências passadas, presentes e futuras dos nossos erros. Deus atendeu nossa necessidade escolhendo um homem como nós para ser nosso representante e Salvador, alguém que partilhasse da nossa humanidade e fosse um de nós. Esse homem nasceu há dois mil anos naquela manjedoura da cidade de Belém, num pais remoto, lá no Antigo Oriente. E ganhou o nome de Jesus por este motivo.
Sua missão era assumir nosso lugar como nosso representante diante de Deus e sofrer todas as consequências de nossos pecados, erros, iniqüidade, desvios e desobediências. Em vez de castigar-nos com a morte eterna, como merecemos, Deus faria com que ele a experimentasse em nosso lugar, que ele experimentasse toda dor e sofrimento conseqüentes dos nossos pecados. Essa missão foi revelada logo ao nascer pelo anjo Gabriel ao recitar seu nome a José: Jesus.
Para nos salvar de nossos pecados, ele teria de sofrer e morrer, ser sepultado, ficar sob o domínio da morte e desta forma pagar inteiramente nossa dívida para com Deus. Somente assim poderíamos ser salvos das consequências eternas de nossa desobediência. Mas, para que os benefícios de seu sofrimento e de sua morte pudessem ser transferidos a outros seres humanos, ele não poderia ter pecado ou culpa pois, senão, ao morrer, estaria simplesmente recebendo o salário do seu próprio pecado. Mas, se ele fosse inocente, sem pecado e perfeito, sua morte teria valor para os pecadores. Por este motivo, ele foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria, ainda virgem, Filho de Deus, sem pecado. O Salvador tinha que ser Deus e homem ao mesmo tempo.
Quando um colunista, que objeta ao nascimento sobrenatural de Jesus, escreveu recentemente em um jornal de grande circulação de São Paulo que virgens não dão à luz todos os dias, ele estava mais certo do que pensava. Esse é o único caso. Jesus é único. Deus e homem numa só pessoa. Nem antes e nem depois dele virgens engravidam sobrenaturalmente. Da mesma forma que Deus não cria mundos todos os dias, também não gera salvadores de virgens cotidianamente. Pois nos basta este.
O famoso teólogo suíço Emil Brunner disse que todo homem tem um problema no passado, no presente e no futuro. No passado, culpa. No presente, medo. E no futuro, a morte. Jesus nos salva de todas estas consequências do pecado: nos perdoa da culpa de nossos erros passados, nos livra no presente do medo ao andar conosco e nos livrará da morte pois ressurgiu dos mortos e vive à direita de Deus. Um dia haverá de nos ressuscitar.
É isto que o Natal representa. É por isto que os cristãos o celebram com tanta gratidão e alegria. Nasceu o Salvador. Nasceu Jesus! Como este anúncio alegra o coração daqueles que têm culpa, sentem medo e sabem que vão morrer!
Por Augustus Nicodemus Lopes | tempora-mores.blogspot.com
FONTE:
www.voltemosaoevangelho.com

Devemos comemorar o Natal?

Muito se tem falado contra o Natal. Os principais argumentos são (1) origens pagãs ou católicas, (2) a influência mercadológica nos dias de hoje e (3) uma suposta violação do princípio regulador do culto. Apesar de haverem pontos válidos, no VE não cremos que haja qualquer impedimento bíblico para os cristãos comemorarem o nascimento de Cristo – atenção, comemorar o nascimento de Cristo – em uma data qualquer (ou no dia 25 de Dezembro). Iremos abaixo apresentar resumidamente alguns argumentos e referências sobre o assunto.
Em 2010 postamos um texto de John Piper onde ele trata sobre a relevância da origem pagã do Natal. John MacArthur respondendo a pergunta “os cristãos devem celebrar o natal?” argumenta:
As Escrituras não ordenam especificamente que os crentes celebrem o Natal — não há “Dias Sagrados” prescritos que a igreja deva celebrar. De fato, o Natal não era observado como uma festividade até muito após o período bíblico. Não foi antes de meados do século V que o Natal recebeu algum reconhecimento oficial.
Nós cremos que o celebrar o Natal não é uma questão de certo ou errado, visto que Romanos 14:5-6 nos fornece a liberdade para decidir se observaremos ou não dias especiais:
Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente convicto em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. E quem come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus (Romanos 14: 5-6).
De acordo com esses versos, um cristão pode, legitimamente, separar qualquer dia — incluindo o Natal — como um dia para o Senhor. Cremos que o Natal proporciona aos crentes uma grande oportunidade para exaltar Jesus Cristo.
Mark Driscoll diz que quando se trata de questões culturais os cristãos têm três opções: Rejeitar, Receber ou Redimir.
Receber – Há coisas na cultura que fazem parte da graça comum de Deus a todas as pessoas, as quais um cristão pode simplesmente receber. É por isso que, por exemplo, estou digitando em um Mac e vou postar neste blog na internet sem ter que procurar um computador ou um formato de comunicação expressamente cristãos.
Rejeitar – Há coisas na cultura que são pecaminosas e não benéficas. Um exemplo é a pornografia, que não tem valor redentor e deve ser rejeitada por um cristão.
Resgatar – Há coisas na cultura que não são ruins em si mesmas, mas podem ser usadas de uma forma pecaminosa e, portanto, precisam ser resgatadas pelo povo de Deus. Um exemplo que teve grande repercussão na mídia é o prazer sexual. Deus fez nossos corpos para, entre outros fins, o prazer sexual. E, embora muitos tenham pecado sexualmente, como cristãos, devemos resgatar este grande dom e todas as suas alegrias, no contexto do casamento. [1]
Dentro dessa perspectiva, há aqueles que rejeitam o Natal (e não há problema nenhum, desde que se atentem as repreensões de Paulo em Romanos 14). Cremos, contudo, que temos a oportunidade de resgatar esta festividade, usando-a para os seguintes fins:
Primeiro, a temporada de Natal nos lembra das grandes verdades da Encarnação. Recordar as verdades importantes sobre Cristo e o evangelho é um tema prevalecente no Novo Testamento (1 Coríntios 11:25; 2 Pedro 1:12-15; 2 Tessalonicenses 2:5). A verdade necessita de repetição, pois nós facilmente a esquecemos. Assim, devemos celebrar o Natal para recordar o nascimento de Cristo e nos maravilhar ante o mistério da Encarnação.
O Natal também pode ser um tempo para adoração reverente. Os pastores glorificaram e louvaram a Deus pelo nascimento de Jesus, o Messias. Eles se regozijaram quando os anjos proclamaram que em Belém havia nascido um Salvador, Cristo o Senhor (Lucas 2:11). O bebê deitado na manjedoura naquele dia é nosso Senhor, o “Senhor dos senhores e Rei dos reis” (Mateus 1:21; Apocalipse 17:14).
Finalmente, as pessoas tendem a serem mais abertas ao evangelho durante as festividades de Natal. Devemos aproveitar desta abertura para testemunhar a eles da graça salvadora de Deus, através de Jesus Cristo. O Natal é principalmente sobre o Messias prometido, que veio para salvar Seu povo dos seus pecados (Mateus 1:21). A festividade nos fornece uma maravilhosa oportunidade para compartilhar esta verdade.
Embora nossa sociedade tenha deturpado a mensagem do Natal através do consumismo, dos mitos e das tradições vazias, não devemos deixar que estas coisas nos atrapalhem de apreciar o real significado do Natal. Aproveitemo-nos desta oportunidade para lembrar dEle, adorá-Lo e fielmente testemunhar dEle. [2]
FONTE:
www.voltemosaoevangelho.com

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Ministério de Adoração da IIGD - Senhor, cuida de mim



01. Guerreiro Vencedor
02. Cuida de Mim
03. Me Realizo
04. Mensageiro
05. Necessito de Ti, Senhor
06. Vamos cantar de alegria
07. Sedento de Ti
08. Apaixonado
09. Não há Deus igual a Ti
10. Tua beleza é Incomparável
11. Intimidade
12. Grande Adoração
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sábado, 29 de outubro de 2011

PAULO CESAR BARUK - AS 15 MAIS (2011)


01.. Quando Entro em tua presença

02.. Confiar em ti

03.. Quanto amor

04.. Te amo tanto

05.. Prostado (Luciano Claw)

06.. Reina em mim

07.. Viver em Comunhão

08.. Dependo de ti

09.. Mais que uma voz

10.. Jardim da inocência

11.. O meu querer

12.. Filho de Deus

13.. Eu corro pra tu

14.. Rei das nações

15.. Galhos secos (Leandro Domingues)

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NAMORO PRECOCE - POR YAGO MARTINS


Quando eu aconselho jovens que já namoram ou que querem começar a namorar, eu costumo falar sobre cinco motivos para evitarmos entrar muito cedo em um relacionamento deste tipo – todos retirados de minha experiência pessoal.

1. O motivo emocional;

Se você for muito novo, você ainda não estará emocionalmente bem formado para namorar. Ok, eu sei que não estaremos até os 30, ou 40, ou… estaremos um dia? Acho que não. Mesmo assim, você é o menos estável de todos. Ou você acredita que já é maduro o suficiente para amar uma mulher como Cristo ama a Igreja ou servir a um homem como uma Igreja sever a Cristo (Ef 5:22,25)? É irresponsável dedicar-se e se prender emocionalmente de um modo tão forte a alguém estando com seus sentimentos ainda em formação. Você vai acabar sofrendo ou fazendo outra pessoa sofrer – e sofrer assim nesta idade não é muito bom para a formação das emoções. Lembre-se, leitor, do fato de que muitos casam cedo demais por vários motivos (por terem tido concebido uma criança, por rebeldia contra os pais, pressão familiar ou desejo de sair de casa) e depois não possuem a maturidade emocional para levar até o fim esse desafio, o que resulta nessa massiva onda de divórcios que temos neste país. Por que não esperar você estar mais bem formado interiormente para seguir algo tão sério como um namoro?

2. O motivo psicológico;

Com muito tempo de namoro, você vai passar por lutas e dores psicológicas que podem ir além de sua capacidade de suportar. Esse ponto se manifesta de maneira diferente com os homens e com as mulheres. Homem, você vai, por exemplo, ficar deprimido por estar namorando há cinco anos e ainda não poder dar para sua namorada o casamento que ela tanto sonha. Alguns homens que conheço (assim como eu) sofreram isso e, vá por mim, às vezes é excruciante. Mulheres, vocês passarão horas olhando vestidos de noivas na internet e chorando com o casamento de suas amigas. Por quê? Por que já está namorando faz oito anos, está louca para casar com a pessoa que você ama, mas não pode, pois são muito novos e não têm recursos para tal. Claro, não são esses as únicas crises psicológicas que afligirão vocês, mas são exemplos comuns. Esteja atento, também, que quando uma pessoa namora, todo seu corpo e sua alma começam a configurar-se para o matrimônio, para a sexualidade e para a interdependência. Manter essa tensão emocional e física por muito tempo faz desfalecer a alma, como diz Provérbios 13: “A esperança adiada desfalece o coração…” (v. 12). Não quer passar por isso? Simples, espere o tempo certo para namorar e evite ter crises constantes que, se não for a graça de Deus, poderão te deixar arrasado(a).

3. O motivo acadêmico/profissional;

Seria bom pararmos de negligenciar o provérbio que diz: “Termine primeiro o seu trabalho a céu aberto; deixe pronta a sua lavoura. Depois constitua família” (Pv 24:27). A Bíblia deixa claro que devemos primeiro cuidar de nosso trabalho, devemos deixar pronta a nossa lavoura, antes de constituirmos uma família. Se negligenciarmos esse dito bíblico… sabe aquele seu mestrado de dois anos na França ou seu Doutorado de quatro anos no Japão? Esqueça. Você não vai conseguir passar tanto tempo longe da pessoa que você tanto ama – mas você é apaixonado por sua profissão e deseja, muito, se especializar! O que fazer? A menos que você faça isso depois de algum tempo de casado e/ou sendo bem remunerado para estudar, você ou termina seu namoro ou desiste dos estudos. Ou, em último caso, namora a distancia por uma infinidade de tempo, sofrendo e fazendo a outra pessoa sofrer. Ou então, você deixa para namorar depois de passar por essas fases, evitando sofrimento desnecessário e se qualificando de acordo com seus planos.

4. O motivo ministerial;

Com raríssimas exceções, você ainda não sabe se será chamado para o ministério ou não. Então, considere que em poucos anos você é capacitado por Deus para ser um pregador razoável e sente ardendo dentro de você um repúdio por estudar qualquer outra coisa e uma chama por se dedicar à teologia, ao ensino e ao cuidado. Você quer largar o estágio, largar a universidade e ir fazer um seminário. Acredito que essa seria uma linda história de dedicação ao evangelho. Pena que você tem uma namorada que ama muito e luta para casar com ela. Você ficará, como dizem, entre a cruz e a espada. No fim das contas, ou você deixa para traz sua namorada para perseguir o ministério ou você adia seus estudos e suas preparações. Como Paulo ensina, os solteiros podem dedicar-se mais intensamente à obra do Senhor (cf. I Co 7:32). Saiba, este mesmo texto de Coríntios deixa claro que o casado deve buscar agradar o cônjuge. É antibíblico negligenciar a família para fazer missões ou algo parecido. Receba sua juventude como um momento propício para dedicar-se ao Senhor de um modo que você não poderá namorando ou casado – se não: passar dois anos na África pregando o evangelho? É bom desistir… ou então, você deixa para namorar depois que tiver alguma luz sobre o caminho que deve traçar.

5. O motivo sexual.

Embora eu sempre o apresente por último, é provável que ele seja o mais forte. Namorar cedo é pecado? Não. Mas te levará ao pecado tão certamente que deveria ser considerado quase que como tal. Eu aconselho vários casais e já conversei sobre isso com incontáveis grupos e apenas um casal de todos eles nunca pecou um com o outro em nenhum nível antes de um ano de namoro (e, segundo amigos que também aconselham casais, sou abençoado por achar pelo menos um). Entenda, pecar sexualmente com sua(eu) namorada(o) é um dos pecados mais horríveis e devastadores de todos. A maioria dos homens que duvidam de sua salvação aponta pecados sexuais com a namorada como principal fator disto. Além do mais, se devemos amar nossas esposas (consequentemente, nossas namoradas) como Cristo amou a Igreja (Ef 5:25), devemos seguir o exemplo de Cristo, que morreu para que sua noiva seja “sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef 5:27). Morra para que sua namorada seja livre de todo pecado sexual: deixe para namorar apenas quando você estiver, em algum nível, próximo de ter condições para levá-la ao altar, em matrimônio.
Claro, dependendo do caso e do casal, um motivo pesará mais que outro; mas, ainda assim, todos esses pontos acabarão ferroando-os de algum modo. Por isso, acredito que namorar cedo não é uma boa ideia. Embora eu ame minha futura esposa, eu sei que fui um garoto imaturo em namorar ela ainda com meus 15 anos. Louvo a Deus por me ajudar em meu erro e nos ajudar, dia após dia, a crescer em santidade.
Um ponto a mais precisa ser considerado: o que define um namoro como precoce? Qual seria a idade ideal para isto? 18, 20, 25 anos? A Bíblia não diz nada sobre isso, logo, não há uma regra. Porém, aqui vão alguns pontos úteis para saber se você é muito jovem ou não para namorar:
1. Vai demorar a poder casar?
Se sim, provavelmente você é muito novo. Lembre, porém, que isso é relativo. Algumas pessoas, como certos estudantes de medicina, por exemplo, só poderão casar perto dos trinta anos; enquanto outros, como alguns militares, podem tranquilamente casar aos 20 (casos reais). Ore, estude seus planos e veja se você poderá casar em pouco tempo (alguns anos, preferencialmente).
2. Ainda precisa crescer muito em maturidade?
Falo sobre maturidade na fé e como pessoa mesmo. Pergunte a amigos cristãos maduros sobre seu próprio caráter e testemunho. Aceite as orientações deles e cresça em Deus. Se você não cuida de si, como pensa que cuidará de outro?
3. Muita incerteza quanto ao futuro?
Você não faz a menor ideia de como será a sua vida no futuro? Não sabe se quer ser astronauta ou enfermeiro? Se quer morar no Brasil ou no Iraque? Se quer morrer pregando para os canibais ou se quer ser tesoureiro da igreja? Então pare, ore, espere em Deus e, depois de ter alguma luz divina sobre temas como esses, pense em namorar.
Quando eu comecei a namorar, eu não passava em nenhum dos pontos deste teste. Sofri muito com os cinco pontos que apresentei a pouco e até hoje luto de várias formas contra eles. Luto contra todos os tipos de pecados sexuais, luto contra problemas emocionais e psicológicos, luto contra algumas questões ministeriais, acadêmicas e profissionais. Eu sei como isso é complicado e vários amigos chegados dizem amém para essas poucas considerações sobre namoro, já que passaram por fatos idênticos. Espero que você não precise passar por tudo isso, e se passar (ou estiver passando), que Deus te dê toda a força para manter-se firme nEle e viver seu namoro na graça do Pai.
Uma consideração final: se você é muito jovem e já namora, não acho que terminar seu namoro por causa destes pontos seja uma boa ideia. Como eu disse, namorar cedo não é pecado em si mesmo, embora seja problemático e possa levá-lo a pecar. Então, entregue seu relacionamento a Deus e lute para vivê-lo de acordo com as Escrituras. Sofra o que precisar sofrer, perca o que precisar perder, lute o que precisar lutar. Ame a pessoa que você ama e perca tudo por ela – quer seja estudo, dinheiro, ministério ou qualquer coisa. Porém, fique ciente do que virá pela frente e aguente tudo na força de Deus. Se você tem pecado contra Deus em seu namoro ou tem sofrido alguns dos problemas que citei aqui, olhe para a cruz dAquele que levou todo o seu pecado e confie na Graça de Deus para te purificar e te manter santo*. Se você não namora ainda, ore a Deus, medite nestes pontos e, vai por mim, espere o momento mais propício para namorar. Como Disse Cristo, “… qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar?” (Lc 14:28). Medite bem se esse é o momento certo para um namoro. Há tempo para tudo debaixo do sol, tudo tem um tempo determinado (cf. Ec 3) – Deus enviará seu parceiro(a) no tempo dEle (cf. Pv 19:14).
____
* Se você namora precocemente, sugiro a leitura deste outro texto: “Carta a um Jovem com Problemas Sexuais”.
Por Yago Martins © Voltemos ao Evangelho.
Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor, seu ministério e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.

FONTE: http://voltemosaoevangelho.com


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Por que Deus quer que cantemos? Bob Kauflin



www.voltemosaoevangelho.com

Glorificar a Deus para sempre - Thomas Watson


                                                                                       www.audivel.com

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

FERNANDO BARROS - AVIVA-ME (2011)


01 Aviva-me.mp3
02 Com minha fé.mp3
03 Eu creio em tuas promessas.mp3
04 Pão da vida.mp3
05 Tal ciencia.mp3
06 Mais que vencedor.mp3
07 O mundo eu não quero mais.mp3
08 Sacrificio vivo.mp3
09 Aviva-me (playback).mp3

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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

SACRIFÍCIO CRISTÃO RADICAL - John Piper



http://voltemosaoevangelho.com

terça-feira, 26 de julho de 2011

FERNANDINHO - SOU FELIZ (2011)



01. Sou Feliz
02. Chuvas de Bençãos
03. Rude Cruz
04. Grandioso És Tú
05. Tocou-me
06. Alvos Mais Que a Neve
07. Avivamento
08. Tudo Entregarei
09. Tú és Fiel
10. Céu, Lindo Céu
11. Firme Nas Promessas
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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Ministério Sarando a Terra Ferida - (2011)


01. Melodia Celestial
02. Espírito Santo
03. Misericórdia
04. Leva-Me a Damasco
05. No Teu Altar
06. O Que o Olho Não Viu
07. Sai em Nome de Jesus
08. Esperar no Senhor
09. Elevado Seja
10. Me Dou ao Teu Amor
11. Vou me Banquetear
12. Shekinah

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terça-feira, 5 de julho de 2011

A Loucura da Cruz, os Direitos Humanos e a Liberdade de Expressão


1 - A Sedução do relativismo:

Vivemos em tempos em que as pessoas não gostam de ser importunadas ou confrontadas com certas questões. Alguns temas que tocam nossa vida diária, não podem mais ser abordados sem que se corra o risco de ofender uma consciência aqui e ali; afinal, alguns argumentam, esses assuntos incômodos encontram-se em um campo de conceitos subjetivos, submetidos ao crivo do particular. Ou seja, o que é para mim poderá não sê-lo para você. Aliás, essa é a principal característica de nossos tempos: relativismo. Tudo é relativo.

Nas últimas décadas, essa mentalidade tem alcançado a igreja. Hoje em dia, um outro evangelho tem sido anunciado. Um evangelho “light”, que não custa nada. Um evangelho tolerante, amigável, inclusivo e fácil. Assim, os púlpitos estão sendo esvaziados e não sobra espaço para se abordar temas considerados controversos e ultrapassados. O evangelho de hoje removeu o escândalo da cruz; não tem justiça, arrependimento, sacrifício, entrega, auto-negação, as virtudes da lei, graça... O resultado dessa tendência é o sério comprometimento doutrinário. Várias doutrinas fundamentais, como as que mencionei, passam a ser questionadas ou reconstruídas com base em filosofias e pressupostos estranhos às Escrituras e à ortodoxia cristã.

Por outro lado, a agenda evangélica tem sido cada vez mais ocupada por assuntos do momento – via de regra, de cunho ecológico, social, filosófico, enfim. Os proponentes desta nova agenda evangélica, articulistas, escritores, apóstolos e pastores, televangelistas, ao abandonarem a Escritura para lidar com as questões da vida e do momento, precisam cooptar com ideologias estranhas ao cristianismo, via de regra com viés político esquerdista e com as novas hermenêuticas que as filosofias pós-modernas têm proposto, oferecendo suas fórmulas como panacéia dos males mais profundos de que padece a humanidade – ignorando que a Queda e seus efeitos é que de fato causam a mais abissal miséria do homem e que a única restauração se dá pelo genuíno evangelho do Senhor Jesus Cristo.

Mas, uma das características mais marcantes dos proponentes desta nova agenda entre o povo evangélico, é a força de sua propaganda e a virulência de sua beligerância – intolerantes em nome da tolerância, não aceitam o contraditório e rejeitam o debate na arena bíblica. A defesa da fé é reputada como conduta reacionária e fundamentalista, ao arrepio das Escrituras e de cartas bíblicas como a de Judas.

O politicamente correto em que vivemos, parece ser incompatível com a velha idéia de buscar a orientação da Escritura para “ver se as coisas são mesmo assim”.

Isso tudo se constitui num grande desafio para o cristão sincero hoje. Precisamos reaprender a pensar biblicamente e a submeter as questões mais complexas da vida ao crivo das Escrituras – no melhor espírito da nobreza bereana.

2 - A loucura da mensagem cristã:

Mas nos enganamos se achamos que esse é um problema atual. Quando pensamos no evangelho da cruz, somos logo lembrados da controvérsia que envolveu a pregação do apóstolo Paulo em Corinto.

Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus. Pois está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos instruídos. Onde está o sábio? Onde, o escriba? Onde, o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação.

Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.

Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.

Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.

(1 Coríntios 1.18-31)


Paulo está falando aqui não do ato de pregar, mas do conteúdo da pregação. O verso 18 fala da “palavra da cruz” como sendo loucura.

O conteúdo do evangelho era escandaloso então e ainda o é hoje.

A “palavra da cruz” era escandalosa aos judeus e gentios porque naquela sociedade não fazia sentido a morte estúpida e violenta de um herói. A imagem de Cristo crucificado – a pregação de Paulo – era incompatível com a idéia judaica de um Messias que estabeleceria um reino político, visível, poderoso e glorioso. Mas a idéia de um Messias na cruz era quase blasfema para um judeu.

Para o gentio era loucura um herói morto como um bandido na cruz. Para o gentio, a mensagem da cruz era algo tolo, um contra-senso.

D. A. Carson, ao analisar essa passagem, demonstra que o ponto do apóstolo Paulo é que nenhuma filosofia ou cosmovisão – seja da antiguidade ou de nossos dias – terá algum valor se seu cerne não for a cruz de Cristo – escândalo para os judeus, loucura para os gentios. Mas, nem toda sabedoria humana era insuficiente para salvar o homem do pecado – assim como hoje nada, absolutamente nada, a não ser a mensagem de Cristo – e este crucificado – pode alcançar o coração do homem. Sem a cruz, haverá ou idolatria, ou legalismo. É a loucura da pregação da mensagem da cruz que tem o poder de redimir.

E Paulo é muito assertivo ao definir a mensagem da Cruz como o poder de Deus [dinamis]. A mesma palavra que ele usa em Romanos 1.16. Poder aqui tem um sentido muito intenso – é o mesmo tipo de poder que Deus usou para criar o universo [Hb. 1-3]. A idéia aqui é demonstrar a nossa incapacidade de nos salvarmos e a necessidade da ação do próprio Deus em nossa redenção.

O verdadeiro evangelho implica a necessidade da regeneração, do novo nascimento – como Jesus ensina em João 3. Envolve o arrependimento, a auto-negação, o abandono deliberado e resoluto de nossos vícios e pecados, a fé e a obediência, a novidade de vida – luta diária contra a carne, o mundo e o diabo – o despir-se do velho homem e o revestir-se do novo homem, a adoração verdadeira, o fim da idolatria – da auto-idolatria, movido pelo orgulho e pelo ego inflamado e ensimesmado, a santidade – separação dos valores deste mundo, da mentalidade do mundo, e o dirigir de nossos afetos, de nossa mente e coração para Deus.

E não tem outro jeito. O Espírito só opera pela loucura da pregação (Rm. 10.17). Se você não experimentou essas coisas, não há boas novas para você. As boas novas só são boas quando nos levam à cruz de Cristo, que é onde encontramos o perdão de nossos pecados, somos redimidos, resgatados, propiciados, declarados justos, adotados e santificados.

Quero propor então, para todos nós, o retorno ao evangelho da cruz. Fazer isso, todavia, envolverá lutas e disposição ao sacrifício – dentro da própria igreja, cuja mentalidade está muito afetada pelos valores do presente século e em nossa sociedade, que vive uma fase pós cristã – em que rejeita e opõe-se, deliberadamente, a tudo que a fé cristã ensina e conquistou ao longo dos séculos.

3 - A relação entre a fé individual e o estado:

Neste ponto, desejo propor como podemos expressar nossa fé – nossa pregação que é louca e ofensiva – neste mundo pluralista e relativista em que vivemos.

No Brasil, vivemos em uma sociedade organizada, democrática.

A relação entre a fé e o estado tem sido sempre uma questão conturbada. Difícil.

Expressar nossa fé ofensiva nos dias de hoje, no Brasil, é algo que tem causado incômodo a vários setores da sociedade. Via de regra aqueles de caráter libertário e libertino – que não podem aceitar o elevado padrão moral imposto pela fé cristã. Não raro, temos visto casos de pastores e mesmo crentes serem censurados por sua fé – quando afirma, por exemplo, que a prática e comportamento homossexual é pecado e que deve ser abandonado, ou quando afirmam que o aborto é homicídio, aos olhos de Deus [e mesmo aos olhos de uma sociedade sensata], quando dizem que, segundo as Escrituras, Deus criou homem e mulher essencialmente iguais, em dignidade e valor, mas diferentes quanto aos seus propósitos e função na economia familar. Até mesmo questões envolvendo o comportamento sexual tem sido alvo de perseguições – quando a pornografia, o adultério, a promiscuidade, a indecência, etc são nomeadas como ofensas, pecados grosseiros, e anomalias – atos que comprometem e colocam em xeque a primeira instituição fundada por Deus, a família – há então perseguição, linchamento moral, intimidação e, vejam só, ultimamente até mesmo processos na justiça.

Isso tem acontecido diante de nossos olhos e temos feito pouco para combater esse comportamento vil e ilegal.

O cristão, às vezes, tem a tendência de se deixar martirizar – como se o martírio fosse enaltecer a causa do evangelho. Bem, ainda que sejamos “bem aventurados” quando somos injuriados pelo nome de Cristo [Mt. 5.11,12], somos também “bem aventurados” quando temos “fome e sede de justiça” Precisamos entender a “fome e sede de justiça” como sendo aquela que tem a ver com retidão e equidade, a justiça que veremos no mundo vindouro e idealizamos hoje, no mundo onde peregrinamos. A justiça que o estado tem o dever de promover, para o convívio pacífico da sociedade (Rm. 13).

É bom lembrar que o conceito de justiça enquanto eqüidade nas relações entre os homens – mediada pelo estado – é algo muito presente nas Escrituras, não só nas narrativas, mas como um princípio teológico. Vemos esse conceito em Romanos 13 e também o vemos na conduta de Paulo, quando usa sua cidadania romana como um instrumento de direito e reclama reparação moral e pública pelo julgamento, sentença e pena injustas que recebeu em Filipos [Atos 16.19-40], ainda quando questiona a pena que queriam infligir-lhe [de açoites] sem um julgamento justo em Jerusalém [Atos 22.25-30] e ainda sua defesa diante do governador [e juiz] Felix [Atos 24.10-21] também diante de Festo e Agripa e, mais adiante, usando a estrutura jurídica de sua época e o direito que lhe cabia, apelou ao imperador, a César [Atos 25].

Vemos no exemplo e mesmo nos princípios das Escrituras o dever de andarmos com retidão em nossa sociedade, sendo luz e exemplos de nosso proceder diante do ímpio e usando a espada e o poder do estado para promover a justiça e a eqüidade.

Como cristãos, temos o dever de afirmar a nossa fé com liberdade e a usarmos – como fez o apóstolo Paulo – o direito divino (contemplado e assimilado pelas leis) para defender nossa fé, nossa dignidade, nossa liberdade, nossa consciência e o direito que temos de proclamar e expressar o que cremos.

4 - O direito no Brasil e a expressão de nossa fé:

Assim sendo, em que pese as tensões existentes nesta difícil relação, é bom termos ciência de que legislação brasileira recepciona em sua carta magna, a constituição, e mesmo na legislação infraconstitucional os preceitos fundamentais do direito do homem, do ser humano, presentes na declaração universal dos direitos humanos.

O preâmbulo da declaração dos direitos humanos da ONU, elaborada em sua fundação em 1948, preceitua que:

“Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,

Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os todos gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do ser humano comum,

Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão...”

E, em seus artigos XVIII e XIX, estabelece o seguinte:

Artigo XVIII.

Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, em público ou em particular.

Artigo XIX.

Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

No Brasil, todas as constituições, desde da República de Rui Barbosa, Deodoro da Fonseca e Joaquim Nabuco, em 1891, há a proteção da consciência religiosa. Mesmo a as constituições dos regimes de exceção, em 1937 e em 1964, ainda que as liberdades de imprensa e de expressão tenham sido cerceadas, a liberdade de consciência religiosa foi preservada. A atual constituição, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, fazendo coro com a declaração dos direitos humanos, em sua seção Dos Direitos e Garantias Fundamentais [e é importante termos essas definições em mente] , diz o seguinte no caput de seu artigo 5º:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

A Lei constitucional é a primeira e principal lei da nação. Todas as demais leis estão sob seu espectro e autoridade. A inviolabilidade da consciência implica o direito de expressar com liberdade o que cremos. O inciso VIII estabelece que nossas crenças não podem servir de subterfúgio para que sejamos privados de qualquer direito – principalmente o direito de expressá-la – além ainda do artigo VIII que estabelece a liberdade de expressão.

Na constituição, vemos ainda o seguinte:

No código penal brasileiro, por sua vez, no artigo 140, o tipo penal criminaliza a injúria contra o credo religioso:

Art. 140: Injúria
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem:

E o artigo 208 foi elaborado especificamente para tratar sobre a liberdade de cultuar:

208: Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objetos de culto religioso:
Pena: Detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
Parágrafo único: se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência

Se a lei protege a consciência religiosa, chamando-a de ‘inviolável’ e fundamental, é uma inferência lógica – apoiada pela doutrina jurídica – que a expressão desta fé é igualmente inviolável e fundamental.

A constituição ainda aplica o princípio audiatur et altera pars, que quer dizer “ouça-se também a outra parte”, também conhecido como princípio da ampla da defesa e do contraditório. Isso significa que temos ao nosso dispor todos os meios legais de defesa disponível, no caso de algum desses direitos básicos serem violados – mesmo que pelo próprio estado.

5 - Conclusão:

A fé cristã é ofensiva – sempre foi e sempre será. Sempre haverá uma tensão entre afirmá-la, praticá-la e, ao mesmo tempo, viver no meio de uma sociedade que a rejeita e a odeia.

Temos o dever de dar o testemunho da verdade neste mundo de trevas. Isto envolve dizermos e fazermos aquilo que a Escritura sagrada ensina – no campo ético, moral, relacional – amando ao próximo, respeitando a vida, vivendo com integridade, retidão, honestidade – estabelecendo famílias fortes e igrejas centradas em Deus e na Palavra. Isso será o contraponto da irracionalidade e insensatez que envolvem este mundo tenebroso.

Temos de confrontar esta anarquia de pensamentos e tendências que caracterizam nosso século com o ensino da Palavra e uma conduta que seja condizente com este ensino.

O estado, por sua vez, tem a obrigação e dever de estender a espada da justiça e equidade aos cristãos – e fazemos bem em utilizar essa espada. Não temos de nos refugiar nas cavernas e catacumbas. Temos de afirmar com fé, coragem e ousadia nossa convicção cristã e impor ao estado, pelos meios legítimos, que use a espada não para perseguir cristãos por conta de sua consciência, mas para promover a paz e a equidade. O direito de consciência religiosa é um direito sagrado, dado por Deus. O estado que o rejeita está contrariando sua vocação – e deve ser, nesse caso, confrontado.

Copyright© 2011 Tiago Santos e Editora FIEL.

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Tiago J. Santos Filho é bacharel em direito e mestrando (M.Div) em Teologia Sistemática pelo instituto de pós-graduação Andrew Jumper da universidade Mackenzie. É membro da Igreja Batista da Graça onde auxilia como pregador e professor. É editor-chefe e o atual presidente do conselho da Comunhão Reformada Batista no Brasil. Casado com Elaine e pai de três filhos: Tiago, Gabriel e Rebeca.